Vítor Proença, presidente da Câmara Municipal de Alcácer do Sal: “Este é o mandato com maior ciclo de investimento público municipal de sempre”

O presidente da Câmara Municipal de Alcácer do Sal, Vítor Proença (CDU), está a concluir o segundo mandato marcado pelo forte investimento público municipal, o maior de sempre no concelho. Destaque para o Parque Urbano da Zona Nascente da cidade que estará concluído até final deste ano. O autarca pode recandidatar-se ao terceiro mandato e se receber o apoio da população avança como candidato nas eleições autárquicas de 2021. No combate à pandemia, o município já gastou um milhão de euros através de apoios e isenções à população, instituições e empresas.


Florindo Cardoso

Setúbal Mais – Quais os principais investimentos que estão previstos concluir até ao final do ano?
Vítor Proença
– Este é o mandato com maior ciclo de investimento público municipal de sempre e as obras que foram prometidas no nosso compromisso eleitoral vão ser executadas até ao final do ano. O Parque de Feiras, designado por Parque Urbano da Zona Nascente da cidade, é a maior obra alguma vez já feita pela Câmara Municipal de Alcácer do Sal. As infraestruturas na parte ambiental de Foros de Albergaria que consiste numa nova rede de esgotos e de abastecimento de água e uma nova estação de tratamento de águas residuais. A Estação de Tratamento de Águas Residuais da Comporta. O espaço lúdico do Arez e Vale do Guizo, terra onde nasceu o matemático Pedro Nunes, uma obra que ultrapassa os 300 mil euros. A iluminação cénica do património de Alcácer do Sal para o tornar mais majestoso. Já fizemos a primeira fase decorrendo a obra de maior volume, de 400 mil euros. Estas obras vão ser todas concretizadas e vamos realizar mais algumas que não foram alvo de compromisso eleitoral. Há uma intervenção que não é uma obra física, mas de grande importância, nos transportes urbanos, com a aquisição de dois autocarros, para a criação de três carreiras urbanas diárias na cidade de Alcácer para facilitar a vida aos idosos e àqueles que mais precisam que não têm veículo próprio.


S.M. – Uma das obras importantes devido ao turismo é a beneficiação do cais de atracação da margem sul de Alcácer?
V.P.
– Não foi uma obra prometida mas vai ser efectuada. Temos uma candidatura aprovada e vamos seguir em frente com ela a partir de Março. O investimento ascende aos 57.213,50 euros, e surge pela problemática apresentada pelo referido cais, que em situações de baixa-mar se torna inutilizável por não existir profundidade suficiente para acostagem e manobra de embarcações.


S.M. – Apesar da pandemia conseguiu concretizar os investimentos previstos?
V.P.
– Nunca pararam os investimentos municipais. Uma palavra de agradecimento às equipas técnicas da câmara municipal e aos empreiteiros que estão a trabalhar com o município. A câmara municipal está a pagar aos fornecedores, com um prazo médio de 20 dias e os empreiteiros consideram e relevam a grande capacidade e a prontidão da actuação da câmara municipal. Também os investimentos privados não pararam. Há um investimento público de grande volume, de 40 milhões de euros, na renovação dos canais de rega do Vale do Sado. Recordo que Alcácer do Sal é o primeiro produtor nacional de arroz, representando 30 por cento da produção do país. Esta obra de renovação dos canais também nunca parou. Felizmente, todas as obras tiveram continuidade.

S.M. – Os investimentos turísticos privados no concelho mantiveram-se?
V.P.
– Dos três hotéis previstos dois estão concluídos, o da Herdade da Barrosinha e a ampliação do Hotel de Vale do Gaio. A obra do Hotel Palácio do Sal, na cidade, está a decorrer e esperamos que seja concretizada em 2021. Temos outros projectos que estão em franco desenvolvimento, em particular na Comporta, na parte do concelho de Alcácer do Sal. Estamos a falar de um grande investimento na ADT2 (área de desenvolvimento turístico) a cargo da Vanguard Properties e que transformará completamente aquela zona do concelho. Este investimento engloba 289 mil metros de construção, um campo de golfe de 18 buracos, uma unidade residencial com 245 quartos, três aldeamentos turísticos, dois hotéis e dois aparthotéis. Outro investimento a decorrer também na Comporta é um aldeamento do Grupo Pestana, com cerca de 200 camas turísticas, e que esperamos que se inicie ainda em 2021. No caso da ADT2, a Vanguard já iniciou as obras de acessos rodoviários, seguindo-se as infraestruturas. Será um dos projectos turísticos mais importantes a nível nacional.


Governo não dá resposta a problemas:
“A pandemia do Covid-19 dá para justificar tudo”


Vítor Proença queixa-se da falta de resposta por parte do governo a problemas apresentados pela Câmara Municipal de Alcácer do Sal. Desde as obras de requalificação do IC1, entre Palma e a cidade, à carência de profissionais de saúde no concelho e no Litoral Alentejano.

S.M. – Em relação à reivindicação das obras de requalificação do IC1, na parte de Alcácer do Sal, há alguma novidade por parte do governo?
V.P.
– Não. O governo não responde à urgência da reparação do IC1, entre Palma e Alcácer do Sal, e nem sequer ao alargamento das bermas da estrada 253 que liga Alcácer à Comporta.


