Nuno Canta, presidente a Câmara Municipal do Montijo: “Estamos a contar concluir a Casa da Música Jorge Peixinho em Setembro ou Outubro de 2021”

O presidente da Câmara Municipal do Montijo, o socialista Nuno Canta, que cumpre o segundo mandato pretende inaugurar em 2021 a Casa da Música Jorge Peixinho, na Quinta das Nascentes, cuja obra de reabilitação do edifício existente aguarda visto do Tribunal de Contas para arrancar. O espaço exterior da casa que está ser transformado no novo pulmão verde da cidade, com zonas de lazer, preservando as linhas de água para evitar cheias, deverá abrir ao público até ao final do ano. O investimento global nestas duas intervenções é de 2,2 milhões de euros.

Florindo Cardoso

Projecto da Casa da Música Jorge Peixinho

Setúbal Mais – Qual o ponto da situação do jardim da Quinta das Nascentes?

Nuno Canta – A intervenção neste território da cidade tem duas vertentes. A primeira, a requalificação do jardim da Casa Jorge Peixinho, na Quinta das Nascentes, estando a obra a decorrer a bom ritmo, prevendo-se a sua abertura ao público até ao final do ano. Trata-se de um investimento significativo, na ordem dos 1,2 milhões de euros, que pretende preservar os valores ambientais. Esta preservação passa pela manutenção da circulação da água pelas valas de drenagem superficial, um dos elementos fundamentais da ecologia e do ambiente, no seguimento do trabalho que temos feito no Montijo. Haverá pontes sobre essas valas, caminhos e elementos estéticos. É preservado grande parte dos terrenos da Reserva Ecológica Nacional, de modo a que esses solos funcionem como uma espécie de esponja para absorver a água, evitando cheias. Mantemos também a preservação dos terrenos de aluvião, uma característica desta zona, uma vez que não vamos construir nada sobre eles, apenas o jardim com arborização, criando um pulmão verde, um dos elementos fundamentais para a renovação do oxigénio, absorção do dióxido de carbono e limpeza de poeiras causada pela poluição da cidade, combatendo as alterações climáticas. Estes corredores verdes, nos quais faz parte este jardim, que terá depois a Casa da Música, criarão um valor ambiental muito importante que queremos preservar com a criação desta floresta urbana. Haverá ainda espaços lúdicos, com fontes de água, para usufruto do espaço público, e um pequeno anfiteatro ao ar livre, próximo do edifício da Casa da Música e que pretende ser uma extensão, um conceito semelhante ao jardim da Fundação Gulbenkian, em Lisboa.

S.M. – E a situação da Casa da Música Jorge Peixinho, no mesmo local?

N.C. – Já lançámos o concurso e adjudicámos a obra, estando à espera do visto prévio do Tribunal de Contas, para começar com este investimento de cerca de um milhão de euros na recuperação do edifício existente e transformá-lo na Casa da Música Jorge Peixinho. Vamos ligar o património natural ao património cultural, neste caso à música, para preservar os valores da cidade na sua plenitude. Esta casa vai ter o Museu Jorge Peixinho, na ala mais antiga, onde pretendemos recriar o atelier criativo do maestro, com o seu piano, pautas e partituras, ficando esse acervo disponível ao público. Terá ainda um pequeno átrio para actividades de exposição relacionadas com património imaterial e serviços de apoio, como as casas de banho. Terá também auditório multiusos, com capacidade para 200 pessoas, coberto com um palco para concertos mais intimistas. O palco terá a particularidade de ser amovível, com portas traseiras que se abrem permitindo sair para fora para a realização de espectáculos destinados para o anfiteatro. Lembro que, ao contrário do que pretendíamos no início, o edifício não pode ser de maior dimensão para albergar serviços como espaços para aulas de música, devido às limitações do terreno estar inserido na Reserva Ecológica Nacional.

Esta intervenção marcará este mandato autárquico do Partido Socialista no Montijo, recuperando uma área abandonada da cidade, dando dimensão cultural e natural à cidade.

Estes espaços são circundados por ciclovias, uma série de estruturas que permitem aos cidadãos andar a pé e de bicicleta, incentivando à mobilidade suave.

