A Biblioteca Municipal de Palmela recebeu a 26 de setembro a 5.ª conferência que assinala o 20.º aniversário da SIMARSUL – Saneamento da Península de Setúbal, e que integra o “Ciclo de Conferências – 20 anos a Tratar o Futuro da Região” para celebrar os impactos positivos de duas décadas de serviço público de saneamento na Península de Setúbal e fazer um balanço do projeto transformador do território e projetar e discutir as perspetivas futuras em estreita articulação com cada município parceiro e de forma próxima com a comunidade e os principais stakeholders da Simarsul.
O tema “Importância das Parcerias para o desempenho Ambiental”, esteve em análise em Palmela, um concelho onde, sublinhou Álvaro Amaro, presidente da Câmara Municipal de Palmela, é marcado por uma cultura onde as parcerias estão no seu adn – “porque é uma mais-valia o desenvolvimento de trabalho concertado”, disse o edil.
Álvaro Amaro salientou a importância da parceria existente entre a Simarsul, município de Palmela e o tecido empresarial do concelho, como contributo para a melhoria da qualidade de vida, referiu o caso específico da empresa Ermelinda de Freitas, que classificou um caso de estudo, um caso de sucesso, que é demonstrativo como o interesse público e o interesse privado pode visar a concretização de objetivos comuns, de promoção do desenvolvimento sustentável, preservação do ambiente e valorização da economia.
A finalizar a sua intervenção, o autarca alertou para a importância da recente criação da NUT de Setúbal, e, considerou que tal deve ser um contributo para continuar a existir investimentos e estratégias de desenvolvimento de uma região sustentável.
José Manuel Sardinha, vice-presidente do Grupo Águas de Portugal, com base em experiência vivida, afirmou que a Simarsul, desde a primeira hora, integrou o conceito de parceria no seu modelo de gestão, quer na relação com os municípios, quer com o tecido empresarial da região.
O responsável sublinhou que foi com fruto dessas parcerias, que se concretizaram projetos que conduziram à criação da maior rede de reutilização de água do país, a qual conta com uma extensão de 160 km de rede, enquanto, noutros pontos do país, essas redes atingem cerca de 10 km – “este um investimento na ordem de 2 milhões de euros, que, atualmente, seria impossível realizar”, afirmando, isto “é o resultado de parcerias”.
José Manuel Sardinha recordou, ainda, outros exemplos que considerou pioneiros, como o caso de tratamento dos efluentes realizado em parceria com as empresas das Queijarias de Azeitão, um esforço de investimento, que beneficiou quer a SIMARSUL, quer as empresas, e, quem ganhou foi o ambiente e a economia da região. Igualmente, destacou o acordo com Estado, visando o tratamento das águas residuais dos navios que entravam no estuário do Rio Tejo; a criação da ETAR da Autoeuropa, e, a estratégia concertada com os suinicultores no concelho do Montijo.
José Manuel Sardinha, valorizou o contributo dos trabalhadores da Simarsul, dos quadros da empresa, que nestes 20 anos colocaram sempre o seu saber, o seu conhecimento e as suas convicções ao serviço da região, colaborando com os municípios e com os agentes económicos, estabelecendo, desta forma, parcerias de confiança.
No decorrer a Mesa Redonda, moderada por António Ventura, vice-presidente da AdP Internacional, ex-presidente do Conselho de Administração da Simarsul, este recordou que a estratégia da empresa, ao longo dos seus 20 anos, foi sempre de promoção de parcerias, as quais foram uma mais valia que contribuiu para valorizar os recursos dos municípios e das empresas, para preservar o ambiente e desenvolver a economia da região.
João Faim, da Câmara Municipal de Palmela, sublinhou a preocupação da autarquia, desde sempre, de preservar o ambiente, num concelho de 465 km2, com área rural, industrial e urbana, onde, pela diversidade territorial foi exigidos grandes investimentos, neste contexto, sublinhou o contributo das boas relações com a Simarsul, que permitiram resolver problemas graves no território, dando o exemplo de caso de sucesso concretizado pela parceria Simarsul, município e a empresa Ermelinda de Freitas.
