Entrevista com Nuno Canta, presidente da Câmara Municipal do Montijo


“Sempre defendi que o aeroporto deveria ser construído na margem sul”

Nuno Canta cumpre o primeiro ano do segundo mandato como presidente da Câmara Municipal do Montijo, eleito com maioria absoluta, pelo Partido Socialista. O autarca reconhece que a construção do novo aeroporto na Base Aérea n.º 6, do Montijo, marcará o seu mandato e mostra-se confiante na aprovação do projecto pela Agência Portuguesa do Ambiente, que deverá apresentar a sua posição sobre o Estudo de Impacte Ambiental ainda neste primeiro trimestre de 2019.

O município do Montijo está na crista da onda com o novo aeroporto a ser a mola real deste mandato, que começou há pouco mais de um ano, porque como refere o presidente da câmara municipal, Nuno Canta, “é um investimento não só do Montijo, mas de toda a região, do arco ribeirinho e do interior da península de Setúbal”.

Para o edil montijense “trata-se de uma grande decisão que temos sustentado contra uma certa linha de pensamento da CDU/PCP”.

Nuno Canta lembra que “sempre defendi que o segundo aeroporto de Lisboa deveria ser construído na margem sul para criar fixação de populações através da criação de emprego, quer fosse no Campo de Tiro ou na Base Aérea do Montijo”. No entanto, “há quem defenda a Sul, mas não na Base Aérea do Montijo, apesar de ter os mesmos impactos que o campo de tiro, o que demonstra que o pensamento da CDU é contrário à história”.

A vinda do aeroporto, afirma o edil, “envolve uma grande preocupação com o desordenamento do território em algumas localidades da península de Setúbal, onde terá que haver uma especial atenção com a qualidade urbanística para a atractividade turística, daí a nossa aposta no sucesso da reabilitação urbana”.

A implantação do aeroporto, adianta, “vai ter um enorme impacto regional a nível das infraestruturas com ligação a territórios diversificados como o Barreiro, onde ainda está a ser estudada a construção de um túnel ou de uma ponte, com ligação do comboio ao Montijo, que contribuirá para o desenvolvimento da Baía do Tejo e com a ligação ao Seixal e ao Parque Industrial da Siderurgia Nacional com a criação de plataformas logísticas.

Na ligação de comboio à Moita serão criados parques logísticos e a recuperação da plataforma logística do Poceirão (concelho de Palmela), onde será desenvolvido um trabalho com todos os presidentes de câmara, nomeadamente os que acreditam que se trata de um investimento público, que criará emprego e riqueza”.

Nuno Canta reafirma que “reconheço que o estudo de impacte ambiental é importante e aguardamos com serenidade o resultado final”.

Outro dos destaques deste mandato de Nuno Canta é a conclusão das obras da EN 4 (entre Montijo e Pegões), em que “conseguimos sensibilizar o Governo para esta importante via de ligação, que apesar de passar pelos concelhos de Palmela e Alcochete, foi o Montijo e as suas autarquias, que desenvolveram a concretização desta importante infraestrutura”.

A recuperação e reabilitação do parque escolar nas escolas Luís de Camões, Joaquim de Almeida com ampliação do refeitório e da EB do Afonsoeiro foram também concretizados neste primeiro ano.

Neste momento está a decorrer a recuperação do edifício dos Paços do Concelho com a renovação da cobertura e a dotação da eficiência energética, com a melhoria de acessibilidades e a colocação de elevador.

Também a ciclovia vai avançar até à fronteira da freguesia de Pinhal Novo, mas com Nuno Canta a destacar que “o novo troço tem a obra pronta para avançar mas com iluminação adequada”.

As piscinas municipais aguardam aviso para serem sujeitas a candidatura e a ETAR (Estação de Tratamento de Águas Resoduais) de Canha, que envolve um investimento de cerca de um milhão de euros, anuncia o edil, “irá ser construída no âmbito da participação da Simarsul (Sistema Integrado Multimunicipal de Águas Residuais da Península de Setúbal) a ser desenvolvida em sistema elevatório, que será muito importante para acabar com a poluição orgânica de águas residuais descarregadas na Ribeira de Canha, um eco sistema que tem que ser preservado” e recordou “o trabalho que desenvolvemos em relação às águas residuais que eram despejadas para o Tejo, cuja resolução ficará para a história do Montijo”.

