Presidente da República inaugura Museu da Música Mecânica: Caixa da música erguida no meio do campo

O coleccionador Luís Cangueiro juntou mais de 600 peças, algumas raras, ao longo de três décadas que fazem parte do novo Museu da Casa da Música Mecânica erguido em Arraiados, numa zona rural do concelho de Palmela. O equipamento inaugurado pelo Presidente da República é único no país.

 

Florindo Cardoso

 

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, inaugurou na passada terça-feira, dia 4 de Outubro, o Museu da Música Mecânica, o primeiro no país, na localidade rural de Arraiados, concelho de Palmela. Trata-se de um projecto particular, do coleccionador Luís Cangueiro, que investiu milhares de euros, sem apoios de ninguém, neste museu com peças raras a nível mundial.

“Este museu é ao mesmo tempo musical, tecnológico e sentimental” disse Marcelo Rebelo de Sousa, frisando que aqui “estamos em contacto com objectos de arte, construídos por artífices, que se foram perdendo, com as décadas ou séculos, mas que indicam uma inventiva e uma minúcia assinaláveis”. “É uma pequena história da vida privada” que “nos transporta para um tempo”, onde “os objectos falam-nos”, disse.

“Ao percorrermos este museu e ao agradecer a quem o concebeu e concretizou, transportando para um objectivo de vida, não podemos deixar de ficarmos emocionados por alguém ter dedicado um parte fundamental da sua vida e gratos porque há um sentido social e comunitário, de servir a comunidade”, sublinhou o Presidente da República.

Luís Cangueiro afirmou que a presença do chefe de Estado na inauguração é “o reconhecimento de um projecto privado em prol da cultura” realçando que “este é o legado que pretendo deixar ao meu país”. “Existem museus de música de mecânica em todo o mundo, principalmente na Europa e nos Estados Unidos da América, e o nosso país passa também a ter o seu”, disse.

“Um dia tive um sonho que durou longos quinze anos mas estou a viver o momento alto da sua concretização”, desabafou Luís Cangueiro, lembrando que “dediquei uma parte da minha vida a reunir um acervo com mais de 600 peças, que se balizam entre os finais do séc. XIX e os anos 30 do século XX e que representam uma pequena parte da memória da humanidade”.

Já o presidente da Câmara Municipal de Palmela, Álvaro Amaro, sublinhou que este museu será “uma nova oferta turístico-cultural e um pólo didáctico ou pedagógico”, atraindo público nacional e internacional, mostrando disponibilidade da autarquia em estabelecer uma parceria com este equipamento enquanto extensão museológica do Museu Municipal.

“O entusiasmo, a visão e a resiliência de Luís Cangueiro e a sua família ao longo destes onze anos, garantiu a nossa presença quer para benefício para a freguesia de Pinhal Novo quer para usufruto de todos os visitantes que esperamos que sejam muitos”, adiantou o edil.

O museu da Música Mecânica, com a área de 1.020 metros quadrados (m2), projectado pelo arquitecto Miguel Marcelino, consiste numa caixa totalmente fechada, que pretende estabelecer um certo paralelismo com uma caixa de música. O alçado principal apresenta uma concavidade que traz à memória as campânulas dos fonógrafos e dos gramofones e assinala a entrada do edifício. O visitante tem a oportunidade de ver centenas de instrumentos mecânicos, distribuídos por cinco galerias expositivas, dispostas em redor de um pátio central. Uma escadaria e o elevador conduzem à sala documental, ao auditório com 70 lugares e à sala multiusos.

O equipamento que tem como missão o estudo, preservação, valorização, divulgação e fruição de uma colecção particular, integra várias valências – área expositiva, sala documental (reúne uma importante bibliografia temática, documentação de época e milhares de fonogramas), auditório, sala multiusos, loja, cafetaria – que numa perspectiva integrada promoverá exposições, espectáculos, workshops, conferências, reuniões de trabalho, festas de aniversário e outros eventos de cariz cultural, educativo e de lazer.