Adega de Pegões foi a grande vencedora do Concurso de Vinhos da Península de Setúbal 2022

A Cooperativa Agrícola de Santo Isidro de Pegões foi a grande vencedora do 22.º Concurso de Vinhos da Península de Setúbal, promovido pela Comissão Vitivinícola Regional da Península de Setúbal (CVRPS), com a conquista de 15 galardões, entre os quais o de “Melhor Vinho Tinto” (Fontanário de Pegões Vinhas Velhas 2016) e “Melhor Vinho Branco” (Papo Amarelo Reserva 2021) do certame e 10 medalhas de ouro e 3 de prata, na cerimónia de entrega dos prémios, realizada a 17 de novembro, na Fortaleza de Santiago, em Sesimbra, que contou com mais de 100 convidados, entre os quais os presidentes dos municípios de Santiago do Cacém, Setúbal e Sesimbra, e do Instituto da Vinha e do Vinho.


O concurso premiou 53 vinhos, atribuindo 37 medalhas de ouro e 16 de prata. De entre os 176 vinhos avaliados, de 23 produtores da península de Setúbal, o “Coleção Privada DSF Moscatel Roxo de Setúbal Superior 2001”, do enólogo da José Maria da Fonseca, Domingos Soares Franco destacou-se com a conquista de dois prémios principais, o de “Melhor Vinho” (o mais pontuado pelo júri) e o de “Melhor Vinho Generoso”. O prémio de “Melhor Vinho Rosado” foi atribuído ao “Guitarrista 2021”, de Fernando Santana Pereira. O Prémio Revelação foi para o vinho “Antítese” (Palmela) e o Prémio do Melhor Vinho a Suk do Sado foi para “Barrosinha”, da Herdade da Barrosinha (Alcácer do Sal).


Para o enólogo e administrador da Adega de Pegões, Jaime Quendera, “é o reconhecimento da qualidade dos nossos vinhos”. “Tentamos fazer sempre vinhos bons, com qualidade, para o consumidor e para a crítica porque vendemos muito em todo o mundo”, disse o enólogo, lembrando que “ganhamos aqui neste concurso e em todo o mundo”, dando os exemplos recente no Canadá, onde a adega foi distinguida com 9 medalhas de ouro e duas de grande ouro ou o Melhor Vinho Branco na Irlanda.
Respeitante ao facto da adega ter ganho, pela primeira vez os melhores vinhos branco e tinto do concurso, Jaime Quendera, considera bastante importante porque “são aqueles que as pessoas bebem, é um grande motivo de orgulho”.


“Este ano a produção correu bem e em termos de qualidade também, mais ou menos igual a 2021 que foi muito bom”, afirma o responsável, acrescentando que a nível de vendas “continuamos numa senda de crescimento em todo o mundo, a abrir mercados”. “Setúbal é das melhores regiões vinícolas do país, apesar de ter 4% das vinhas vende 12% do vinho em Portugal, o que é um sinal de qualidade, e as adegas estão bem”, disse ainda Jaime Quendera, revelando que a Adega de Pegões já recebeu este ano mais de 250 prémios nacionais e internacionais.


“A nossa ideia é sempre inovar, crescer e estabilizar, queremos fazer o melhor vinho, com o melhor preço porque sem o consumidor não somos nada”, concluiu.


Já a enóloga, Ana Silveira da Casa Ermelinda Freitas (com 9 medalhas de ouro e 4 de prata), “é sempre um orgulho enorme” e “um reconhecimento do trabalho feito ao longo do ano” bem como “um sentimento de responsabilidade de tentar fazer sempre melhor possível”. Para a responsável é também “a valorização do trabalho que estamos a fazer na adega e de todas as pessoas que trabalham connosco que dão origem a estes excelentes vinhos que ganham prémios”.


“Este ano foi bom, com um final mais complicado, com quebras de produção devido às queimas nalgumas castas como o moscatel e nas vinhas velhas de castelão”, disse ainda Ana Silveira”, disse ainda, adiantando que “o investimento na Casa Ermelinda Freitas não tem parado, e estamos com grande vontade de crescer a nível de logística e na vinificação para termos mais capacidade de resposta”.


Já Luís Silva, enólogo da Adega de Palmela, considera que “é sempre positivo participarmos e fazer o melhor para a nossa região”, que venceu duas medalhas de ouro e três de prata. “Estes prémios representam aquilo que tem sido a estratégia da adega na melhoria do processo de produção, valorizando a matéria prima, desde a vinha até à entrada da adega, fazendo uma vindima muito bem tratada e apostando na qualidade dos vinhos e isso tem dado frutos nos últimos anos”, disse ainda o enólogo. “A Adega de Palmela não se carateriza por ter muitas marcas e por isso não pode ganhar muitos prémios, mas o pouco que fazemos é reconhecido e é muito importante”, adiantou, lembrando que “este ano foi uma vindima muito difícil, complicada de gerir, e vamos ver qual vai ser o resultado, diria que foi desafiante”.


O enólogo da José Maria da Fonseca, Domingos Soares Franco, da José Maria Fonseca, voltou a ganhar o “Melhor Vinho” do concurso, sendo o mais pontuado, e o “Melhor Vinho Generoso”, com Moscatel Roxo de Setúbal Coleção Privada 2001. “Foi uma grande surpresa para mim ganhar este prémio, com este vinho de coleção privada, de 2001, sendo sinal de que foram mais de 40 anos de trabalho e agora que estou de saída, a porta grande abriu-se”, disse o enólogo, considerando que “é um reconhecimento do meu trabalho”. “É um vinho frutado, com uma super casta da região, o moscatel roxo, é um ano que também foi bom, que teve uma evolução extraordinária e estou bastante satisfeito”.


Segundo o presidente da Comissão Vitivinícola Regional da Península de Setúbal (CVRPS), Henrique Soares, esta edição do Concurso de Vinhos da Península de Setúbal demonstra, mais uma vez, a “consistência qualitativa dos vinhos da região, toda a sua diversidade e capacidade de produzir vinhos diferentes. “O nosso objetivo é continuar a crescer em valor e procurar novos mercados que melhor valorizem os nossos vinhos”, disse ainda, acrescentando que os principais mercados externos são o Brasil, Reino Unido e Estados Unidos.


Para o presidente do Instituto da Vinha e do Vinho, Bernardo Gouvêa, “é muito relevante que uma região que tem cerca de 4% da área de vinha em relação ao país, 8 mil hectares, tem em valor 12%, o que é três vezes mais, e certifica 85% dos vinhos que produz, o que significa um esforço enorme”. “Congratulo-me que a região de Setúbal tenha neste momento dos seus 8 mil hectares, mais de 4.500 hectares estruturados, com apoios, desde 2001”, concluiu.