O bispo de Setúbal, Américo Aguiar que participou em vigília promovida pelos municípios de Setúbal, Palmela e Sesimbra, ontem à noite, 17 de novembro, frente ao hospital de S. Bernardo apelou aos responsáveis políticos “soluções para os problemas das pessoas”.
“Estarei sempre convosco em todos os momentos e em todas as circunstâncias que for preciso”, disse Américo Aguiar, reconhecendo que a vigília de Setúbal em defesa do SNS também foi um momento importante para que os protagonistas, os responsáveis políticos, “ouçam os gritos” dos que mais sofrem.
Na vigília, em que usaram da palavra os três autarcas do Fórum Intermunicipal da saúde, André Martins (Setúbal), Álvaro Amaro (Palmela) e Francisco de Jesus (Sesimbra), e em que também marcaram presença muitos profissionais de saúde, uma representante da Ordem dos Médicos, as deputadas Joana Mortágua, do BE, e Paula Santos, da CDU, entre muitos outros participantes, não faltaram críticas à atual gestão do SNS.
A falta de médicos e outros profissionais de saúde, a crescente transferência de verbas do SNS para o setor privado, o encerramento de vários serviços de urgência de pediatria, ginecologia e obstetrícia, entre outros, muito para além do que tinha sido programado há poucos meses para diversos hospitais, incluindo o hospital de São Bernardo, do Centro Hospitalar de Setúbal, bem como a ausência de respostas nos centros de saúde, foram apenas algumas das muitas críticas que se ouviram na vigília junto ao Hospital de São Bernardo, em Setúbal.
“Ficamos perplexos quando os responsáveis pela gestão do país dizem que não é por questões financeiras que o Serviço Nacional de Saúde não está a funcionar. Então o que é que está a acontecer para que não haja investimento no Serviço Nacional de Saúde para que dê a a resposta devida às populações? É falta de vontade política e isso não podemos aceitar”, disse o presidente da Câmara Municipal de Setúbal, André Martins.
O autarca sadino recordou a reunião realizada no Ministério da Saúde há cerca de um ano, após insistência dos presidentes das câmaras de Setúbal, Palmela e Sesimbra, na qual o ministro disse que iria proceder a “encerramentos programados nas urgências do Hospital de São Bernardo, durante três meses, com o objetivo de ultrapassar as dificuldades das condições da prestação de cuidados de saúde e controlar um pouco a situação”.
Já o presidente da Câmara Municipal de Palmela, Álvaro Amaro, relatou que os três autarcas recebem diariamente, “ao minuto”, as mensagens do CODU – Centro de Orientação de Doentes Urgentes que permitem constatar que “a situação está insustentável”, pois “os bombeiros têm sempre grandes dificuldades em saber qual o hospital que está aberto para encaminharem os utentes”.
A situação nas unidades de cuidados de saúde primários “não é melhor” e lamenta que o Governo não cumpra as suas responsabilidades, ao contrário das autarquias que “continuam a substituir-se ao Estado na construção de centros de saúde” que depois não têm profissionais para funcionar adequadamente.
“Queremos fazer parte da solução, mas não nos deixem sem médicos nas novas unidades de saúde. A Península de Setúbal não pode continuar a ser discriminada negativamente. Uma região que cresce em população e em desenvolvimento económico precisa de ter cuidados de saúde à altura.”
O presidente da Câmara Municipal de Sesimbra, Francisco Jesus, reafirmou a preocupação com as medidas anunciadas inicialmente pelo Governo como transitórias para proceder a encerramentos programados e temporários nos serviços de urgência do Hospital de São Bernardo.
“O que verificamos é que mesmo nos períodos em que deviam estar abertas, as Urgências de Obstetrícia, de Pediatria e Geral não têm condições para receber mais doentes.”
O autarca vincou que a responsabilidade não é dos profissionais de saúde, que se encontram “em exaustão”, pois “se não fossem eles a garantir o que o Serviço Nacional de Saúde não nos está a dar a situação estaria bem pior do que está hoje”.
O autarca lembrou ainda que a vigília realizada ontem à porta do Hospital de São Bernardo também tem como objetivo “a luta por melhores condições na progressão na carreira dos profissionais de saúde”.