S.M. – A câmara queixa-se da falta de diálogo do Ministério da Saúde para resolver alguns problemas no concelho…
V.P.
– Refiro-me a um período anterior à pandemia, em que nós queríamos discutir os problemas existentes, e a minha palavra de revolta não é exclusivamente enquanto presidente da Câmara Municipal de Alcácer mas também como presidente da CIMAL (Comunidade Intermunicipal do Alentejo Litoral), juntamente como os meus quatro companheiros de Grândola, Santiago do Cacém, Sines e Odemira, porque não temos tido qualquer sinal positivo do Ministério da Saúde para atender aquilo que pedimos, mais médicos e enfermeiros e incentivos para os médicos não saírem desta região. Esta é uma região de excelência, que tem tudo para dar certo, mas faltam recursos humanos, porque o Estado português não investe em estímulos materiais para essas pessoas ficarem aqui. Na primeira oportunidade, esses profissionais de saúde vão para outras paragens, porque outras administrações regionais de saúde e entidades dão mais apoios e incentivos.


S.M. – Em relação aos outros ministérios do governo continua a haver falta de apoio?
V.P.
– Continua. Agora a pandemia do Covid-19 dá para justificar tudo. Os presidentes das câmaras municipais nunca se justificam com Covid-19, têm sempre uma reposta para o munícipe que nos procura porque conhece a nossa casa. Estamos sempre cá para receber as pessoas e encontrar soluções.


Em apoios e isenções:
“Câmara de Alcácer já gastou um milhão de euros”


S.M. – A pandemia causou grandes impactos na economia do concelho?
V.P.
– O impacto mais negativo foi a perda de vidas humanas. Parte de uma geração importante, que deu muito a Alcácer do Sal, já não está entre nós. São muitas pessoas. Uma parte dos falecidos são oriundos das estruturas residenciais para idosos e outros internados com Covid-19 no Hospital do Litoral Alentejano que já não regressaram a Alcácer do Sal. Do ponto de vista do comércio há estragos muito grandes, desde cafés, restaurantes a lojas. Infelizmente, extensível a outros sectores da economia.

S.M. – O que a câmara municipal tem feito para a ajudar a população vítima desta pandemia?
V.P.
– Do ponto de vista global, a câmara municipal já gastou um milhão de euros. Isto entre aquilo que deu directamente e as isenções que promoveu. Entrámos num segundo ciclo de isenções, como da factura da água para restaurantes, cafés, cabeleiros e esteticistas, entre outros, instituições particulares de solidariedade social, corporações de bombeiros e colectividades. A isenção da tarifa da água fixa e metade da variável para o tarifário social, destinado às pessoas mais carenciadas, de cerca de mil pessoas, e também isenção, até ao final deste ano, das rendas municipais de estabelecimentos e de quiosques e dos licenciamentos para as micro e pequenas empresas. Estamos a fornecer, diariamente, cestas básicas com produtos alimentares e bens indispensáveis para todas as pessoas confinadas. A câmara compra esses bens nos estabelecimentos comerciais entrega na casa das pessoas confinadas por prevenção ou porque estão doentes. Temos apoiado pessoas carenciadas em bens alimentares e medicamentos. Fornecemos cerca de 90 refeições diárias a alunos carenciados, em que as viaturas da câmara municipal e da junta de freguesia vão levar para sítios diferentes, muitas vezes a uma distância considerável. Fornecemos também cerca de 15 refeições diárias aos Bombeiros de Alcácer do Sal, através do refeitório do pré-escolar. Também tivemos um agradecimento da autoridade de saúde pública, por a câmara apoiar com um computador, um telefone e duas técnicas municipais para realizar, diariamente, um grande trabalho de apoio a esta estrutura. Quero sublinhar que todos os eleitos estiveram a trabalhar presencialmente, para liderar equipas e todos os meios técnicos, tendo e conta o estado em que vivemos que exige muita determinação e garra. É nestas alturas que se veem os líderes.


S.M. – Como presidente de câmara como está a viver toda esta situação da pandemia?
V.P.
– É difícil mas temos que ter confiança. A minha mensagem principal para a população de Alcácer e para todos é de confiança porque temos de ter lucidez, civismo, responsabilização pelos comportamentos individuais, estar o mais possível confinados e acreditar na ciência. Há pouco tempo, havia pessoas a dizer que só haveria vacinas em 2024 ou 2025. Não acreditavam. Há uma luz ao fundo do túnel. Infelizmente Portugal e a Europa não têm a quantidade de vacinas que deveriam ter, mas é preciso acreditar, não abandonar o esforço nem abrandar a vigilância, porque há uma luz ao fundo do túnel.



Vítor Proença admite recandidtar-se

Vítor Proença deverá recandidatar-se ao terceiro e último mandato à presidência da Câmara Municipal de Alcácer do Sal nas eleições autárquicas deste ano. Se a população quiser, o autarca está pronto para a batalha eleitoral.
S.M. – Ainda pode candidatar-se a um terceiro mandato nas eleições autárquicas deste ano. Já tomou uma decisão?
V.P. – Ainda é cedo para tomar uma decisão. Se sentir que a população de Alcácer do Sal está satisfeita e interessada na minha continuação na presidência, cá estarei como sempre estive, pronto para mais uma batalha eleitoral para servir o povo que me elegeu e não a mim, e que merece e que tanto respeito.