Após 50 anos de encerramento na Arrábida: Convento de São Paulo reabre ao público

A Associação de Municípios da Região de Setúbal (AMRS) inaugurou, no passado dia 22 de Junho, as obras de reabilitação do Convento de São Paulo, formalmente designado por antigo Convento de Nossa Senhora da Consolação de Frades da Ordem de São Paulo, de Alferrara, monumento de 1383, edificado numa das encostas da Serra da Arrábida, e que se encontrava em ruínas há meio século.

Um investimento de 400 mil euros da AMRS que permitiu devolver parte deste espaço – claustro, nave da igreja, antigo refeitório e respectiva cozinha -, à população, podendo receber visitas guiadas pré-agendadas, encontros em torno do património material, arquitectónico e imaterial, espectáculos culturais de entidades públicas.

Para Rui Garcia, presidente da direcção da AMRS, é “um dia de grande alegria e satisfação”, recordando que “quando tivemos de tomar a decisão de intervir, com alguma coragem porque os nossos recursos são escassos, pensámos que tínhamos de ter a responsabilidade para com a região, e passo a passo, fizemos um trabalho que nem sequer está a meio do caminho”. “Acredito que este caminho vai continuar a fazer-se porque está certo devolver este património com longos séculos à região”, disse ainda Rui Garcia. “É nossa obrigação preservar e não o deixar ao abandono”, afirmou, concluindo que “valeu a pena cada cêntimo gasto”.

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Por sua vez, a secretária geral da AMRS, Fátima Mourinho, lembrou que “em 1986, o conselho administrativo da então Associação de Municípios do Distrito de Setúbal, cujo presidente administrativo da assembleia, era Hélder Madeira, decidiu adquirir à Câmara Municipal de Setúbal a Quinta de São Paulo, evitando um processo de loteamento clandestino emergente na altura, que felizmente não se concretizou”.

“Os conventos de São Paulo e dos Capuchos eram parte integrante da Quinta de São Paulo e a associação recebeu este património em situação de degradação acentuada, sem espólio, nem azulejos, vandalizado e em estado de ruína”, sublinhou a responsável, adiantando que “em 2008, perante a iminência de ruína, o conselho directivo de então com o presidente Alfredo Monteiro, decidiu adjudicar uma obra para impedir que tal acontecesse”.

“O diagnóstico sobre os conventos impunha-se e a AMRS convidou o arquitecto Vítor Mestre para ajudar a encontrar o caminho que nos trouxe até ao dia de hoje”, disse Fátima Mourinho, recordando a consolidação da estrutura e recuperação do Convento dos Capuchos e da Casa de Fresco, já feita, e a consolidação estrutural e reabilitação parcial do Convento de São Paulo”. “Avança-se passo a passo, respeitando as memórias dos espaços”, disse.

O vereador da Cultura e Turismo da Câmara Municipal de Palmela, Luís Miguel Calha, disse que “hoje é um dia especial para a região e para o concelho de Palmela, dado o convento situar-se neste território charneira, entre os municípios de Palmela e de Setúbal, porque através da reabilitação deste importante monumento valoriza-se a história e a identidade do nosso património cultural e regional”, transmitindo-as “às actuais e futuras gerações”, considerando a AMRS “um exemplo no país”.

Estas obras correspondem à terceira fase da reabilitação do Convento de S. Paulo, sendo que a quarta e última fase, que concluirá definitivamente a recuperação de todos os espaços do monumento não tem data prevista. Na Quinta de São Paulo existe um segundo convento – Convento de Nossa Senhora da Conceição dos Frades Franciscanos Capuchos de Alferrara – conhecido como Convento dos Capuchos, construído em 1578 e reconstruido em finais do século XVII, mas que se encontra num estado de degradação muito mais avançado, praticamente em ruínas. A AMRS já investiu cerca de 600 mil euros, essencialmente na consolidação de estruturas dos dois conventos.