O Presidente da República de Cabo Verde, José Maria Neves, visitou Sines e a sua comunidade cabo-verdiana no dia 26 de abril, no âmbito da sua deslocação a Portugal para as comemorações dos 50 anos do 25 de Abril.
José Maria Neves, que já tinha visitado Sines em 2015, na qualidade de primeiro-ministro, para a inauguração da sede da Associação Cabo-verdiana de Sines e Santiago do Cacém, foi recebido pelo presidente da Câmara Municipal de Sines, Nuno Mascarenhas, nos Paços do Concelho.
José Maria Neves confessou a sua” emoção pelo regresso a Sines” e salientou “o muito que une esta terra a Cabo Verde, a começar pela importância do mar, mas também Vasco da Gama, que passou pelo arquipélago na sua viagem de descoberta do Caminho Marítimo para a Índia”.
O chefe de Estado classificou o 25 de Abril como “um momento que une Cabo Verde a Portugal, uma conquista comum e ponto de convergência entre a luta dos antifascistas portugueses e os movimentos de libertação das colónias portuguesas”, acrescentando que “os 50 anos de Abril são uma demonstração de que é possível todos esses países trabalharem em conjunto”.
José Maria Neves agradeceu o acolhimento dado aos cabo-verdianos que vivem em Sines, mostrando-se “satisfeito pela sua boa integração e pelo seu contributo para o desenvolvimento do município”.
Nuno Mascarenhas salientou a importância desta visita pelo significado que tem do ponto de vista institucional e de proximidade com uma comunidade que representa 10 por cento da população de Sines.
O edil alentejano lembrou o papel do 25 de Abril de 1975 na independência de Cabo Verde e a história já antiga da presença cabo-verdiana em Sines, primeiro para trabalhar na pesca, depois na construção civil, tendo a construção do porto e das unidades industriais sido muito relevantes na atração de trabalhadores.
O presidente do município assinalou os progressos feitos pela comunidade cabo-verdiana, de que o bairro Amílcar Cabral é um exemplo, e destacou a excelente integração social e económica dos cabo-verdianos e descendentes de cabo-verdianos, muitos deles como uma trajetória de destaque na política, no desporto, no associativismo, contribuindo para o desenvolvimento de Sines e para a sua diversidade.
Nuno Mascarenhas convidou ainda o Presidente da República de Cabo Verde e a sua comitiva a visitar Sines durante o Festival Músicas do Mundo de Sines, onde nesta edição estão programadas atuações de quatro grupos e artistas de Cabo Verde.
Além da receção nos Paços do Concelho, o Presidente da República de Cabo Verde teve ainda a oportunidade de visitar o Castelo, a estátua de Vasco da Gama e, durante a tarde, o bairro Amílcar Cabral e a sede da Associação Cabo-verdiana de Sines e Santiago do Cacém (ACSSC).
A presidente da ACSSC, Gracinda da Luz, disse que a associação, nos seus 41 anos de vida, “tem crescido imenso”, com várias gerações a trabalharem em prol das comunidades.
“Começamos com uma nacionalidade [cabo-verdiana] e hoje temos 51 nacionalidades que contam connosco. Estamos muito à frente do nosso tempo, porque aqui é uma casa para toda a gente e que pode vir para ter apoio social, apoio na sua valorização, na promoção da sua cultura e a parte social”, afirmou a responsável, explicando que a associação disponibiliza um conjunto de serviços num único espaço às comunidades imigrantes.
“Os desafios são muitos, porque o fluxo migratório atualmente é grande e como trabalhamos com diferentes nacionalidades sentimos isso. Neste momento sentimos que a liberdade está sendo posta em causa em relação aos nossos imigrantes, porque muita gente considera importante termos os imigrantes, mas temos uma grande massa que considera já não ser tão importante. Por isso, temos que trabalhar aqui a nossa integração e o próprio acolhimento para espelharmos o nosso trabalho”, sublinhou Gracinda da Luz.
Em relação à visita do Presidente da República à associação, Gracinda da Luz entende que é “um reconhecimento real” do trabalho que tem feito, mostrando que fazem parte de Cabo Verde.
