Rotary Club de Palmela promove palestra: Eugénio da Fonseca alerta para drama de desempregados de longa duração

No jantar-palestra do Rotary Club de Palmela, com fins solidários a favor do Centro Social de Palmela, o convidado foi Eugénio Fonseca, presidente da Cáritas Portuguesa que denunciou o problema que o país atravessa com 300 a 400 mil desempregados de longa duração.

Florindo Cardoso

 

O presidente da Cáritas Portuguesa, Eugénio da Fonseca, alertou para o “problema muito sério” dos 300 a 400 mil desempregados existentes no país que correm o risco de ficar sem qualquer apoio social nos próximos tempos. A denúncia foi feita no decorrer do jantar-palestra subordinado ao tema “A instituição enquanto centro de recursos no âmbito da economia social”, realizado no passado dia 6 de Abril, no restaurante “Dona Isilda”, na Quinta do Anjo, promovido pelo Rotary Club de Palmela, que contou com a presença de meia centena de rotários e convidados.

“O desemprego de longa duração é uma bomba atómica porque não estamos a falar de desempregados de longa duração como os da crise da década de 80 em Setúbal, na sua maioria com quarta classe e 50 anos, que ainda puderam ser reconvertíveis por força das indústrias que se implementaram que não exigiam tanta mão-de-obra tecnológica”, denuncia o responsável.

“Façam as contas, no último trimestre de 2016 o desemprego de longa duração aumentou 38 por cento”, disse Eugénio da Fonseca, frisando que actualmente estas pessoas “têm 35 anos, alguns licenciados ou grande parte com a escolaridade obrigatória até ao 12.º ano, com pouco tempo na vida laboral, em que empresa fechou, receberam subsídios curtos, recorrendo ao dinheiro dos pais, que ficaram sem os seus pés-de-meia para os ajudarem e alguns que foram fiadores vêem os bancos, que não perdoam, penhorar as suas reformas”. “Temos gente idosa a viver na pobreza porque quiseram ser solidários com a tragédia de vida dos filhos”, disse.

Jaime Filipe Puna, presidente do Rotary Club de Palmela, afirmou que “os clubes rotários têm subjacente o princípio da solidariedade, fraternidade e companheirismo, e a nossa actuação tem como consequência apoiar as instituições que mais necessitam em prol da economia social”.

“O Centro Social de Palmela tem sido uma instituição muito meritória a nível da sua actuação social no concelho, nomeadamente no apoio às crianças mais necessitadas, aquelas que por agruras da vida estão deslocadas e têm que ser enquadradas e acolhidas”, destacou o responsável, acrescentando que é “por isso que o Rotary Club de Palmela decidiu, em boa, apoiar esta instituição”.

“Vamos ser mais solidários, menos indiferentes e individualistas em prol da comunidade, é isso que está imbuído no espírito do rotário e em todos nós”, adiantou.

Jaime Filipe Puna, agradeceu a presença do convidado por proferir “uma palestra muito interessante”, oferecendo-lhe um livro “End Polio Now”, de uma rotária Demet Duarte, actualmente presidente do Rotary Club de Lisboa-Olivais, sobre a poliomielite infantil, uma das causas deste movimento.

Guilherme Bettencourt, director do Centro Social de Palmela, instituição fundada em Março de 1974, dedicada essencialmente à infância, juventude e famílias, está “neste momento numa encruzilhada”.

“Está num momento refundador, ou renasce ou morre” porque “não há meninos, não há clientes, a escola pública é óptima mas cara e paga com os nossos impostos, as instituições particulares de solidariedade social (IPSS), em particular o Centro Social de Palmela, estão com a sua capacidade quase a 100 por cento daqueles que o Estado não quer ou não é capaz de responder, funcionando das 7 às 19 horas, 365 dias por ano, e a nossa média de mensalidades numa criança de pré-escolar é de 72 euros e em creche 89 euros”, salienta Guilherme Bettencourt.

“É incomportável com a componente que vem do Estado e com as obrigações a que estamos sujeitos, e temos alertado em muitos sítios para discutir este assunto de frente”, frisou o responsável, dando como exemplo o funcionamento de cinco salas do pré-escolar a fechar, com cinco educadores, oito ajudantes de acção educativa e 7 pessoas de apoio, custava a preços de Novembro do ano passado, 730 mil euros.

“O Centro Social de Palmela existe porque há pessoas que precisam daquilo que ainda vamos fazendo”, adiantou.