EUA, Singapura e China disputam Sines: Porto e plataforma atraem investimento estrangeiro

O porto de Sines e a plataforma industrial e logística, gerida pela Aicep (Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal), estão a despertar a atenção de investidores internacionais, com destaque para os Estados Unidos da América (EUA), China e Singapura. Os EUA querem abastecer navios no porto de Sines com gás natural, enquanto a PSA ( Autoridade Portuária de Singapura) pretende ampliar o terminal de contentores. Os chineses apostam na plataforma industrial e logística para exportar os seus produtos para a Europa.

O interesse norte-americano manifestou-se recentemente com a visita de Robert Sherman, embaixador dos EUA em Portugal, ao complexo industrial, logístico e portuário de Sines, sendo recebido pelo então presidente da APS – Administração dos Portos de Sines e Algarve, João Franco, tendo este sido substituído por José Luís Cacho. O diplomata reuniu ainda com o CEO da Aicep Global Parques, Francisco Mendes Palma, que gere a ZILS – Zona Industrial e Logística de Sines, a maior área de localização para unidades industriais e logísticas da Península Ibérica, com mais de dois hectares de espaços vocacionados para actividades industriais, logísticas e de serviços.

Esta visita de Robert Sherman a Sines prende-se com o interesse dos EUA em financiarem uma plataforma de abastecimento e distribuição de gás natural para navios na fachada atlântica da Europa. O gás natural será o combustível do futuro para os grandes navios, sendo Setúbal o porto mais importante e próximo do Canal de Pananá.

Os empresários chineses também estão de olho em Sines e isso ficou patente na recente visita oficial do primeiro-ministro António Costa à República Popular da China, que resultou num memorando de entendimento entre o Haitong Bank e o China Development Bank para investir na plataforma industrial e logística da região alentejana. “O AICEP Global Parques, o China Development Bank e o Haitong Bank pretendem explorar o eventual desenvolvimento de uma plataforma logística na ZILS (…), identificando potenciais investidores chineses interessados no negócio industrial e de logística”, refere o memorando de entendimento.

Os chineses pretendem que produtos fabricados na China ou em alto mar possam ser montados e concluídos em Sines, com o selo da União Europeia, exportando assim para o espaço comunitário, sem qualquer barreira aduaneira. Recorde-se que o porto de Ningbo, um dos que movimenta mais mercadorias na China e no mundo, já demonstrou este ano vontade de investir na plataforma logística de Sines, após a visita de uma delegação de administradores ao porto alentejano, no ano passado.

O novo presidente da APS e a ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, têm um dossier para resolver no porto de Sines que passa pela ampliação do actual terminal de contentores. Há vários anos que a PSA, concessionária do terminal de contentores de Sines, assinou um memorando de entendimento com o Estado português, no sentido de investir 160 milhões de euros, em troca do alargamento do prazo de concessão. Um dos primeiros sinais no sentido da resolução deste impasse surgiu há cerca de um mês, quando o Ministério do Planeamento e das Infraestruturas aceitou o projecto de ampliação do molhe Leste do porto de Sines (3ª fase) e convidou a APS a apresentar candidatura aos fundos comunitários do Portugal 2020 para esta obra orçada em cerca de 40 milhões de euros. Esta obra é a parte que cabe ao Estado português investir, cabendo os restantes 160 milhões de ampliação do Terminal XXI à PSA de Singapura.