Nuno Canta garante: “A revitalização urbana está a ser um sucesso”

O Montijo está a ser alvo de intensa revitalização e reabilitação urbana no centro da cidade. Está a haver um número assinalável de recuperações de vários espaços públicos e privados, onde se destaca a praça 1.º de Maio com a intervenção da câmara municipal, mas também por parte dos proprietários que apostam na reabilitação dos estabelecimentos.

Também os hotéis estão a expandir-se pois com o crescimento do turismo o número de camas já é insuficiente.

Nuno Canta revela que “privilegiamos a zona ribeirinha para a instalação das unidades hoteleiras, que envolve o espaço entre o Cais dos Vapores até ao Afonsoeiro, que se traduz numa importante renovação da zona ribeirinha”, mas onde “iremos criar também o canal da REFER com a ligação do Fórum Montijo ao centro da cidade e ao cais do Seixalinho”.

Depois da Câmara Municipal do Montijo ter conseguido a retoma do terreno e a compra do edifício da Pluricoop, Nuno Canta anuncia que “estão a decorrer negociações para aquisição das antigas instalações da Trabatijo, uma cooperativa histórica dos trabalhadores rurais, para que aquele espaço seja preservado na memória e colocado ao serviço da cultura e no quintal iremos construir um Centro para as Artes”.

Ele … e os outros:

Pedro Marques: “É militante da Comissão Política Concelhia do PS do Montijo e será um excelente candidato ao Parlamento Europeu”.

Carlos Almeida (vereador da CDU): “É um vereador da oposição, que perdeu as eleições”.

João Afonso (vereador do PSD): “É um vereador da oposição irrelevante”.

Rui Garcia (presidente da AMRS e da Câmara Municipal da Moita): “Um autarca em dificuldades e com muita coisa a explicar no futuro”.

Revelações:

Construção do novo Centro de Saúde

Nuno Canta revelou que “será construído o novo Centro de Saúde integrado dentro do Hospital do Montijo com uma maior proximidade às pessoas e onde queremos resolver o problema da falta de médicos de família”.

O edil montijense fez questão de revelar que “no nosso hospital temos a melhor valência de cirurgia ambulatória a nível nacional”.

A aposta na pré-urgência médica é defendida pelo presidente da Câmara do Montijo, que destaca “demos neste mandato três ambulâncias aos bombeiros do Montijo e duas à corporação de Canha”.

Movimento associativo:

Nos apoios dados ao movimento associativo, Nuno Canta destaca o “retomar do Carnaval, que agradou a grande parte da população” e considera “uma vergonha para quem fez uma denúncia caluniosa anónima levantando suspeitas sobre o apoio concedido”.

Super cadeia irá servir a região:

A freguesia de Canha vai inverter a população que irá crescer depois de ter sido aprovado para a Herdade Gil Vaz o novo estabelecimento prisional da região de Lisboa, que irá ter capacidade para mais de 800 presos e que será servida de todas as valências, nomeadamente a nível da formação prisional.

O terreno foi cedido pelo Estado ao Ministério da Justiça e a câmara municipal já garantiu que “o espaço onde será construída a nova cadeia está de acordo com o Plano Director Municipal e será alvo de um concurso internacional, que envolve muitos milhões de euros”.

Grande investimento na área da agricultura: (foto a maior…)

A vertente agrícola cresce a olhos vistos no concelho e um grande empresário do Montijo está a construir uma das maiores empresas agroindustriais para tratamento e processamento de ensacamento de produtos hortícolas, na zona junto ao antigo apeadeiro de Sarilhos Grandes, cujas instalações serão posteriormente recuperadas para servir artistas, que querem vir para o concelho.

Aceitação da descentralização de competências:

A Câmara Municipal do Montijo aceitou todas as competências definidas na descentralização com Nuno Canta a explicar que “estamos no caminho certo e aceitámos esta delegação para ganhar experiência, pois algumas das delegações já as fazemos, mas teremos que alterar a orgânica da câmara para termos uma maior eficácia na reestruturação de serviços e na capacidade das chefias para servirmos melhor os nossos munícipes”.