“Vinhos Solidários” ajudam associação de apoio a autistas

A Casa da Poesia de Setúbal e a casa Ermelinda Freitas voltam a unir-se numa causa solidária, ajudando uma instituição da região. As receitas das vendas das garrafas de vinho revertem a favor da APPDA.

 

Florindo Cardoso

A Casa da Poesia de Setúbal, em parceria com a Casa Ermelinda Freitas, realizou a 4.ª edição dos “Vinhos Solidários” a 25 de Novembro, na Casa da Baía, cujas receitas revertem a favor da APPDA Setúbal (Associação Portuguesa para as Perturbações do Desenvolvimento e Autismo), numa cerimónia que contou com a presença do vice-presidente da Câmara Municipal de Setúbal, Manuel Pisco, do presidente da União de Freguesias de Setúbal, Rui Canas, entre várias dezenas de convidados.

Alexandrina Pereira, presidente da Casa da Poesia de Setúbal, realçou que este evento, “sendo dos que mais trabalho nos dá na sua organização, é aquele que nos traz maior motivação porque a solidariedade habita na alma dos poetas”, frisando que “felizmente não só na alma de quem escreve poesia mas em todos os que corresponderam ao nosso apelo, e estão aqui connosco nesta nobre missão de apoiar as nossas instituições”.

“Nos estatutos da nossa associação, existe um artigo que é dedicado às nossas iniciativas solidárias, e cumprimos isso com o coração à frente de qualquer dificuldade”, disse a poetisa, adiantando que “temos a grata missão de sendo solidários e homenagearmos os nossos poetas e este ano quatro muito queridos da nossa cidade – Fernando Guerreiro, Carlos Rodrigues “Manuel Bola”, João Imaginário e João Calceteiro, infelizmente, todos eles já falecidos”.

Alexandrina Pereira salientou que “esperamos que a venda resulte, a bem da APPDA”, agradecendo a presença do presidente da junta de freguesia, “um grande amigo da Casa da Poesia de Setúbal e das suas iniciativas”.

Já Rui Canas sublinhou que é “com imenso prazer ver tanta gente à volta de duas coisas muito boas, vinhos e poesia, e quando eles se combinam, então ainda melhor” e sobretudo “quando o objectivo é elevado e os propósitos das pessoas que os movem, quer quem faz bons vinhos na nossa península quer quem faz boa poesia na nossa cidade, o produto final é bem melhor”.

O autarca disse que esta iniciativa “vem ganhando aderentes e merece a estima de todos nós, nomeadamente da União de Freguesias de Setúbal, somos parceiros do projecto da Casa da Poesia desde o primeiro momento e continuaremos convosco porque vale a pena, ao proporcionam momentos muito agradáveis como este”.

Rui Canas lembrou o papel solidário da empresária Leonor Freitas, que “está sempre connosco” e dos setubalenses que são “pessoas solidárias em várias causas”. “O resultado das vendas destes vinhos contribuem para resolver problemas na área social, e isso é muito importante e a Casa da Poesia está de parabéns”, concluiu o autarca.

José Bernardo, presidente da APPDA, corroborou as palavras de Rui Canas, reafirmando que “Setúbal é uma cidade solidária e agradeço todo o apoio que nos têm dado”, agradecendo à Casa da Poesia e a Casa Ermelinda Freitas por realizar este evento solidário que ajudará a instituição.

Manuel Pisco elogiou o evento solidário, afirmando que “a poesia é a descoberta do sentido de vida, sobretudo da vida difícil, do quê e do porquê das coisas”. “Faz muito sentido esta iniciativa em que a poesia melhora a vida difícil de alguns de nós”, adiantou o vice-presidente do município sadino.

APPDA quer construir “Casa respiro”

A APPDA Setúbal (Associação Portuguesa para as Perturbações do Desenvolvimento e Autismo) pretende avançar com o projecto de construção da “Casa Respiro”, na Brejoeira, em Azeitão, em 2019. Um investimento de dois milhões de euros.

Jorge Bernardo, presidente da direcção da APPDA Setúbal, explica que “a Câmara Municipal de Setúbal cedeu-nos há vários anos um terreno com 2.400 metros quadrados, em Pinhal de Negreiros, e mais tarde disponibilizou uma arquitecta da autarquia para começar a desenvolver o projecto” deste equipamento social, e “concluiu-se que o terreno era muito pequeno e então a própria câmara procurou um maior, com 8 mil metros quadrados, mas há ainda aspectos legais para resolver antes de fazer-nos a cedência do mesmo”.

“Neste momento estamos à espera que os aspectos legais sejam resolvidos para termos o terreno e provavelmente isso acontecerá até ao final de 2019, e a mesma arquitecta vai trabalhar no desenvolvimento deste projecto, que na realidade será uma adaptação do anterior”, afirma o responsável.

Jorge Bernardo salienta que trata-se de um edifício com um terreno amplo, onde funcionará a nossa sede, o Centro de Acompanhamento e Reabilitação, o Centro de Actividades ocupacionais para 30 utentes e um lar residencial para 12 pessoas, com refeitório, lavandaria, ginásio, salas de terapia, com “todas as condições necessárias para a associação puder funcionar de uma forma condigna”.

“Este projecto vai ser desenvolvido de raiz para este apoio e cumprir com todos os requisitos da Segurança Social e como tal vamos concorrer a subsídios para a sua construção para construção e funcionamento do equipamento”, afirma ainda Jorge Bernardo, relevando que o investimento pode ser superior a 2 milhões de euros. “Temos os pés bem assentes na terra, e vamos avançar com uma construção modular, de modo a arrancar com serviços a par das nossas capacidades”, assegura o dirigente.

“Temos famílias desesperadas a chorar ‘lágrimas de sangue’, porque não sabem onde colocar os seus jovens porque a partir dos 18 anos, estes deixam de existir para o Ministério da Educação”, lamenta Jorge Bernardo, acrescentando que “ou conseguimos arranjar centros de actividades ocupacionais para receber estes jovens autistas e as famílias puderem continuar a viver o seu dia-a-dia normal, ou então as famílias têm um problema gravíssimo e algumas mães têm de largar o emprego para tomar conta dos filhos”.

A “Casa Respiro” tem como finalidade máxima promover a autonomia e integração social das pessoas com PEA (Perturbações do Espectro do Autismo), reforçando constantemente os laços familiares, a aquisição de competências e capacidades pessoais, sociais, académicas e profissionais. Pretende-se proporcionar às pessoas com PEA a possibilidade de exercer uma actividade remunerada, tendo por base um sistema de simuladores que compreende empresas de vários sectores económicos, numa lógica de desenvolvimento integrado – emprego protegido.

Outra área fundamental é a residencial, permanente, temporária ou ocasional, de acordo com as necessidades das pessoas com PEA e famílias, que se possa transformar na sua segunda residência com todos os apoios e com um carácter familiar, fundamentais para a qualidade de vida destas pessoas.

O “Respiro” disponibilizará os seguintes serviços: avaliação; terapias e acompanhamento médico; actividades de desenvolvimento de competências; Centro de Actividades Ocupacionais; residência (permanente / temporária / ocasional).

A APPDA de Setúbal, fundada em 2005 por um grupo de pais e técnicos que consideram indispensável a constituição de uma associação que promova o desenvolvimento, a educação, a integração social e a participação na vida activa das pessoas com PEA, no distrito de Setúbal, tem uma sede e um centro a funcionar e neste momento pretende-se arrancar com o centro de actividades ocupacionais. Tem cerca de 170 sócios e dá resposta a 111 jovens da península de Setúbal.