Forte de Albarquel abre portas e vai ser a nova sala de visitas de Setúbal

O Forte de Albarquel, em Setúbal, foi hoje, 10 de Julho, inaugurado após obras de requalificação que permitiram criar uma nova sala de visitas da cidade e centro cultural e educativo, graças ao apoio financeiro da filantropa britânica Helen Hamlyn e a investimento so município sadino.

O antigo imóvel militar, cedido pelo Ministério da Defesa à Câmara Municipal de Setúbal, em janeiro de 2015, por um período de 32 anos, foi alvo de obras de requalificação, num investimento superior a 1,6 milhões de euros, com encargos repartidos entre o The Helen Hamlyn Trust, com uma comparticipação de um milhão de euros, e a autarquia, com 600 mil euros, no âmbito de um memorando de entendimento firmado em 2016.

Para a presidente da Câmara Municipal de Setúbal, Maria das Dores Meira, a recuperação do imóvel, que “foi desprezado, esquecido e abandonado durante décadas”, é um momento histórico para a cidade.v“Foi-lhe, durante muitos e muitos anos, negada uma solução. A solução que, por muita insistência e, acima de tudo, vontade da Câmara Municipal a que presido, foi possível encontrar em 2015. Foi necessária paciência, persistência, resiliência e, reconheça-se, vontade política para resolver este problema”, disse a edil.

As obras de reabilitação, iniciadas em 2018, dotaram o monumento de “novas capacidades e novos atrativos capazes de se transformarem, também, em promotores do desenvolvimento turístico”, sublinhou a autarca.

A antiga fortaleza militar, construída no século XVII, na Praia de Albarquel, é uma nova sala de visitas da cidade e um espaço cultural e educativo, com valências expositivas e condições para acolher diversas manifestações artísticas, num programa com início já este mês.

A componente de índole museológica e expositiva envolve a instalação de um núcleo destinado à fruição cultural e histórica, dirigida aos cidadãos em geral, mas sobretudo aos alunos dos diversos níveis de ensino, que abriu com uma mostra documental e fotográfica sobre a história do imóvel.

Uma segunda valência, para atividades culturais, prevê eventos como pequenos concertos de música de câmara, recitais de poesia, apontamentos teatrais, apresentação de obras literárias, debates, conferências e workshops.

A terceira componente, vocacionada para a receção e acolhimento, visa capitalizar o enquadramento paisagístico do Forte de Albarquel, localizado no Parque Natural da Arrábida, utilizando o edifício para receções a corpos diplomáticos, delegações estrangeiras, investidores e empresas.

Além de um pátio com vista sobre o rio e a serra, no interior, no piso térreo, há um salão amplo que resulta da demolição de alguns compartimentos e foi criada uma cozinha de apoio ao serviço de catering para as receções.

O primeiro piso é destinado ao apoio administrativo e a antiga garagem dos veículos militares foi reconvertida para sala de reuniões, além de que foram acrescentados dois compartimentos de apoio para instalação sanitária e arrumos.

A reabilitação do Forte de Albarquel contemplou, igualmente, a instalação de iluminação cénica que realça os contornos da antiga fortaleza militar.

Todos os trabalhos realizados, incluindo a instalação de portas e janelas e a aquisição de mobiliário, tiveram em conta o respeito pelo estilo e a época do edifício.

Todas as orientações nas quais se basearam o projeto de requalificação do Forte de Albarquel, com exceção da construção do parque de estacionamento que ficou a cargo da autarquia, foram feitas por Lady Helen Hamlyn, filantropa britânica que, através do The Helen Hamlyn Trust, canalizou cerca de um milhão de euros para este investimento.

“Sem o seu apoio teria sido muito difícil chegarmos aqui e, por isso, hoje é toda a cidade que lhe está grata e lhe presta sentida e justa homenagem. O apoio que nos deu foi para lá do mero apoio financeiro. Agradecemos o apoio técnico, mas também o suporte moral e intelectual que sempre nos deu com enorme prazer e generosidade”, sublinhou Maria das Dores Meira.

Helen Hamlyn confessou sentir-se “muito feliz” pela “abertura deste histórico forte num local verdadeiramente deslumbrante”.

A filantropa britânica salientou a “admirável tenacidade” da presidente da Câmara Municipal de Setúbal na tarefa de convencer o Ministério da Defesa a ceder o imóvel à autarquia, o que viria a acontecer em 2015.

“Estou muito contente por ter ajudado a restaurar este forte para Setúbal, cidade que conheci há 12 anos, por intermédio do meu amigo Hugo O’Neill, e pela qual me apaixonei. Congratulo-me pela utilização para fins culturais e educativos e aguardo com muita expectativa o início de um programa de atividades que sei que é muito bom para que todos possam usufruir deste espaço.”