S.M. – O produtor de cinema, Paulo Branco, já manifestou interesse em doar espólio a esta casa?

N.C. – Sim. Naquela casa residiu, durante muitos anos, o produtor de cinema Paulo Branco. Tem uma ligação sentimental ao espaço porque foi ali que moraram os seus pais. O seu pai era o veterinário Branco. Ele já nos contactou e mostrou disponibilidade para expor uma parte do seu espólio como prémios recebidos e temos todo o gosto em acolhê-lo.

S.M. – Se tudo correr bem, quando pensa inaugurar as duas obras?

N.C. – Vamos inaugurar as duas obras em fases diferentes porque não conseguimos avançar ao mesmo ritmo. O jardim será inaugurado até ao final deste ano ou princípio de 2021, estando dependente da situação de pandemia do Covid-19. Em 2021, estamos a contar concluir a obra da Casa da Música Jorge Peixinho, e inaugurar em Setembro ou Outubro, já próximo das eleições autárquicas. Se o visto do Tribunal de Contas chegar arrancaremos com a obra em Setembro ou Outubro de 2020 que terá um prazo de execução de um ano.

Presidente da Câmara Municipal do Montijo Nuno Canta

Novo aeroporto no Montijo:

“Tem de haver uma decisão política definitiva”

O presidente Nuno Canta defende uma decisão política decisiva sobre a construção do novo aeroporto na Base Aérea n.º6 do Montijo. O autarca considera ser um investimento estruturante para a península de Setúbal, criando emprego, coesão social e desenvolvimento económico.

S.M. – Como está a situação do novo aeroporto?

N.C. – Estamos confiantes que vai avançar. Recentemente fomos convidados para participar na 10.ª Comissão Parlamentar do Ambiente, Energia e Ordenamento do Território, para abordar a questão do novo aeroporto devido às dúvidas levantadas por alguns deputados, nomeadamente quanto ao Estudo de Impacte Ambiental. Apesar de ter passado por todos os testes técnicos feitos pela APA (Agência Portuguesa do Ambiente), ainda assim há pessoas que colocam em dúvida essa aprovação e nesse sentido foram ouvidos os presidentes dos municípios abrangidos pela nova infraestrutura. Manifestámos que enfrentamos na região de Lisboa desafios muito importantes para o futuro, não só por causa da situação da pandemia mas, sobretudo, pela necessidade de preparar o território para futuros desenvolvimentos e explicamos que um aeroporto dual, com uma pista no Aeroporto Humberto Delgado e outra na Base Aérea n.º 6 do Montijo, é, para nós, a que responde aos problemas do país. Para nós, esta localização do novo aeroporto é motivo de satisfação e esperança para o Montijo. Reafirmámos que este assunto é debatido na sociedade portuguesa há mais de 50 anos, com muitas alternativas e indecisões, e não podemos esquecer que há muitos jogos de poder nesta questão, uns a favor e outros contra, e por isso tem de haver uma decisão política definitiva. Para essa decisão realizaram-se vários estudos de diversas entidades e o Estudo de Impacte Ambiental foi favorável à construção e consideramos que estão reunidas todas as condições para concretizar a obra. Encaramos este investimento como oportunidade de recentrar a geografia económica da região e permitir reduzir assimetrias, entre as margens Sul e Norte, e desenvolver de fora sustentável a península de Setúbal. É preciso resolver o problema do desemprego que é muito grave nesta região e por outro lado quem quer trabalhar em Lisboa tem de percorrer 30 a 40 km, criando longas deslocações entre casa e emprego, com evidente poluição dos carros e da desestruturação de famílias, isto é, afasta os pais dos filhos, com um fosso entre a vida familiar e profissional. Uma das grandes soluções para resolver este problema de coesão social e a conciliação entre a vida familiar e profissional é termos emprego perto da residência e por isso defendemos o aeroporto aqui. Este investimento permitirá também melhorar a qualidade urbanística da península de Setúbal. Por exemplo, o aeroporto ficará muito perto do concelho do Barreiro, a 800 metros, e com uma ponte, entre o Barreiro e o Montijo, toda a baia do Tejo ficará ligada, sendo um espaço imenso que poderá ser desenvolvido com indústrias nos terrenos da antiga CUF. Também uma ponte entre o Barreiro e o Seixal permitiria desenvolver os terrenos da Siderurgia Nacional com a instalação de novas empresas e até, com ligação melhorada entre Seixal e Almada, os antigos estaleiros da Lisnave poderão ter uma solução final. O aeroporto poderá impulsionar, de uma forma consistente, a renovação do tecido industrial abandonado da região de Setúbal e, nomeadamente, no arco ribeirinho sul, entre Alcochete e Almada. Esta infraestrutura tem a vantagem em termos de ordenamento do território. Com a ponte entre o Montijo e o Barreiro consegue também uma ligação ferroviária, representando um 1 km, o que é mínimo. Tudo isto permite olhar para este novo aeroporto como um investimento significativo na recuperação destas zonas degradadas da península de Setúbal. Do meu ponto de vista, sem estes grandes investimentos, estes espaços industriais não terão condições nas próximas décadas de serem recuperados.

