Presidentes dos municípios de Setúbal, Grândola e Alcácer do Sal exigem preços mais acessíveis para travessia do Sado

Os presidentes dos municípios de Setúbal (André Martins), Grândola (António Figueira Mendes) e Alcácer do Sal (Vítor Proença) exigem ao governo e à Área Metropolitana de Lisboa (AML) que encontrem soluções para que os preços das ligações fluviais entre a cidade sadina e Tróia, feita pela Atlantic Ferries, sejam mais baratos e a possibilidade de associar o passe Navegante à travessia.

Numa conferência de imprensa conjunta dos três autarcas do distrito de Setúbal, realizada a 12 de setembro no Forte de S. Filipe, André Martins, defendeu a necessidade de intervenção das duas entidades porque “infelizmente, é cada vez mais uma barreira à mobilidade entre as duas margens, devido aos elevados preços praticados no transporte fluvial”.

Uma das soluções apontadas por André Martins, passa pela “entrega do serviço público de transportes da travessia fluvial às entidades públicas com competências nesta matéria, como é o caso da AML”, pois este serviço “deve deixar de estar condicionado por um contrato de concessão gerido pela administração portuária”.

O autarca defendeu ainda que deve equacionada a hipótese de incluir esta travessia no passe Navegante, “permitindo diminuir os custos para as populações que necessitam de atravessar, diariamente, as duas margens do Sado”.

Para os autarcas, a AML e o Governo “devem assumir as suas responsabilidades para alterar a atual situação e criar as condições necessárias de mobilidade de pessoas e bens para a península de Tróia”, melhorando o acesso das populações da AML ao Litoral Alentejano.

Os presidentes destes municípios consideram que esta travessia “é uma ligação essencial ao desenvolvimento económico, bem como à coesão social, dos territórios” de Setúbal, Alcácer do Sal e Grândola, defendendo que devem ser encontradas, em conjunto com a Área Metropolitana de Lisboa e o Governo, “soluções e caminhos que façam do Sado, no que diz respeito à mobilidade de pessoas e bens, um elo de ligação acessível e claramente alternativo a outras opções rodoviárias, tanto do ponto de vista económico, como do ponto de vista ambiental”.

Os tarifários cobrados na travessia do rio Sado “podem, em algumas circunstâncias, ser mais elevados do que fazer a viagem para aquele território por autoestrada, com passagem por Alcácer e rumando depois à Comporta”.

Com o tarifário atual, “quem quiser atravessar o Sado com a sua viatura no ferryboat terá de pagar 19,60 euros, com o condutor incluído, mais 5,60 euros pelo primeiro passageiro e 4,30 euros por cada um dos restantes”, o que para uma viatura com quatro pessoas totaliza 33,80 euros por viagem, “mais do que algumas viagens para destinos europeus em companhias de aviação lowcost”. Se a viagem se realizar no catamarã, que apenas transporta passageiros, o percurso de ida e volta tem o custo de 8,80 euros.

“Utilizando um carro ligeiro a gasolina, o custo da viagem para quatro pessoas continua a ser ligeiramente mais baixo do que se utilizarmos o barco, o que, naturalmente, afasta da travessia muitos potenciais utentes, que preferem utilizar a sua viatura com a comodidade que lhe é sempre associada e, claro, a consequente pegada ecológica”, lamentam os autarcas de Setúbal, Alcácer do Sal e Grândola.

A península de Troia tem um “papel fundamental” na relação de toda a Área Metropolitana de Lisboa com o Litoral Alentejano, “seja na deslocação de mão de obra, seja no acesso a equipamentos turísticos e zonas balneares, seja, ainda, no abastecimento de variadíssimas matérias aquela área”.

A travessia do Sado viabiliza, igualmente, o acesso de um elevado número de pessoas que trabalham em ambos os lados do rio e “não pode, por isso, com os preços praticados, continuar a constituir um obstáculo à deslocação destas pessoas”.

Tendo em conta a dimensão do problema de que “resultam condicionamentos à circulação de pessoas e bens”, os presidentes das câmaras municipais de Setúbal, Alcácer do Sal e Grândola consideram que “o Estado não pode continuar a desresponsabilizar-se. Do nosso lado, estamos totalmente disponíveis para, no contexto de soluções negociadas, contribuir para soluções equilibradas em prol das populações”.