O bem amado

Marcelo Rebelo de Sousa já leva seis meses de mandato como Presidente da República. Pelo ritmo frenético que desempenha o cargo, com visitas diárias a locais e instituições, declarações sobre qualquer assunto, selfies, beijos e abraços, mais parece que vai no final do mandato.

O chefe de Estado esteve na passada segunda-feira, dia 5 de Setembro, durante duas horas, a visitar o Centro Social de Nossa Senhora da Paz, no Bairro da Bela Vista, a convite da Cáritas Diocesana, nomeadamente do seu presidente, Eugénio Fonseca, que é também presidente da Cáritas de Portugal.

A forma como foi recebido pela população e funcionários é idêntico a uma estrela pop ou um cantor ou actor famoso. As pessoas, diga-se de maneira bastante educada, querem falar com o Presidente da República, ler-lhe um poema, dar um abraço, entregar uma prenda, e sobretudo tirar uma fotografia, a famosa selfie. O curioso, é que já é o próprio, quando não pedem, a solicitar uma fotografia, ora com um grupo de jovens, ora com idosos.

Marcelo Rebelo de Sousa nasceu para isso. No Centro Social de Nossa Senhora da Paz quis conhecer todos os cantos da casa, falou com todos, sentou-se ao lado dos idosos para conversar, abraçou os jovens, agarrou bebés ao colo. Sim, fez isto tudo, em duas horas, sem deixar ninguém defraudado.

Confesso que em tantos anos de profissão nunca vi algo igual. Até os seguranças do Presidente colaboraram e facilitam o trabalho dos que pretendem registar o momento em fotografia com Marcelo Rebelo de Sousa.

Tudo parece simples. Dá a sensação que é uma pessoa que pode sentar-se ao nosso lado a ver TV, um jogos de futebol, ou um filme no cinema, reagindo, conversando e sempre com um sorriso.

Este apressar do passo de Marcelo Rebelo de Sousa não é mera ilusão, acontece mesmo. Vejamos, em 100 dias, teve mais de 250 iniciativas de agenda – entre visitas, encontros e audiências – e só em 19 esteve em silêncio. Os portugueses ouviram-no quase diariamente, e em regra várias vezes ao dia, numa média de iniciativas diárias superior a 2,5.

Para além de estar presente por via de uma permanente exposição mediática, o Presidente da República procurou o contacto direto com os portugueses, demorando-se nas visitas a cumprimentar, a tirar fotos e a conversar com o maior número de pessoas. Durante uma deslocação de três dias ao Alentejo, que designou precisamente de “Portugal Próximo”, Marcelo Rebelo de Sousa justificou-se: “Quando de vez em quando me perguntam – e a comunicação social gosta muito de perguntar – se não há o risco de aparecer muitas vezes, eu pergunto: como é que é possível estar próximo estando distante? Ou se está próximo ou não se está próximo”.

O chefe de Estado admitiu que porventura não conseguirá “chegar a todas as freguesias e sequer a todos os municípios”, mas prometeu “tentar estar o mais próximo possível”.

Nas suas deslocações pelo país, Marcelo Rebelo de Sousa esteve cinco vezes no Porto – cidade à qual estendeu as suas cerimónias de posse, num programa original – e três vezes em Coimbra. Passou também pela Batalha, no distrito de Leiria, por Santarém e por Castelo Branco. O chefe de Estado esteve ainda no Fundão, no distrito de Castelo Branco, em Ílhavo, no distrito de Aveiro, Grândola, no distrito de Setúbal, Odivelas, Vila Franca de Xira, Oeiras, Cascais e Sintra, no distrito de Lisboa, e mais recentemente na Madeira.

Quanto a deslocações ao estrangeiro, Marcelo Rebelo de Sousa já fez sete. Começou pelo Vaticano e por Madrid, Espanha, no mesmo dia, 17 de Março. Depois esteve no Parlamento Europeu, em Estrasburgo, França, entre 12 a 13 de Abril, e fez a primeira visita de Estado, entre 3 e 6 de Maio, a Moçambique, para onde partiu após ter estado em Roma, para uma visita oficial a Itália, entre 31 de Abril e 1 de Maio. Seguiram-se visitas a Berlim, Alemanha, de 29 a 30 de Maio, e a Paris, acompanhado pelo primeiro-ministro, António Costa, de 10 a 12 de Junho, para comemorar, de forma inédita, o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas junto dos portugueses residentes na capital francesa. Recentemente esteve na abertura dos Jogos Olímpicos, no Brasil. Em preparação, estão visitas a Cuba e ao México, em Outubro, por altura da Cimeira Ibero-Americana, na Colômbia.

Marcelo Rebelo de Sousa, como Presidente da República, inovou no estilo e desdramatizou o clima político, mas deixou advertências sobre a evolução económica e até sobre possíveis efeitos das eleições autárquicas.