Defendemos ainda o aproveitamento das salinas degradadas do Montijo, tal como foi feito na construção da Ponte Vasco a Gama em Alcochete, permitindo construir, no futuro, um novo habitat para a avifauna. O aeroporto pode contribuir para a melhoria do território em termos ambientais.

Este investimento é essencial para respondermos melhor à pandemia na região de Setúbal e mesmo a de Lisboa porque só conseguimos responder aos problemas sociais e económicos criados se houver investimento público ou privado massivo e por isso é preciso concretizar o novo aeroporto.

S.M. – Como está o processo da construção do Centro Escolar do Afonsoeiro?

N.C. – Trata-se de uma obra muito importante inserida na Carta Educativa Municipal do Montijo e que responde ao crescimento populacional da cidade. É a última escola que falta realizar, uma intervenção de acordo com aquele documento. Vamos recuperar a Escola Básica do Afonsoeiro, no âmbito do Plano Centenário, ampliando para criar o Centro Escolar do Afonsoeiro, com mais três salas para o pré-escolar. A escola tem dois pisos para o ensino básico do 1.º Ciclo. A obra prevê a requalificação dos espaços exteriores da escola, colocando novos brinquedos e pavimentos criando melhores condições para os alunos, renovar o polidesportivo para as actividades desportivas dos alunos, novos parques infantis, renovação e ampliação do refeitório escolar, e a construção de três salas do pré-escolar, cada uma delas com capacidade para 25 alunos. Temos assistido ao crescimento populacional de crianças no pré-escolar, entre os 3 e 5 anos, e actualmente na zona do Afonsoeiro, onde residem muitas famílias jovens, há dificuldade em dar resposta a todos. Este pré-escolar é fundamental ser construído e completará a rede pública do concelho. Claro que não vamos ficar por aqui porque a cidade vai continuar a crescer e precisará de mais estruturas no parque escolar municipal.

Escola Secundária Poeta Joaquim Serra:

Câmara vai retirar amianto da cobertura

Montijo foi um dos municípios que celebraram o protocolo com o Ministério da Educação para a retirada de amianto das coberturas das escolas da responsabilidade do governo. No concelho, será abrangida a Escola Secundária Poeta Joaquim Serra.

S.M. – O Município do Montijo assinou o protocolo com o Ministério da Educação para a retirada de amianto das escolas no concelho?

N.C. – Sim. Assinámos em relação à Escola Secundária Poeta Joaquim Serra que ainda tem amianto na cobertura, representado a sua retirada um investimento de 400 mil euros. A situação da Escola 2,3 D. Pedro Varela já foi resolvida nos últimos anos devido à pressão política que fizemos junto do Ministério da Educação. Falta também substituir coberturas de dois pequenos refeitórios em escolas do 1.º Ciclo, cerca de 100 metros quadrados, que também serão substituídas através deste protocolo. Recordo que, assumimos a delegação de competências na área do ensino secundário (Poeta Joaquim Serra, a 2,3 do Areias Esteval, a 2,3 D. Pedro Varela e a 2,3 de Pegões), com excepção da Jorge Peixinho, que é propriedade da Parque Escolar e, nesse sentido, não pode ser transferida porque não pertence ao Estado, sendo que o governo envia uma verba anual para a manutenção dos estabelecimentos de ensino propriedade do Parque Escolar.