André Martins reúne com administração do Hospital de Setúbal para debater problemas

O novo presidente da Câmara Municipal de Setúbal, André Martins (CDU), que tomou posse a 8 de Outubro, vai reunir com o conselho de administração do Centro Hospitalar de Setúbal (CHS), a 11 de Outubro, no seu primeiro acto oficial, dando assim uma demonstração da sua preocupação com a situação de ruptura que está a acontecer neste hospital.

“As primeiras reuniões oficiais que agendei como presidente da Câmara Municipal de Setubal realizam-se na segunda-feira de manhã, dia 11 de outubro, com o presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar de Setúbal, Manuel Roque, e o diretor clínico demissionário, Nuno Fachada”, refere André Martins.

“O objetivo destes encontros é analisar conjuntamente os problemas do Centro Hospitalar de Setúbal, nomeadamente os que resultam do inaceitável atraso no arranque das obras de ampliação do Hospital de São Bernardo prometidas há anos e sucessivamente adiadas e os que são provocados pela carência de recursos humanos”, adianta.

André Martins defende a reclassificação do Hospital de São Bernardo para um nível superior, o reforço de meios humanos e a concretização urgente das obras de ampliação daquele equipamento.

A verba para a tão necessária ampliação do Hospital de São Bernardo foi inscrita no Orçamento de Estado para 2021 por proposta do PCP e, até agora, praticamente um ano volvido, não houve qualquer iniciativa concreta para que a obra pudesse arrancar“, disse André Martins na cerimónia de instalação dos órgãos autárquicos da Câmara de Setúbal eleitos no passado dia 26 de setembro.

Apenas assistimos, nos últimos dias – e perante a pressão criada pela degradação da situação, incluindo a demissão de dezenas de profissionais como forma de denunciar a situação – a um tímido anúncio do lançamento do concurso público para a obra de ampliação e a contratação de uns insuficientes dez médicos. Claro que não é suficiente. O Centro Hospitalar de Setúbal precisa de muito mais”, acrescentou.

O recém-eleito presidente da Câmara de Setúbal prometeu manter uma postura de diálogo e de disponibilidade para parcerias, mas também reivindicar o que considera justo para os setubalenses. “É, aliás, o que já estamos a fazer com a ampliação do Hospital de São Bernardo e a exigência de um nível superior de qualificação e aumento dos seus recursos humanos“, disse.

André Martins falava perante centenas de pessoas que assistiram à cerimónia realizada na Praça do Bocage, em frente aos Paços do Concelho, depois de lembrar a degradação progressiva do hospital público de Setúbal nos últimos anos, que levou ao recente pedido de demissão do diretor clínico, a que se associaram mais 87 diretores e responsáveis por vários serviços.

Manifestação

Para o dia 12 de Outubro, pelas 17h30, está marcada uma manifestação frente ao Centro Hospitalar de Setúbal.

Em defesa do Hospital de São Bernardo” é o lema deste protesto convocado por cidadãos.

“Somos um conjunto de utentes, homens e mulheres, que ao longo dos anos temos vindo a recorrer ao Centro Hospitalar de Setúbal (CHS) pelos necessários cuidados de saúde hospitalares tanto no nascimento como no tratamento de familiares”, referem os promotores, adiantando que “as notícias que têm vindo a ser publicadas sobre as carências e dificuldades do Hospital confirmam a nossa experiência. Apesar da disponibilidade e empenho, tantas vezes sobre-humano, verificamos a exiguidade das instalações e a falta de profissionais que asseguram todos os serviços cujos cuidados temos que recorrer”.


Sabemos que existe uma fuga contínua de profissionais para os hospitais privados porque, no CHS, não encontram perspetivas de carreira e remunerações adequadas às suas responsabilidades e formaç
“Sabemos que a falta de profissionais em algumas especialidades essenciais tem vindo a ampliar as dificuldades e a colocar em causa o normal funcionamento de todo o Centro Hospitalar de Setúbal”, adiantam.


“Sempre que recorremos a certos serviços, como as urgências são exemplo, deparamo-nos com a inadequação das instalações para os doentes e os profissionais e com dezenas de doentes que aguardam ou encontram-se em observação em condições sub-humanas”.


“Sabemos que a pandemia do COVID-19 tudo agravou, mas que as dificuldades em recursos humanos e de instalações são anteriores. A pandemia apenas ajudou a pôr a nu todos estes problemas”.

“Sabemos que há anos que se fala da ampliação do Hospital de S. Bernardo e que, entretanto, já terá sido aprovada a verba para a obra, mas que tudo continua a tardar. Apesar das promessas e dos discursos políticos, continuamos a frequentar um hospital cuja qualidade e diferenciação dos cuidados prestados não correspondem ao espaço e condições das instalações”.


“Dizem-nos que toda esta situação ainda é agravada com um recorrente subfinanciamento do Centro Hospitalar de Setúbal que, face à sua capacidade diferenciadora e de prestação de cuidados de saúde, deveria estar equiparado a outros hospitais como o Garcia da Horta, em Almada.
Preocupa-nos as notícias dos últimos dias. A rutura na urgência de obstetrícia que aconteceu em agosto, a demissão do Diretor do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia, a posterior demissão do Diretor Clínico e a recente demissão dos vários diretores e chefes de serviços, são fator de preocupação acrescida e que vemos como um apelo para que quem tem capacidade e a obrigação de decidir intervenha no sentido de inverter este rumo”.


“Apelamos a todos para se juntarem unirmos esforços para com o contributo de todos, sem exceção, salvarmos o nosso Hospital. Estamos solidários com todos os profissionais que diariamente e com sacrifício das vidas pessoais tudo fazem para limitar ao mínimo os impactos da atual situação, prestando cuidados de saúde hospitalares de elevada qualidade e em segurança.


Percebemos que muitos destes problemas não são exclusivos do Centro Hospitalar de Setúbal e, por isso mesmo, fazemos este apelo com toda a convicção:
– Sr. Primeiro Ministro, António Costa, e Sra. Ministra da Saúde, Marta Temido, têm nas vossas mãos a inversão desta situação que coloca em risco o futuro do Centro Hospitalar de Setúbal e do próprio SNS;
– Sr. Primeiro Ministro, António Costa, e Sra. Ministra da Saúde, Marta Temido, criem as condições necessárias para contratar todos os profissionais de saúde em falta no Centro Hospitalar de Setúbal, melhorem as suas perspetivas de carreira e de remuneração;
– Sr. Primeiro Ministro, António Costa, e Sra. Ministra da Saúde, Marta Temido, autorizem e tomem todas as medidas necessárias para que não surjam novos atrasos nas urgentes obras de ampliação do Hospital de S. Bernardo;
– Sr. Primeiro Ministro, António Costa, e Sra. Ministra da Saúde, Marta Temido, tomem as medidas necessárias para reclassificar o modelo de financiamento do Centro Hospitalar de Setúbal de modo a superar o seu subfinanciamento crónica”.