Museu de Setúbal fechado para obras até 2018: Investimento de 1,5 milhões na requalificação

O Museu de Setúbal, no Convento de Jesus, está encerrado ao público até ao final de 2018 devido à realização de obras de reabilitação, num investimento superior a 1,5 milhões de euros, que conta com financiamento comunitário de 50 por cento do montante resultante de uma candidatura da autarquia ao Lisb@a 2020 – Programa Operacional Regional de Lisboa, no âmbito do Portugal 2020.

Setúbal – Fachada da Igreja de Jesus

A intervenção centra-se em dois volumes de trabalho distintos. Um é dedicado ao Convento de Jesus, com beneficiações nas alas Este e Norte e nos Claustros, enquanto o outro diz respeito à Igreja de Jesus e ao Coro Alto.

As obras nestes locais consistem na execução das diferentes especialidades que integram o procedimento, nomeadamente arquitectura, estrutura, instalações mecânicas e redes de drenagem de águas pluviais e residuais e de abastecimento de água. A empreitada inclui ainda instalações eléctricas, de telecomunicações, de segurança contra incêndios e de alarme contra intrusão e redes de vigilância por circuito fechado de televisão e de gestão técnica centralizada, conservação e restauro e arqueologia.

Nesta nova fase do programa de beneficiação do monumento nacional, a Câmara Municipal de Setúbal pretende ainda reconstruir áreas que se encontram bastante degradadas, concretamente a cobertura da cabeceira da Igreja de Jesus, bem como a cobertura do corpo principal do templo e da sala do Coro Alto.

As intervenções visam ainda a reconstrução desta sala, que inclui reedificação do pavimento, reforço estrutural de alguns elementos do espaço, preservação dos tirantes existentes e aplicação de novos e, ainda, conservação e restauro de todo o património integrado e arquitetónico. Está igualmente prevista a reconstrução integral da torre sineira, devido a razões de segurança, o que obrigou, recentemente, a aplicar um escoramento integral em todo o seu desenvolvimento interior.

Recorde-se que o Convento de Jesus, após mais de duas décadas de encerramento por razões de segurança, reabriu parcialmente em Junho de 2015, nomeadamente com núcleos expositivos, após obras impulsionadas pela Câmara Municipal de Setúbal, que se substituiu ao Estado com vista a travar a degradação do imóvel do século XV. A autarquia sadina assumiu as contrapartidas financeiras que deveriam ser suportadas pelo Estado, proprietário deste monumento nacional, para proceder a essa reabilitação parcial do edifício, num investimento da ordem dos 3,6 milhões de euros que contou com comparticipação de fundos comunitários com uma taxa de 65 por cento. A autarquia assumiu a liderança do processo de requalificação do Convento de Jesus após a assinatura de um protocolo com a Direcção-Geral de Património e Cultura (antigo IGESPAR – Instituto de Gestão do Património Arquitetónico e Arqueológico), que, por incapacidade orçamental para a realização das obras, cedeu a posição de beneficiário da candidatura comunitária ao município setubalense.

O Convento de Jesus, monumento nacional do período manuelino, foi o local escolhido para a ratificação do Tratado de Tordesilhas, que dividiu o mundo entre Portugal e Espanha, em 1494.


Construção de parque de estacionamento

Câmara acusa misericórdia de “vergonha”

O parque de estacionamento que está a ser construído nas traseiras do convento está a causar uma polémica com a Santa Casa da Misericórdia de Setúbal, proprietária de uma parcela de terreno, onde decorre a obra.

“A Misericórdia de Setúbal continua com uma atitude de má memória em relação aquele espaço de estacionamento e vamos resolver isso de outra forma”, garantiu a presidente da Câmara Municipal de Setúbal Maria das Dores Meira, na reunião pública do executivo camarário de 2 de Novembro, quando questionada por um vereador do PS sobre o problema surgido com a Santa Casa.

Para a edil sadina “estão em causa os interesses das pessoas que ali moram e das que irão visitar o Convento de Jesus porque precisam de um estacionamento devidamente organizado”.

A Câmara Municipal de Setúbal já “se despôs a fazer o estacionamento no terreno que é da Santa Casa e no nosso terreno” mas “as exigências de quem nunca fez nada por este município são excessivas e não faz sentido nenhum”.

“Chegámos a ter um processo de quase chantagem, é a palavra certa, quando começámos a fazer a obra num edifício que é monumento nacional, e a Santa Casa teve o desplante de dizer que essa área era dela, exigindo uma série de contrapartidas”, referindo à primeira obra de requalificação do imóvel. “Tive de tomar uma posição de força e consegui provar que o terreno não era dele, e se não fosse assim, ainda hoje tínhamos o Convento de Jesus a cair aos bocados”, acusou a autarca, referindo à requalificação do imóvel em 2015.

Maria das Dores Meira acusa ainda a Santa Casa de “vergonha” e em relação a esta parcela de terreno para o estacionamento “vamos resolver de outra forma que a seu tempo de saberá porque não ficar ali um bocado de terra”. “O interesse público fala mais alto do que o senhor provedor vai querer em relação aquele bocado de terra”, concluiu a autarca.