Cinco personalidades dão nome a artérias da cidade de Setúbal

O executivo municipal descerrou, a 16 de setembro, cinco novas placas toponímicas em Setúbal, em cerimónias inseridas no programa das Comemorações Bocageanas, no âmbito das celebrações do Dia de Bocage.

O parque de estacionamento por trás do Convento de Jesus recebeu o nome do ator Fernando Guerreiro, enquanto uma rua junto do Moinho do Frade foi batizada com o nome do resistente antifascista, sindicalista e músico Dimas Soares Lopes Pereira.

Na zona da Praça de Portugal passou a haver uma rua com o nome do antigo futebolista internacional Jaime Graça e uma praceta com o do Padre Manuel Marques, enquanto na zona da Barreira há agora uma Rua Manuel Carlos Casalão Zorro, em homenagem ao músico e compositor setubalense.

O presidente da Câmara Municipal, André Martins, acompanhado dos vereadores Carla Guerreiro, Carlos Rabaçal e Rita Carvalho e dos presidentes da União das Freguesias de Setúbal e da Junta de Freguesia de São Sebastião, Rui Canas e Nuno Costa, recordou, perante familiares e amigos dos homenageados, o percurso de cada um deles e sublinhou a justiça de cada distinção pela ligação destas pessoas à cidade.

Na primeira cerimónia, André Martins disse que “falar de teatro em Setúbal significa, obrigatoriamente, recordar o nome de Fernando Guerreiro” e que perpetuar o nome do ator e encenador num largo da cidade é também “uma justa homenagem ao teatro e a todos os que se dedicam de corpo e alma a esta nobre arte”.

O autarca recordou a paixão com que viveu Fernando Guerreiro, nascido em 24 de novembro de 1938, em Setúbal, e falecido em 28 de agosto de 2013, “assumindo plenamente a sua liberdade e o seu amor pela sua cidade, mas acima de tudo a sua paixão pelas artes de palco”.

Ao recordar Dimas Soares Lopes Pereira no dia em que este faria 102 anos, o presidente da Câmara afirmou que, com a cerimónia, era revivido “um tempo de esperança e alegria” em Setúbal e no país, “o tempo de Abril”, lembrando que, além de antifascista e dirigente associativo, o homenageado também foi alfabetizador, músico, sindicalista e revolucionário.

Afirmando ter sido um “homem solidário e sempre presente quando era necessário” e “uma referência” em Setúbal, André Martins recordou-o pelas tertúlias com Zeca Afonso no café Tamar, por ter sido fundador do Círculo Cultural de Setúbal, onde ensinou adultos a ler e escrever quando ainda não havia ensino para adultos em Setúbal, ou como músico tocador de acordeão.

Nascido em Olhão em 1921, Dimas Soares Lopes Pereira viveu durante mais de 40 anos em Setúbal, onde morreu em 2009, após uma vida em que, como lembrou o autarca, foi preso pela PIDE em várias ocasiões, foi professor voluntário, tocou com Zeca Afonso, colaborou com vários grupos de teatro, foi membro do PCP e funcionário do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Metalúrgicas e Metalomecânicas do Sul.

Na terceira cerimónia, o presidente da Câmara afirmou que “homenagear Jaime Graça é homenagear Setúbal”, pois o seu nome e o da sua famíliamantêm-se “uma referência incontornável” da cidade, “onde continuam a viver a sua esposa e os seus filhos, que, tal como ele, continuam também a nutrir notável paixão pelo Vitória”.

André Martins destacou a “longa e notável” carreira futebolística de Jaime Graça, “um setubalense de corpo e alma” que nasceu em 1942 e representou o Vitória Futebol Clube e o Benfica, onde foi várias vezes campeão nacional e vencedor da Taça de Portugal. “Mesmo distante, sempre amou a sua cidade e soube passar esse amor aos seus descendentes”, disse, recordando o antigo médio, falecido em fevereiro de 2012.

Na Praceta Padre Manuel Marques foi feita uma homenagem “absolutamente merecida” ao antigo capelão do Hospital de São Bernardo e primeiro vigário-geral da Diocese de Setúbal – ao longo de 17 anos –, com o bispo D. Manuel Martins. “Manuel Marques foi um daqueles homens que deixou uma das maiores marcas que se pode deixar, a marca da memória”, notou o presidente da Câmara.

André Martins afirmou que o padre Manuel Marques, falecido em 22 de fevereiro de 2007, foi igualmente um “homem ligado à imprensa”, tendo fundado “vários jornais e boletins”, esteve ligado ao voluntariado no Hospital de São Bernardo e “foi um rebelde perante todas as forças de opressão, nomeadamente a censura prévia”.

A Rua Manuel Carlos Casalão Zorro homenageia “um homem que deixou uma marca indelével na música setubalense”, um exemplo “dos muitos que amaram a sua terra e a ela quis dedicar-se, escolhendo a música como pano de fundo para mostrar o seu amor” pela cidade.

O presidente da Câmara recordou que o compositor e músico, nascido em 1949 e falecido em dezembro de 2020, integrou “vários conjuntos musicais de que muitos ainda se lembrarão por terem sido os animadores de muitos bailes e festas em que participaram”, nomeadamente Zulus, Contágio e Conjunto Típico Xico da Cana.

“Foi notável intérprete de guitarra portuguesa”, participou nas Marchas Populares de Setúbal, “que venceu em 2004 como letrista, numa composição com música de Artur Jordão”, dirigiu o coro da Associação de Socorros Mútuos e colaborou com a Câmara Municipal “em vários projetos, entre os quais a edição de dois discos das marchas e a composição do tema ‘A Maia Bela Baía’”, referiu o autarca.