Escultor setubalense Pedro Marques distinguido na Bienal de Montreux

O escultor setubalense Pedro Marques ganhou o prémio do público na 6.ª Bienal de Montreux, na Suíça, com uma peça escultórica “Labirinto dos Sentidos”, que representa uma garrafa de Moscatel, uma peça com 4 metros de altura e pesa 80 kg, produzida em ferro, a qual esteve em exposição na edição 2018 da Feira de Sant’Iago.

Pedro Marques recebeu o prémio numa cerimónia que decorreu a 9 de Novembro, em Montreux Art Gallery (MAG), no Centro de Congressos de Montreux, Suíça. No mesmo dia, o escultor setubalense foi, igualmente, felicitado pelo embaixador de Portugal na Suíça, António Ricoca Freire, e pelo presidente do município de Montreux, Laurent Wehrli, numa sessão realizada na Embaixada de Portugal.

O escultor foi um dos 32 artistas da Suíça, França, Bélgica, Israel e Portugal, selecionados para expor uma obra de arte na Bienal de Montreux, que decorreu entre 9 de Agosto e 20 de Outubro nas margens do Lago Léman, na cidade de Montreux e a cerimónia da entrega dos dois prémios, “Prémio do Júri” e “Prémio do Público” realizou-se na MAG.

A garrafa gigante obteve o maior número de votos numa eleição que decorreu online, o que proporcionou a Pedro Marques tornar-se o primeiro português a ser distinguido na Bienal de Montreux.

“O meu maior desafio foi tentar construir uma peça que não fosse muito pesada para que não dificultasse o transporte”, afirma o artista, adiantando que efectuou o transporte por via terrestre, num atrelado da sua própria carrinha.

Tendo como inspiração a Terra, o Mar e as Pessoas, a obra “Labirinto dos Sentidos” representa um labirinto porque, segundo o artista, o mundo do vinho e das vinhas é “um verdadeiro labirinto”. “Quando produzimos vinho, nunca sabemos o resultado final do nosso trabalho e, no fundo, procuramos o brilho, que é o resultado na nossa colheita”, frisa o artista.

A maior parte das obras do escultor são fabricadas com materiais reciclados, em que o artista alia a criatividade ao reaproveitamento de materiais, sendo o ferro o que mais utiliza.

“Vou todos as semanas ao sucateiro, compro e transformo”, salientou o escultor.

“Este prémio representa muitas horas de trabalho”, disse, salientado que grande parte do mérito vai para a comunidade portuguesa que votou na sua obra.

“No fundo quem ganhou foi o voto, e o voto foram todos quantos votaram na minha obra”, declarou.

Marie-Hélène Heusghem, directora da MAG e organizadora da 6.ª Bienal afirmou que Pedro Marques venceu com 40% dos votos e que a obra que trouxe até Monteux estava perfeitamente em acordo com a região, visto que Lavaux é uma região vinhateira considerada património mundial da UNESCO em 2007.

“Pedro Marques apresentou um dossiê muito interessante, com uma temática ligada ao vinho, o que no meu ponto de vista terá certamente jogado a favor dele no voto do público”, declarou.

A obra de Pedro Marques ficará exposta nas margens do lago Léman durante os dois próximos anos, até à próxima edição da Bienal de Montreux, em Agosto de 2021.

Tendo como inspiração a Terra e o Mar, as peças deste escultor português aliam a criatividade ao reaproveitamento de materiais, sendo o ferro aquele que mais utiliza. Paralelamente à sua actividade como escultor, a cerâmica também o atrai, estando neste momento a preparar, para 2020, um projecto cultural de cerâmica portuguesa envolvendo as escolas da sua região, com as quais já tem vindo a colaborar.