Várias dezenas de mulheres, de reconhecido sucesso profissional, partilharam a sua experiência, contribuindo para uma reflexão conjunta sobre as dificuldades e oportunidades inerentes nestas profissões ligadas ao mar, no passado dia 27 de Abril na Casa da Baía, por iniciativa do Clube de Setúbal do Soroptimist Internacional. Participaram Fernanda Encarnação do Instituto Politécnico de Setúbal, Helena Álvaro, presidente da Escola Profissional de Setúbal, Inês Falcão, coordenadora do Núcleo Regional de Lisboa e Vale do Tejo do Centro de Formação Profissional das Pescas e do Mar (FOR-MAR), José Meneses Luís, director do Centro de Emprego e Formação Profissional de Setúbal e Fátima Évora, presidente do Clube de Setúbal do Soroptimist Internacional.
Durante um dia foi possível debater as profissões que antigamente estavam associadas aos homens como estivador, pescadora, comandante da marinham mercante, bióloga marinha, entre outras, mas onde a mulheres começam a entrar.
Fátima Évora disse que “apesar do tema incluir uma alusão a este segmento (profissões do mar no feminino), achamos que o foco deste workshop deve ser feito na diversidade, havendo toda a vantagem de haver equipas mistas”, adiantando que “o nível de dinâmica de sucesso aumenta consideravelmente quando se trata de uma equipa mista”. A responsável lembrou o papel do movimento criado nos anos 20 nos Estados Unidos, surgindo da necessidade de um conjunto de mulheres se associarem para ter uma intervenção mais estruturada na sociedade”, frisando que actualmente tem cerca de 93 mil elementos em 123 países, dividindo-se em clubes.
Fernanda Encarnação afirmou que “a ideia de promover a reflexão conjunta sobre a participação da mulher no mercado de trabalho, parece-me de enorme importância porque efectivamente a questão do género conta, desde logo pelo facto de algumas profissões serem consideradas masculinas bem como pelo facto das mulheres estarem cada vez mais inseridas nos contextos laborais”, adiantando que “o seu papel no seio da família tem vindo a ser alterado, quer na distribuição de tarefas mas também na conciliação da vida familiar com a vida profissional”. A docente lembrou “os preconceitos de atribuir os títulos a determinadas profissões” em “vez se tratar das competências que cada um tem”.
Helena Álvaro considerou “a pertinência do tema que nos remete para uma área que está em cima da mesa pelos melhores e piores motivos, a questão da igualdade em determinados contextos profissionais”.
Inês Falcão lembrou a importância do FOR-MAR que “proporciona a formação de mão-de-obra para o mar”, nas áreas da pesca, tráfego local, comércio e máquinas marítimas”. “Proporcionamos formação que habilita todas as pessoas para o mar, sejam homens ou mulheres, embora ao longo dos anos temos verificado que este sector e estas áreas não são de acesso fácil a mulheres”, disse. A responsável lembra que só apenas 7% são mulheres neste sector. “Não é fácil ser mulher no mar”, afirma Inês Falcão, realçando a pesca local que “aqui as mulheres conseguem ir e vir e ter a sua família, progredindo na carreira, governando embarcações locais e a partir daí começa a ser mais difícil encontrar mulheres, é isso que nos diz a história da formação”.
Já José Luís frisou que “Temos um conjunto de incentivos para promover a igualdade de género” nas empresas. “Neste ramo do mar, temos o programa de artes e ofícios, com apoios quer na criação do próprio negócio quer na participação em feiras e certames”, adiantou.