Alexandrina Pereira lança livro “Poesia em tom de fado”: “Perpetuem a minha memória, cantando-me”

Alexandrina Pereira lançou o livro “Poesia em tom de fado”, a 9 de dezembro, na Biblioteca Municipal de Setúbal, contando com a presença de mais de meia centenas de pessoas, entre as quais poetas, fadistas, músicos, autarcas e amigos. Uma cerimónia que contou com momentos de poesia e fado, acompanhados por Jorge Pimentel à guitarra portuguesa e Albano Almeida à viola de fado, e onde a poetisa deixou a sentida mensagem de que “perpetuem a minha memória, cantando-me”.

O livro, com 119 páginas, numa edição de autor, com conceção gráfica de Sandra Buscardine, da Tipografia Rápida de Setúbal, inclui 112 letras já gravadas e 40 inéditas, com fotografias da autora. Os artistas que gravaram e que estão referidos no livro são Ana Pacheco, Deolinda de Jesus, Inês Duarte, Georgette de Jesus, Joana Veiga, Manuel de Jesus, Maria Caetano, Pedro Lisboa e Susana Martins. Outros fadistas, sem gravação, estão também assinalados porque cantaram poemas da poetisa como Carla Lança, Carlos Zacarias, Miguel Camões e Odete Silva.

A obra foi apresentada por Joaquim Calçadas, locutor da Rádio Amália, que teceu largos elogios à poetisa. Alexandrina Pereira é “uma setubalense de alma e coração”, salientando que “Setúbal foi a terra onde nasceu, que faz parte do seu coração, que está ligada ao associativismo e à poesia”, recordando que já foi agraciada pelos municípios de Setúbal e Palmela e por uma cidade do Brasil, e ganhou a melhor letra da Grande Marcha de Lisboa em 2011.

Alexandrina Pereira explicou que “apresentei um livro tão diferente dos anteriores”, sendo este o décimo segundo, porque “há uma altura da nossa vida, quando ultrapassamos os 70 anos, surge a vontade de arrumar um pouco da nossa vida e senti isso na minha parte literária”.

A poetisa lembra que “escrevi tanto para fado e marchas e todas as letras estavam em pastas de arquivo e pensei que um dia aqui iria tudo fora” e “então pensei num livro porque é mais fácil de guardar, numa biblioteca ou numa prateleira”.
Alexandrina Pereira revelou que “possivelmente farei outro porque há mais letras do que está neste e também outro com marchas populares porque são imensas as letras que escrevi”.

“Este livro vai permitir a possibilidade de alguém que goste das letras venha a cantá-las, porque quem escreve, o que mais gosta é de ouvi-las”, confessa a poetisa.

Alexandrina Pereira recorda que a primeira letra gravada foi em 1999 por Inês Duarte com o título “Presente e passado”. Ana Pacheco gravou “Xaile de negra cor”, Maria Caetano “Sempre um tempo”, Manuel Jesus “O meu fado no mar”, Georgette Jesus “Abraço fadista”, Joana Veiga “Quadras Soltas sobre o fado” e Susana Martins “Ponho flores na tua boca” e “A voz modo povo”. Pedro Lisboa e Deolinda de Jesus são os fadistas com mais fados gravados da autora, com mais de uma dezena, cada.

A poetisa agradeceu a presença de todos pela “gentileza, amabilidade e carinho de estarem aqui presentes e para mim são sempre momentos especiais”.