Ana Zorrinho lança livro de poesia “Lá”

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A apresentação do livro de poesia “Lá”, de autoria de Ana Zorrinho (texto) e Raquel Ventura (ilustração), ambas do concelho de Santiago do Cacém, editado pela Caleidoscópio, sob a sua chancela para a literatura, ORO, decorreu no final do ano pasado na sede da Fundação Caixa Agrícola Costa Azul, em Santiago do Cacém, em parceria com a livraria Manuel dos Jornais.
Estiveram presentes cerca de 60 pessoas, de todas as idades, divididas em três sessões, cada uma sob um tema, designadamente: Interrogações; Viagem e Afectos. Na abertura das sessões ouviu-se guitarra, viola d’arco e voz por Simão Pereira e Maria Clara.
A autora explica que este livro “nasceu de um impulso de escrever poesia e é uma história que permite sublinhar a importância da descoberta do eu interior, do sonho, de nos redescobrirmos e de reflectirmos sobre nós próprios e que não tenhamos na vida uma presença ausente”.
Ana Zorrinho questiona que “Como falar do ‘Lá’ sem o desvendar, para que seja o leitor a fazê-lo, puro, liberto de predefinições? Será possível apresentar o ‘Lá’ sem que se perturbe o caminho que só ao leitor pertence? O importante é partir, o que importa é a viagem. O destino será efémero. Mas existirá caminho sem olhar? Aquele olhar que pousa em todas as coisas e nos faz senti-las. Haverá procura de caminho sem interrogações? De quantas interrogações é feito o caminho? Quantas respostas se alcançam? Quanto existe de nós e dos caminhos anteriormente percorridos nessas respostas? Quanto de nós e de sonho procuramos? Quem nos guia? Quem nos ampara em cada queda? São tantas as perguntas… Assim é o ‘Lá”, uma interrogação que fica, uma resposta que se procura”.
Já Raquel Ventura abordou o processo da criação dos desenhos, a naturalidade com que surgiram de rajada, da linguagem comum entre os desenhos e as palavras e como pretendeu que ambas se fundissem no livro.
Por sua vez, o editor, Jorge Ferreira, sublinhou o sentido filosófico desta obra, o seu carácter inter-geracional, a forma como convida à reflexão, que se deseja partilhada entre jovens e menos jovens, entre colos e afectos.
Cada uma das sessões revelou-se de um enorme intimismo e partilha, com uma participação muito activa dos presentes.
Numa época de distanciamento social, de isolamento, o público destacou a importância de momentos como este.
Ana Zorrinho nasceu em Santiago do Cacém em 1978. Além de escritora, é licenciada em Direito pela Universidade de Lisboa e fez formação teatral. Cresceu em Cerromaior e entre as suas gentes encontrou-se com a poesia de Manuel da Fonseca, que veio a interpretar em vários eventos. Tomou impulso da escrita, escreveu poemas para músicas e foi selecionada para integrar o Cancioneiro Infanto-Juvenil para a língua portuguesa, com o poema “Quem Canta em água tão fria… ”.
A representação também marcou o seu percurso e, nessa vertente, dirigiu durante 10 anos, o grupo de teatro da Sociedade Harmonia, direcionado a jovens. Nesse âmbito adoptou obras para teatro e concebeu guiões originais. Fez formação teatral e colaborou, enquanto actriz, com o grupo GATO SA. Actualmente, promove a leitura em sessões dirigidas a jovens do ensino secundário e integra um projecto de poeia em curtas metragens, intitulado: “Silêncios”.
Em 2019 lançou o livro ““Histórias de um tempo só”, contos de solidão e de velhice, de um retrato de um Alentejo acossado, e de gente esquecida.