Leonor Freitas, proprietária da Casa Ermelinda Freitas: “O Vinho das Grutas vai ser um sucesso”

Leonor Freitas, proprietária da Casa Ermelinda Freitas, fala sobre o lançamento do “Vinho das Grutas”, um tinto reserva de 2015, que esteve em estágio durante cinco anos, a 80 metros de profundidade, a uma temperatura constante de 17.º graus e humidade de 90%, nas Grutas de Mira de Aire. O projeto que teve como enólogo Jaime Quendera, foi coordenado por Joana Freitas, a quinta geração da Casa Ermelinda Freitas. Leonor Freitas salienta a ousadia da empresa de Fernando Pó, concelho de Palmela, neste processo e considera que vai ser um sucesso. A empresária está preocupada com a instabilidade dos mercados devido à guerra na Ucrânia e espera manter as vendas e os postos de trabalho.

Florindo Cardoso

Setúbal Mais – O que representa para si a concretização deste projeto de lançamento do “Vinho das Grutas”?
Leonor Freitas
– É mais um projeto que a Casa Ermelinda Freitas realiza. Foi uma grande ousadia da nossa parte, mas sobretudo é uma compensação por divulgar o que há de bom em Portugal como as Grutas de Mira de Aire, o vinho e as pessoas. É também uma grande compensação poder fazer parcerias para valorizar Portugal e os nossos produtos. O vinho é o parceiro ideal para estar com a gastronomia e as belezas naturais. Tenho a sorte de que a minha família deixou-me um produto, que bebido com moderação, é espetacular. O que eu quero é valorizar o território e o nosso país.


Setúbal Mais – Qual a sua avaliação deste novo vinho?
Leonor Freitas
– Estou muito satisfeita. Acho que o vinho está de fato diferente. Não tenho dúvidas que está diferente para melhor. Considero que vai ser um sucesso e será bom para a Casa Ermelinda Freitas, as Grutas de Mira de Aire e para Portugal.


Setúbal Mais – Como vai ser distribuído o “Vinho das Grutas”?
Leonor Freitas
– O vinho está à venda nas Grutas de Mira de Aire, na nossa loja da adega da Casa Ermelinda Freitas, e depois há-de aparecer noutros sítios.


Setúbal Mais – Como está a ser o ano de 2022 para a Casa Ermelinda Freitas?
Leonor Freitas –
A Casa Ermelinda Freitas tem ganho este ano imensos prémios, o que é uma maravilha. A qualidade dos vinhos também tem sido boa. Apesar disso, estamos a sofrer, como toda a gente, as consequências da guerra na Ucrânia, causando uma grande instabilidade económica, uma ansiedade devido à incerteza dos mercados, porque temos dificuldades em encontrar contentores para exportar, o preço das garrafas, do papel e do cartão estão a subir. Tenho uma grande preocupação, não só comigo, mas com os postos de trabalho. Esperamos que não piore. Vamos continuar a lutar, não traçar os braços e para que tudo decorra na empresa dentro da normalidade.


Setúbal Mais – O que gostaria de concretizar ainda em 2022?
Leonor Freitas
– Este ano, gostaria de conseguir manter o mesmo volume de vendas, todos os postos de trabalhos, uma boa produção para nos ajudar neste ano de grande instabilidade. Não vamos concretizar nada além daquilo que é habitual porque temos consciência das dificuldades da sociedade e do mundo. Não podemos ser inconscientes. Temos de tratar bem as vinhas, fazer o melhor vinho possível, continuar a oferecer bom vinho aos consumidores porque 2022 é um ano difícil.


Setúbal Mais – Como vê o futuro da Casa Ermelinda Freitas com a quinta geração liderada pelos seus filhos, Joana e João Freitas?
Leonor Freitas
– Estou muita orgulhosa da quinta geração da Casa Ermelinda Freitas. O João, de uma forma, e a Joana, de outra. Este projeto é mais uma prova de que a Casa Ermelinda Freitas tem continuidade.


Centenário da Casa Ermelinda Freitas:
Este projeto envolveu “alguma coragem”


Leonor Freitas disse que “em 2020 assinalou-se o centenário da Casa Ermelinda Freitas e entre o vasto programa das comemorações estava o lançamento do Vinho das Grutas, mas a pandemia obrigou-nos a adiar e finalmente temos agora a oportunidade de apresentar o nosso mais recente membro da nossa gama comercial de vinhos, que era para estar em estágio três anos e acabou por estar cinco anos”.


“Todos sabemos que a mãe terra nos dá as uvas com que fizemos o vinho, mas desta vez, podemos dizer que é também das entranhas da terra e destas grutas que vem este vinho que esteve aqui a dormir duramente cinco anos e que acredito que será mais um marco na história da nossa empresa e também das Grutas de Mira de Aire”, sublinhou a empresária, acrescentando que se trata “de um vinho criado especificamente para o efeito pelo enólogo Jaime Quendera, que tantos prémios nacionais e internacionais tem proporcionado à Casa Ermelinda Freitas”.


“O vinho é um dos produtos que reconhecidamente mais tem contribuído para afirmar Portugal além fronteiras no plano económico e no contributo para o turismo, em particular na vertente do enoturismo, e juntar os nossos vinhos a uma das 7 Maravilhas de Portugal, promovermos o nosso território”, disse ainda Leonor Freitas, adiantando que este projeto envolveu “alguma coragem” pois “apresentou desde logo um conjunto de exigências como a preparação do espaço e do transporte das 12 mil garrafas” e agradeceu o trabalho da filha Joana Freitas, que coordenou este trabalho.