Rui Sequeira, da APA – Agência Portuguesa do Ambiente, considerou que, no terreno, na ação da agência, é mais importante desenvolver medidas de colaboração com os agentes económicos que dinamizar opções por medidas coercivas, que, na prática, não resolvem os problemas, porque o mais importante é envolver os agentes económicos na procura de soluções.
Leonor de Freitas, presidente do Conselho de Administração da Casa Ermelinda de Freitas, afirmou que assumiu, com consciência e responsabilidade social, que a sua empresa tinha que resolver a resolução dos problemas ambientais resultantes da sua atividade, e, tal, foi concretizado com o apoio indispensável da SIMARSUL, da Câmara Municipal de Palmela e da APA – Agência Portuguesa do Ambiente, e o envolvimento do Politécnico de Setúbal, parceiros fundamentais. Salientou que as medidas desenvolvidas foram geradoras de poupanças de água, poupanças financeiras e contribuíram para a formação dos seus colaboradores e alunos, futuros profissionais do setor.
Susana Coito, diretora-geral da empresa RAPORAL, recordou que a sua empresa adquiriu licença ambiental em 2007, mas, quando da renovação em 2014, colocaram-se novos desafios, e, na realidade foi a parceria com a APA, com SIMARSUL e Câmara Municipal de Montijo, que contribuiu para implementar uma estratégia inovadora que vai conduzir à inauguração, dentro de um mês, de uma nova ETAR, que “queremos que fique como um exemplo para daqui a 20 anos”, disse.
Ana Cruz, da SGL Composites – antiga FISIPE – no concelho do Barreiro, recordou que a empresa manteve uma descarga autorizada para o Rio Tejo, mas, perante nova legislação, a situação alterou-se.
Referiu que foi através do diálogo com a SIMARSUL, de forma excelente, que foram desenvolvidas os projetos para resolver os problemas das descargas e melhorar a gestão dos efluentes da empresa.
Nuno Maia, diretor-geral da AISET – Associação da Indústria da Península de Setúbal, saudou os três exemplos de boas prática ambientais, apresentados na sessão, relacionados com três empresas que são membros da AISET, esta, disse, é uma realidade que demonstra ser possível compatibilizar a atividade industrial, com a preservação do ambiente e a promoção do turismo.
Na sua intervenção afirmou que existe um “tsunami” legislativo oriundo da Europa que coloca problemas e dificuldades às empresas, sendo necessário, pensar formas de auxiliar o tecido empresarial na concretização das exigências europeias e encontrar soluções.
A encerrar a sessão Francisco Narciso, Presidente do Conselho de Administração da Simarsul, salientou que 20 anos é uma idade bonita que não pode deixar de ser assinalada, por essa razão estão a ser realizadas o ciclo de conferências, em parceria com os municípios, em contacto com os nossos stakeholders, ouvindo em particular as populações servidas, os municípios, a academia e os promotores de atividades económicas.
O responsável sublinhou que “o diálogo e as parcerias alargadas são cada vez mais indispensáveis para o futuro, assim como comunidades mais informadas e ativas em defesa da preservação do ambiente e da saúde pública”.
Francisco Narciso, salientou que, estas, não são apenas sessões para assinalar os 20 anos, são assim também oportunidades de refletir sobre o futuro e evidenciar a importância das parcerias alargadas; a importância do diálogo com todos e a importância de ouvirmos as populações.
“A nossa mensagem é 20 anos a tratar o futuro, ontem, hoje e amanhã, de forma participada”, sublinhou o presidente do Conselho de Administração da Simarsul, acrescentando que, estas conferências são uma forma de dar visibilidade ao trabalho conjunto de décadas e destas grandes parcerias que visaram a elevação do desempenho ambiental, a sustentabilidade, e, também a atratividade e competitividade do território.