Centro Hospitalar de Setúbal: Serviço de Oncologia celebra 25 anos

O Serviço de Oncologia do Centro Hospitalar de Setúbal comemora este ano o seu 25º aniversário.

Este serviço tem como missão prestar cuidados de saúde especializados e multidisciplinares ao doente oncológico, numa perspectiva holística, diferenciando-se pela sua especificidade, assumindo-se como um serviço de elevada competência, desenvolvimento e inovação na prestação dos cuidados ao doente e família face à doença oncológica, visando a satisfação das suas necessidades adaptadas às diferentes fases da doença.

Durante a semana de 26 a 30 de Setembro o serviço irá promover várias actividades com os seus doentes, de forma a celebrar esta importante data.

As actividades irão ter a colaboração de voluntários formados em áreas distintas do saber e que vão desde a música, reiki, alimentação, humor, literatura e partilha de experiências.

De referir que, o Registo Oncológico Nacional mostra que por ano são detectados 44 mil portugueses com a doença. Os cancros da próstata, mama e cólon são os cancros mais comuns.

A falta de rastreios em várias regiões do país, sobretudo na Região de Lisboa e Vale do Tejo, tem consequências nos casos de cancro que são diagnosticados a tempo de salvar os doentes. A conclusão é feita pelo Registo Oncológico Nacional, um estudo anual que foi apresentado recentemente, num encontro que reuniu mais de 150 especialistas nacionais e internacionais da área desta doença. De salientar que, os números divulgados são antigos, datam de 2009, mas são os mais recentes a fazer o retrato da doença em Portugal.

A coordenadora do Registo Oncológico Nacional, Ana Miranda, dá um exemplo concreto: o cancro do colo do útero, que na região Sul tem uma taxa de incidência muito mais elevada do que no resto do país e o triplo do que acontece nos Açores ou o dobro da região Centro. Para Ana Miranda deve-se à falta de um rastreio organizado nesta região. Ao todo, o cancro do colo do útero atinge 839 mulheres por ano em Portugal.

As falhas nos rastreios em várias zonas, nomeadamente na região de Lisboa, também se sentem noutros cancros como o cólon e o reto. Ana Miranda explica que esta falta afecta não só a incidência da doença, mas também o estado em que esta é detectada, afectando a possibilidade de sobrevivência. Recorde-se que a falta de rastreios organizados ao cancro pelas autoridades de saúde é um problema crónico que nenhum governo tem conseguido resolver.

O Registo Oncológico Nacional também permite perceber que os hábitos alimentares dos portugueses afectam os cancros que surgem mais ou menos no país e em cada região, com diferenças significativas.

A coordenadora do estudo dá o exemplo do grande aumento dos casos de cancro do cólon que, possivelmente, estará relacionado com o facto de nas últimas décadas os portugueses terem passado a comer mais hidratos de carbono, gorduras ou fast-food em detrimento das verduras ou do peixe e da típica dieta mediterrânica.

Os tumores malignos no cólon atingem actualmente perto de 5 mil portugueses por ano e a incidência é um pouco mais elevada a Norte, o que segundo a especialista estará relacionado com o que se come na região.

Os hábitos alimentares influenciam o surgimento de cancros como o cólon e reto e Ana Miranda sublinha que as taxas de incidência são mais altas nas grandes cidades e periferias ou mais baixas nas regiões litorais e agrícolas.