Experimentáculo entra em 2024 com espetáculo “Fado Bicha”

A Experimentáculo entra em 2024 com uma grande novidade: durante o próximo ano, vamos retornar à organização de concertos, com a apresentação de um espectáculo por mês na Casa da Cultura de Setúbal, integrado no ciclo Emergências. Este é um regresso após uma pausa de três anos, interrompida apenas para a edição-especial do festival Fuminho, que aconteceu em circunstâncias especiais em 2021 por causa da pandemia da covid-19.

O primeiro concerto acontece já no dia 3 de Fevereiro, com o projecto Fado Bicha. Este é um regresso da banda a Setúbal, depois de terem actuado precisamente no festival Fuminho. Agora fazem-no com um novo espectáculo: Fado Bicha mata o Fado, com amor. Fado Bicha é um projecto musical, performativo e activista criado por Lila Fadista, na voz e nas letras, e João Caçador, na composição e instrumentos. Tomando o fado como principal ferramenta de trabalho, propõem-se a uma exploração livre desse património, que ultrapassa algumas das barreiras rígidas do fado tradicional atual, particularmente a normatividade de género e o apagamento das contribuições e das experiências das pessoas LGBTI, esticando musical e liricamente as fronteiras do seu domínio.

Mas há mais. A 17 de Março subirá ao palco da Casa da Cultura de Setúbal a artista pop-política-experimental Mary Ocher, que tem um novo disco em carteira cheio de colaborações, com os Mogwai, Red Axes, o compositor Roberto Cacciapaglia e os bateristas Your Government. Não é a primeira vez de Mary Ocher em Portugal, mas é uma estreia em Setúbal, ela que recentemente foi convidada pelos Animal Collective para tocar no festival Le Guess Who?, editou um EP para recolher fundos para a Ucrânia e foi a curadora de uma compilação que procura ajudar na educação de raparigas no Afeganistão.

Também em Março, mas logo no dia 2, é altura para o concerto de Vacas Exaustas, um grito de liberdade que conta através das suas canções a trajectória dos corpos femininos exaustos pela invisibilidade das suas tarefas diárias pouco reconhecidas e pela escassez dos seus direitos. Vitória Faria, nascida no berço da cultura popular brasileira, traz para o repertório o Acordeão (instrumento que toca desde os 10 anos de idade) como um dos protagonistas, em diálogo com a sua voz e a banda. Dessa união entre acordeão e banda, rural e urbano, sonoridades inéditas podem ser apreciadas. O espectáculo transita entre elementos sonoros de ritmos tradicionais da música brasileira, da world music e do rock and roll.

Depois em Abril, no dia 6, é a vez de Peter Wood. O guitarrista reinventou o folk do Cacém no último ano, com um dos melhores álbuns da música portuguesa de 2023 para várias publicações especializadas, cruzando o jazz, o fingerpicking e o bluegrass com a música portuguesa de raiz mais tradicional, projectando a sua guitarra acústica para texturas e panoramas novos.

Durante os próximos meses a Experimentáculo vai continuar a trazer a Setúbal alguns dos melhores nomes da música actual, trabalhando das margens para o centro, procurando conciliar nomes emergentes com outros consolidados, artistas nacionais e internacionais e sem estar nunca limitado a um só género ou estilo. Por isso, o convite é lançado a todos os que gostam de boa música, de conhecer novos nomes e que estão dispostos a alargar os seus horizontes musicais.