Restaurante “Novo 10” encerrou em dezembro por dívidas ao dono

O restaurante “Novo 10”, sito na avenida Luísa Todi, uma das maiores referências da restauração da cidade de Setúbal, com mais de 20 trabalhadores, encerrou portas em dezembro de 2022 devido a um conflito entre o proprietário do espaço e os novos responsáveis pela gestão que ainda não cumpriram o contrato estabelecido.


Em causa está uma dívida ao proprietário do espaço, Manuel Teixeira, por uma empresa, na qual está envolvido Ricardo Moutinho, o empresário conhecido pela polémica com Miguel Alves, que deve 700 mil euros a dono de restaurante em Setúbal.


Ricardo Moutinho, é um empresário que ficou conhecido por ter recebido 300 mil euros da Câmara Municipal de Caminha para a construção de um pavilhão que não existe. Mas o município do socialista Miguel Alves não foi o único a envolver-se na teia de empresas de índole duvidosa do empresário portuense que admitiu já ter criado mais de 500 empresas, ao longo da vida. Esta é a história de três sócios, donos de um dos restaurantes mais antigos e conhecidos de Setúbal que têm a vida virada do avesso desde que se cruzaram com Ricardo Moutinho.


Manuel Teixeira, de 62 anos, que está neste negócio há várias décadas, tendo espaços como o restaurante “O Quintal”, disse à CNN Portugal que foi “o pior negócio que fiz na minha vida”, confessando que espera reformar-se e ter uma vida pacata, após a venda do “Novo 10”, um espaço com capacidade para mais de 300 pessoas e com uma faturação de milhares de euros por dia.
Manuel Teixeira explica que no verão de 2019, o empresário nortenho, Ricardo Moutinho, almoçava no “Novo 10”, e num desses dias pediu para falar com a gerência com a intenção de apresentar uma proposta de investimento.


“Apresentou-se como doutor Ricardo Moutinho, achei-o uma pessoa normal, simples e cativante”, disse o proprietário, que diz ter caído num “engodo”, em que Manuel Teixeira assinou um contrato promessa de compra e venda, com a Etapas Avulso, de Ricardo Moutinho e mais dois sócios, em julho de 2019. “Durante cinco anos pagaria uma verba de 25 mil euros por mês, fazendo-se de seguida a escritura”. Logo no primeiro inverno, as rendas começam a chegar cada vez mais tarde, até que deixam de ser pagas.


Manuel Teixeira afirma que no contrato assinado é referido que “à falta de pagamento pontual de algumas das quantias acima indicadas, devem devolver as chaves do estabelecimento”. Isso não aconteceu e após, em dezembro de 2022, Manuel Teixeira decidiu mudar as fechaduras, e quando estava no interior, é surpreendido por Ricardo Moutinho que partiu o vidro do estabelecimento para entrar no restaurante.


“Não posso entrar no restaurante porque a juíza deu ordem para ele entrar novamente e há uma providência cautelar”, adianta Manuel Teixeira.


Recorde-se que segundo divulgou o jornal Expresso, em março de 2019, Ricardo Moutinho, Américo Pinheiro e um terceiro sócio, Jesper Andersen, compraram juntos o “Novo 10”. Cada um ficou com uma quota de 33,3%. Mas as coisas começaram a correr mal. A dada altura, Américo Pinheiro deu-se conta de que não só Moutinho não chegou a investir nenhum dinheiro na Etapas Avulso, Lda., a companhia criada para adquirir o restaurante, como ainda tirou €80 mil da conta da empresa para investir esse dinheiro noutro negócio.