Autarquias de Setúbal, Sesimbra e Palmela reunem-se para “responder” a fecho de urgências

As câmaras municipais de Sesimbra, Palmela e Setúbal vão realizar, um Fórum Intermunicipal da Saúde para responder à decisão do Governo de fechar quinzenalmente ao fim de semana a urgência pediátrica do Centro Hospitalar de Setúbal, no dia 23 de março, às 19h30 no Salão Nobre dos Paços do Concelho de Setúbal.


“As três autarquias Sesimbra, Palmela e Setúbal, vão agendar, com caráter de urgência, um Fórum Intermunicipal da Saúde, no qual, conjuntamente com entidades locais e regionais, prepararão uma resposta para evitar que esta medida, que degrada os cuidados de saúde prestados à população, seja implementada”, afirma o presidente da Câmara de Sesimbra, Francisco Jesus.


A tomada de posição das três autarquias surge na sequência da decisão anunciada pela Direção Executiva do Serviço Nacional de Saúde (SNS) de encerrar quinzenalmente a urgência de pediatria, entre as 21h00 de sexta-feira e as 09h00 de segunda-feira, a partir de 1 de abril e até 30 de junho, no âmbito da estratégia de reorganização das urgências pediátricas na área Metropolitana de Lisboa.


Francisco Jesus afirma-se “surpreendido” com a decisão do governo e garante que “o tema não foi abordado na recente reunião entre os autarcas de Sesimbra, Palmela e Setúbal e o ministro da Saúde, que incluiu, inclusive, uma visita ao Hospital de São Bernardo”.


Para o edil de Sesimbra, trata-se de uma decisão que “vai ter um efeito muito negativo na prestação de cuidados de saúde à população dos três municípios e de parte do Litoral Alentejano, que é também servido por esta unidade hospitalar”, lamentando que “esta opção, tomada mais uma vez sem se ouvirem os municípios, instituições ou comissões de utentes, vai ter um efeito muito negativo na prestação de cuidados de saúde à população dos três municípios e de parte do Litoral Alentejano, que é também servido por esta unidade hospitalar”.


“No caso concreto de Sesimbra, é um enorme retrocesso, uma vez que neste momento não está a funcionar nenhum Atendimento Complementar durante a semana na saúde primaria, e não há qualquer atendimento urgente em horário alargado. A agravar a situação, o facto de a medida incidir essencialmente sobre o atendimento de crianças e adolescentes conclui”.


Já o presidente da Câmara de Palmela, Álvaro Amaro, afirma estar “desiludido” com a decisão que “obriga as famílias a conhecer muito bem este calendário, que parece um carrocel, para perceberem, em caso de urgência, onde devem dirigir-se”.


O autarca de Palmela diz também estar preocupado com o panorama que se poderá viver nos próximos meses, “sabendo-se de antemão que a falta de recursos humanos se agrava no período estival”.


“O calendário agora divulgado, e que prolonga esta situação, pelo menos, até 30 de junho, é uma desilusão e deixa vários milhares de habitantes da Península de Setúbal sem uma resposta de proximidade aos fins de semana, quinzenalmente, e obriga as famílias a conhecer muito bem este calendário, que parece um carrocel, para perceberem, em caso de urgência, onde devem dirigir-se. Sublinhe-se que a área de influência do Hospital de S. Bernardo volta a ser a mais penalizada na margem sul do Tejo, sendo que, também, vários municípios alentejanos recorrem a este equipamento de saúde”, conclui.


O presidente da Câmara Municipal de Setúbal, André Martins, rejeita esta decisão do Ministério da Saúde e recorda que “na reunião realizada entre o ministro da Saúde e os presidentes das câmaras municipais de Palmela, Sesimbra e Setúbal, em 15 de fevereiro passado, a adoção desta medida concreta não esteve em discussão. Torna-se, assim, incompreensível que se anuncie agora um encerramento que penaliza fortemente as populações destes três concelhos e de uma boa parte do litoral alentejano”.


“Importa recordar que o Centro Hospitalar Barreiro – Montijo, a alternativa mais próxima quando as urgências estiverem encerradas em Setúbal, está a cerca de 35 quilómetros desta cidade, sede de um concelho com mais de 120 mil habitantes, e nunca a menos de 35 minutos, situação que se agrava para quem reside nos concelhos do litoral alentejanos e utiliza o Hospital de São Bernardo”, adianta o edil sadino.


“A concretizar-se este encerramento das urgências pediátricas do HSB, que a Câmara Municipal de Setúbal tudo fará para contrariar, é exigível que a Direção Executiva do SNS quantifique, de imediato, que recursos do INEM serão alocados a este hospital para transporte de doentes. A indicação de que o INEM deve estar em regime de prontidão é, face à gravidade desta anunciada decisão, absolutamente insuficiente e não tranquiliza, bem pelo contrário, as populações servidas por esta urgência”, conclui.
De acordo com a estratégia de reorganização dos serviços de urgência de pediatria divulgada, as urgências pediátricas do Hospital Garcia de Orta, em Almada e o Centro Hospitalar Barreiro Montijo mantêm-se permanentemente abertas.