Donos da Herdade da Comenda e novo presidente do município de Setúbal trocam acusações

Os donos da Herdade da Comenda criticam a presença do novo presidente da Câmara Municipal de Setúbal, André Martins, no protesto realizado a 3 de Outubro junto ao Parque de Merendas, que contou com mais de 100 pessoas e exigia a reabertura do equipamento à população.

Refira-se que André Martins particiou na qualidade de presidente eleito.

A situação foi revelada pelo próprio André Martins, no seu discurso de tomada de posse, a 8 de Outubro.

“Nos últimos dias manifestei a minha determinação em defender e promover o património natural e cultural que constitui a serra da Arrábida”, disse o edil, salientando que “manifestei, inclusivamente, a minha solidariedade com o povo de Setúbal na luta pelos seus direitos, em particular no que se refere ao acesso a património natural ou a espaços de lazer, como a Capela de São Luis ou o Parque de Merendas da Comenda”.

“Reafirmo aqui, perante todos vós, a determinação em defender esses direitos e a decisão de, já na segunda-feira, (11 de Outubro) pedir audiências às entidades que têm responsabilidades neste processo, designadamente o Instituto de Conservação da Natureza e da Floresta, a Agência Portuguesa do Ambiente e a Direção-Geral do Património Cultural” e “em simultâneo, será constituído um dossier com toda a documentação existente na Câmara Municipal, com a finalidade de avaliar as suas componentes técnico-jurídicas”, disse.

“Pela nossa parte, posso garantir que cumpriremos sempre as leis, mas não deixaremos de exigir que se faça justiça”, adianta.

“A este propósito, quero destacar a acusação que é feita ao presidente da câmara eleito, em comunicação escrita dirigida à Câmara Municipal pelos representantes dos proprietários da Herdade Comenda. É afirmado que, com a minha participação na ação popular realizada no dia 3 de outubro junto ao parque de merendas, e na qual manifestei a minha solidariedade ao povo de Setúbal na defesa dos seus direitos, teria promovido uma ação de incitação junto da população, que em nada beneficia as relações e fomenta um clima de violência dentro da própria cidade”, afirma André Martins.

Para o novo presidente “afirmar tal coisa só pode significar que os autores desta declaração não têm a noção do significado do que escreveram. Estou em crer que este não é, de todo, um bom começo de conversa para quem aqui chegou há tão pouco tempo…”

“A principal responsabilidade de um presidente de Câmara é estar ao lado das populações que o elegeram na defesa dos seus direitos. Desse dever não abdicarei, assumindo sempre as minhas responsabilidades. Reivindicaremos o que considerarmos justo para as nossas populações. O que temos dificuldade em aceitar é que nos digam que o protesto justo e fundamentado é desnecessário, numa visão das relações políticas que pensávamos estar já esquecida”, conclui.