Nuno Canta, reeleito presidente da Câmara Municipal de Setúbal, mas perdeu maioria absoluta: “Não temos condições para qualquer entendimento de governação com as oposições”

O socialista Nuno Canta ganhou a presidência da Câmara Municipal do Montijo nas eleições autárquicas de 26 de Setembro, sendo reeleito para um terceiro e último mandato, mas perdeu a maioria absoluta. O autarca promete diálogo e convergência com as oposições, embora não vá atribuir pelouros aos eleitos do PSD e da CDU. Nuno Canta afirma que entendeu a mensagem do povo do Montijo e promete continuar o volume de investimentos previstos para a recuperação da economia e criação de emprego.

Florindo Cardoso


Setúbal Mais – Como reage aos resultados eleitorais de 26 de Setembro no concelho do Montijo?

Nuno Canta – É a democracia a funcionar e conformamo-nos com os resultados obtidos nestas eleições autárquicas. Os resultados são claros. O Partido Socialista continuar a governar o município do Montijo, embora os eleitores tenham escolhido criar mais limitações através das oposições. Como é público fui reeleito para presidente da Câmara Municipal do Montijo para um terceiro mandato, consecutivo. Estas eleições deram também respostas inequívocas à cerca do nosso futuro coletivo. A escolha feita entre renovar a confiança no presidente da câmara municipal em funções e a sua substituição por outros candidatos com outras visões. Perante esta escolha, o povo do Montijo decidiu escolher e renovar a confiança no atual presidente da câmara municipal por mais quatro anos.

Setúbal Mais – Como vai ser a governabilidade da câmara municipal sem maioria absoluta?
Nuno Canta
– Para já pretendemos governar tal como aconteceu no meu primeiro mandato 2013/2017, em que iremos desenvolver o nosso trabalho, com os nossos eleitos. Não temos condições pessoais nem políticas para qualquer entendimento de governação com as oposições, mas isso não quer dizer não haja entendimentos em propostas concretas. Obviamente que iremos promover questões como a revisão do regimento da câmara municipal que as oposições manifestam algum descontentamento e vamos tentar procurar soluções de entendimento com um ou outro partido. Isto também porque é uma das vontades do povo. Quando o povo distribui os votos desta forma, pretende como é claro, e temos essa consciência da confiança renovada, mas ao mesmo tempo, sabemos que isso exige maior entendimento entre os diferentes. Iremos pugnar por uma presidência, interpretando o sinal dos votantes, nas questões onde possa haver maior diferença de opinião política, procurar pontos de encontro entre as oposições.


Setúbal Mais – Pelo que entendi, não vai atribuir pelouros aos vereadores da oposição?
Nuno Canta
– Não. Essa questão não está em cima da mesa, nem consideramos que seja necessária. Fomos eleitos três para governar o município, enquanto o PSD dois e a CDU também dois. Vamos respeitar o pluralismo e a diferença de opiniões. Este mandato foi conferido em determinadas condições, nomeadamente com maioria relativa, e isso obriga o presidente da câmara municipal a reter mensagens claras do povo, de criar maior convergência, diálogo e partilha e fraternidade contra os xenofobia, medo, ódio e populismos.


Setúbal Mais – Quais os principais desafios para o próximo mandato?
Nuno Canta
– Vamos tratar das questões como melhorar os serviços públicos municipais e modernizar a administração pública, com a nova Loja do Cidadão. Pretendemos contruir mais habitação municipal, garantir melhores transportes públicos e continuar o investimento para a criação de emprego e recuperação da economia. O projeto do Partido Socialista continua a vingar e foi votado maioritariamente para ser exercido. Não iremos alterar a linha de atuação relativamente aos investimentos estruturantes que temos previstos, aliás nalguns casos apoiados pela oposição.
Vão ser inaugurados entre o final deste ano e em 2022 um grande volume de investimentos que contribuirão para qualificação da cidade, como a Casa da Música Jorge Peixinho na Quinta das Nascentes e o Jardim do Pocinho das Nascentes, a Clínica da CUF, embora este seja privado, e dos jardins nas áreas adjacentes, o jardim na zona ribeirinha, a requalificação da praça 1.º de Maio, na cidade, o Centro Escolar do Afonsoeiro, que está em construção, a requalificação da Escola Básica Joaquim de Almeida e o Centro Escolar de Pegões. Iremos iniciar a construção da Loja do Cidadão, o novo canil municipal e nova habitação social na antiga fábrica do Izidoro, reabilitando o bairro da Calçada. São um conjunto de investimentos que contribuem para a recuperação da nossa economia e criar emprego necessário para as pessoas.
Esta situação de maioria relativa não nos vai limitar na recuperação da economia, a investir na habitação, educação, ambiente, digitalização e sobretudo nos direitos sociais como o combate à pobreza e exclusão social.