Eugénio Fonseca: Um testemunho de cristão e de cidadão

O professor Eugénio Fonseca acaba de cessar as suas funções de Presidente Diocesano da Caritas, continuando, todavia, a exercer a sua missão de Presidente Nacional da mesma Instituição. Durante 30 anos serviu, dedicada e exemplarmente, esta nobre missão de estar ao serviço da Caritas diocesana e de, através dela, os mais pobres e excluídos e um lutador pela justiça social e pela solidariedade (caridade).

Ele é bem um testemunho vivo e marcante de discípulo de Jesus e um destacado cidadão deste país. Bem merecidas, pois, as palavras de gratidão que o Sr. Bispo D. José lhe dirigiu em nome da diocese.

Se as razões apresentadas pelo próprio para o pedido da sua demissão, algumas expressas, humildemente, por ele, tais como a sua incapacidade em conseguir certos consensos na diocese, não podemos, por amor à verdade, deixar de acreditar que outras se encontrarão na muita dor e amargura interior que lhe terão causado a falta de colaboração, indiferença e azedume que sentiu, também, da parte de algumas pessoas com responsabilidades pastorais na diocese.

É de elementar justiça, também, pela cooperação com a paróquia de Nª Srª da Conceição, prestar-lhe, pessoalmente, e, em breves palavras, a nossa gratidão.
Homem apaixonado por Jesus Cristo e pelo Evangelho da Boa Nova aos pobres e oprimidos, imprime e transmite um vigor e uma clareza de convicções que geram inquietações e congregam esforços e boas vontades.

Na doutrina social da Igreja e na análise sociológica ele encontra impulsos e rasgos que imprimiram à Caritas Diocesana um dinamismo de inclusão social dos pobres.
Ele sabe articular e entrelaçar a acção social directa, o apoio imediato aos mais pobres e às vítimas de catástrofes, com uma Assistência social eficiente e criteriosa, (evitando o assistencialismo) não se esquecendo de envolver a sua acção e missão no combate à erradicação ou minimização das causas da pobreza. Por isso, a sua intervenção e acção assumem a dimensão social e política da fé e do Evangelho rumo a um mundo mais justo e fraterno.

Convicto de que a caridade, como a doutrina social da Igreja, (além do Evangelho!) é elemento constitutivo e unificador da vida cristã e da acção eclesial, bem tentou a implementação no terreno do Documento da Comissão episcopal da pastoral Social e Mobilidade, “Serviços paroquiais de Acção Social”, pese, embora, as dificuldades encontradas.

Impulsionado por uma Fé profunda em Jesus Cristo salvador, como que escondeu no dom da sua vida os graves problemas de saúde que, em certos momentos, o afectaram, mas não o impediram de coordenar e dinamizar a Caritas diocesana.

Muitas foram as dioceses do País, religiosas e civis que lhe solicitaram a sua reflexão e intervenção em Conferências, Colóquios e de outras formas.

Foram muitos os campos em que a sua acção e reflexão, numa disponibilidade total, se fez sentir, desde a animação da Caritas diocesana, à construção de vários Dispositivos de Acção social diocesanos ou locais, ao apoio a alguns Centros paroquiais em dificuldades e ao Centro Jovem Tabor, membro de algumas Instituições civis, ou disponibilizando a sua rede de muitos e múltiplos contactos de que era possuidor.

Poderíamos dizer, que Eugénio da Fonseca, discípulo de Jesus, soube estar no “pátio dos gentios”, com a sua identidade e testemunho cristão, tornando-se respeitado e admirado, razões de sobra para que a Assembleia da República e a Câmara Municipal de Setúbal, nomeadamente, o distinguissem com as mais altas condecorações.

Que os frutos do seu trabalho se prolonguem e multipliquem nos novos responsáveis da Caritas diocesana.

Obrigado, professor Eugénio Fonseca
Padre Constantino Alves