Casa da Poesia de Setúbal desenvolve atividade cultural notável

Alexandrina Pereira que apresentou o trabalho desenvolvido pela Casa da Poesia de Setúbal, com o lema “Ser poeta é colorir o mundo com palavras”, lembrou a associação começou com uma comissão instaladora, entre 2014 e 2016 (ano da fundação), fruto da vontade de quatro pessoas, sendo instalada num “espaço nobre” cedido pela União de Freguesias de Setúbal, junto à antiga Escola Conde Ferreira, na avenida Luísa Todi, que foi renovado há pouco tempo e ficou “muito bonito”.


A dirigente enumerou as atividades desenvolvidas pela associação como “De pequeno se faz o poeta”, uma das “iniciativas mais apaixonantes, é uma ternura e um ensinamento conviver com estas crianças que surpreendem-nos sempre com a sua linguagem”. “Até ao ano da pandemia, visitámos 12 escolas, 21 turmas e trabalhámos com 164 alunos”, disse.


Foi também formado o Grupo de Voluntários dos Afetos” que leva a poesia aos idosos, “pessoas maravilhosas que nos ensinam tanto”, em Setúbal e Azeitão.


A Casa da Poesia já publicou seis antologias poéticas dedicadas, desde Bocage ao Calafate. Apoia a edição de livros dos associados. Realiza o evento mensalmente “A Casa da Poesia Convida”, que já contou com a presença de 42 personalidades de todas as áreas. Promove os Encontros Poéticos de Setúbal, que conta com duas edições.


O evento mais carismático é “Vinhos Solidários”, numa parceria com a Casa Ermelinda Freitas, realizado anualmente, cuja venda de garrafas de vinho com rótulos de poesia, já atribuiu mais de 11 mil euros a seis instituições: Cáritas Diocesana de Setúbal com o projeto “Pequena grande mãe”, Clínica Dentária Social do padre Constantino da Paróquia Nossa Senhora da Conceição, a Liga Portuguesa contra o Cancro, APPDA Setúbal (Associação Portuguesa para as Perturbações do Desenvolvimento e Autismo), Casa do Gaiato de Setúbal e este ano o CASA.

“Apesar de ser o evento que nos dá mais trabalho é aquele que também nos dá força para continuar porque vale a pena sempre ajudar os outros”, confessa Alexandrina Pereira, acrescentando que “é tudo feito com muito amor e é bom pensar que ajudámos com mais de 11 mil euros seis instituições, sentimos muito realizados com o que fazemos porque o pouquinho também ajuda”.


Alexandrina Pereira agradeceu o apoio de Rosado Pinto que depositou na Casa das Poesia o espólio literário da tia Maria Adelaide Rosado Pinto e da família para preservação, aos pintores Eduardo Carqueijeiro e Nuno David, a Raúl Reis (designer gráfico setubalense) e a Leonor Freitas, “uma pessoa muito genuinamente humana e generosa”.


A Casa da Poesia tem dois sócios honorários, a empresária Leonor Freitas e Rui Canas, presidente da União de Freguesias de Setúbal. Em 2022, a Casa da Poesia recebeu a Medalha de Honra da Cidade de Setúbal. “É uma honra para nós, com sete anos de vida ter a Medalha de Honra da Cidade”, disse Alexandrina Pereira, que terminou a sua intervenção com a frase “não existe um caminho para a paz, a paz é o caminho”.

A Casa da Poesia de Setúbal entregou simbolicamente um cheque no valor de 2.825 euros, resultante das verbas dos “Vinhos Solidários”, uma parceria com a Casa Ermelinda Freitas, ao Centro de Apoio aos Sem Abrigo (CASA), no jantar comemorativo do 7.º aniversário da associação que juntou cem pessoas, a 10 de março, num restaurante da cidade.

Alexandrina Pereira disse que “a direção da Casa da Poesia está muito feliz por ter tantos amigos aqui nesta noite, é sempre um bom motivo para nos juntarmos, ainda por cima com poesia, que costumo dizer que é o açúcar da vida porque esta nem sempre é doce”, acrescentando que “esta felicidade é ainda maior porque estamos a rever amigos e gente que está cá pela primeira vez, o que é muito agradável”.

Susana Marques, coordenadora do CASA, sublinha que “lidar diariamente com os problemas das pessoas e às vezes não ter resposta é difícil”, confessando que “fazer voluntariado não se explica, nasce connosco”. “Quero agradecer de coração à Casa da Poesia porque é um contributo muito grande, os quase 3 mil euros vão permitir fazer muitas refeições porque sendo aqui politicamente incorreta, é preciso dizer que em Setúbal há fome e temos de estar atentos para isso”, sublinha a responsável.

“Este ano, fruto da pandemia que passámos e da guerra que estamos a viver e tudo mais, atravessamos momentos difíceis e Setúbal é um exemplo de onde há muita fome escondida, temos de estar em alerta para ajudar”, concluiu Susana Marques.