Carlos Humberto, candidato da CDU, à presidência da Câmara Municipal do Barreiro: “O processo da Quinta de Braamcamp é uma sucessão de erros”

Carlos Humberto, de 70 anos, vai candidatar-se novamente à presidência da Câmara Municipal do Barreiro, pela CDU, nas próximas eleições autárquicas que deverão realizar-se entre Setembro e Outubro deste ano. O candidato já foi presidente do município barreirense entre 2005 e 2017 e nos últimos quatro anos desempenha o cargo de primeiro-secretário da Área Metropolitana de Lisboa. Foi Presidente da Junta Metropolitana de Lisboa (JML) entre 2006 a 2013 e desde 2017 Área Metropolitana de Lisboa. Carlos Humberto regressa para reconquistar o município aos socialistas.

Florindo Cardoso


Setúbal Mais – Quais as razões que o levaram a candidatar-se à presidência da Câmara Municipal do Barreiro?
Carlos Humberto –
Considero que estou em condições de continuar o meu trabalho que foi interrompido em 2017 por limitação de mandatos. Posso fazer melhor que aqueles que hoje estão naquele lugar. Candidato-me porque gosto muito da minha terra e tenho conhecimento e experiência, saber e contactos que podem ser postos ao serviço do desenvolvimento do Barreiro e das pessoas que cá habitam e nos visitam.

S.M. – Qual a análise que faz do actual momento político do concelho, gerido pelo PS?
C.H. –
A minha campanha não será para fazer avaliações críticas a quem está actualmente à frente da câmara municipal, mas não deixarei de dizer que é preciso construir soluções com os cidadãos do Barreiro sem arrogância, com a consciência dos nossos conhecimentos e das limitações. Precisamos de dar voz ao Barreiro e ter na presidência do município pessoas que sejam capazes de não ser o porta-voz do governo mas da população do concelho. Sem estar a fazer avaliação crítica pela negativa da gestão actual, luto por aquilo que acho que deve ser feito no concelho.

S.M. – Como acompanhou o desenrolar do processo da Quinta de Braamcamp que tem gerado tanta polémica e que o deixou praticamente pronto no final do seu mandato?
C.H. –
Deixámos em 2017 um conjunto de projectos muito avançados no concelho como a compra dos autocarros para os Transportes Colectivos do Barreiro (TCB), a consolidação da restante parte do Polis que faltava fazer, a negociação feita sobre os terrenos ao lado da Escola Secundária de Santo André, onde está implantado um Lidl. O processo da Quinta do Braamcamp, a seguir a termos saído da gestão da câmara municipal, é uma sucessão de erros. Fez-se o erro de considerar que seria a galinha dos ovos de ouro e o que interessava era fazer dinheiro. Foi um erro quando se previu que aquele território deveria ser fundamentalmente para habitação porque são zonas, comprovadamente que sofrerão com as alterações climáticas e a subida do nível das águas. Por outro lado, o Barreiro precisa de espaços de lazer, bem-estar e de áreas verdes, de respeito pela natureza, com corredores ecológicos, da Reserva Ecológica Nacional. São um conjunto de questões que é preciso respeitar e aquele projecto, na minha opinião, não tem respeito por estas questões. Foi uma sucessão de erros formais, como actas que tiveram de ser revistas, que não abonam àquele conjunto que estava proejctado e construído e que será preciso rectificar. Em relação à entidade que estava para comprar os terrenos começam a surgir interrogações de carácter formal, legal e jurídico. É uma sucessão de erros.

S.M. – No caso de ganhar a Câmara do Barreiro o que considera urgente fazer?
C.H.
– Primeiro que tudo o respeito institucional pelo órgão câmara municipal e isso pressupões que as pessoas que estejam gerir tenham uma postura de diálogo, respeito pelos munícipes, a consciência de que os projectos e soluções constroem-se com os cidadãos. É preciso olhar de forma diferente para os concelhos que nos rodeiam e procurar encontrar soluções de proximidade, não só institucional como a proximidade de algumas infraestruturas como a ponte pedonal e ciclável Barreio-Seixal que foi abandonada pela actual gestão, quando estava garantido o financiamento por fundos comunitários. É preciso continuar a reivindicar a expansão do Metro Sul do Tejo ao Barreiro. A ligação rodoviária entre o Barreiro e o Seixal. Um conjunto de projectos de ligação aos municípios vizinhos independentemente das forças políticas que está à frente dos mesmos. Temos de ter uma prática de proximidade mesmo com a capital, Lisboa. As questões ambientais, dos corredores verdes, da ecologia, o emprego e as novas tecnologias, o social, a cultura, habitação social que, embora não sejam uma competência da câmara municipal, devem ser melhor tratados.

S.M. – A sua experiência na AML pode ser importante para a futura presidência da câmara?
C.H.
– Sim. As experiências como 1.º secretário da AML e também como presidente da JML enriqueceram-me do ponto de vista do conhecimento. A minha predisposição é colocar ao serviço do município esses conhecimentos que fui adquirindo e penso que serão úteis para o desenvolvimento do concelho.