Teatro Estúdio Fontenova: “Teremos pela primeira vez no festival uma companhia profissional checa”

O Festival Internacional de Teatro de Setúbal – XXIII Festa do Teatro, promovida pelo Teatro Estúdio Fontenova (TEF), vai realizar-se de 18 a 28 de Agosto apresentando várias produções nacionais e internacionais em diversos locais da cidade. Uma das novidades é a presença de uma companhia de teatro checa. Devido ao contexto de pandemia participam menos companhias estrangeiras. A companhia de teatro setubalense alerta para a falta de apoios por parte do governo ao sector da cultura. A programação da Festa do Teatro será apresentada a 28 de Julho, na Casa da Baía. Patrícia Paixão, responsável pela comunicação do TEF revela nesta entrevista as principais dificuldades em realizar o certame perante a incerteza da pandemia do covid-19.

Florindo Cardoso


Setúbal Mais – Como foi preparar a Festa do Teatro em contexto de pandemia? Quais as principais dificuldades?
Patrícia Paixão
– Ao contrário de outros anos, as limitações de programação foram as primeiras a ser sentidas, restringindo muito mais o acolhimento de artistas internacionais, especialmente fora da Europa. À semelhança do ano passado, será tido um cuidado redobrado a nível de medidas sanitárias. Foi também tida uma atenção especial com as equipas, estando ainda mais preparadas para responder às necessidades do contexto em questão. A comunicação com o município de Setúbal tem sido fulcral nesse sentido, percebendo o que é, ou não, viável no contexto do concelho.

S.M. – Quais as principais novidades desta edição?
P.P.
– Teremos duas produções do Teatro Estúdio Fontenova no Festival, uma estreada em Abril, “A Paz Perpétua”, e outra que estreará no Festival, “MATA”, a partir do conto de Ryūnosuke Akutagawa, em co-produção com a Companhia Mascarenhas-Martins. Teremos pela primeira vez no Festival uma companhia profissional checa, sendo que marcará presença pela primeira vez em Portugal uma companhia espanhola. Marcarão presença grupos profissionais e teatro de norte a sul do país. A Secção OFF, ao contrário do esperado, teve um grande número de candidaturas e estará bastante composta, com grande diversidade e qualidade de grupos jovens e emergentes.

S.M. – Em relação a companhias estrangeiras, vão estar presentes como em anos anteriores e se a pandemia alterou os planos?
P.P.
– Infelizmente, o número é um pouco mais reduzido comparativamente a anos anteriores. A presença de companhias fora da Europa foi limitada dado o contexto actual. Devido à pandemia, não foi possível que a companhia vencedora da Secção OFF de 2019, com origem no Brasil, pudesse vir quer este ano, quer no anterior. Houve casos de companhias que participaram na Secção Off deste ano que preferimos também aguardar para um próximo ano para que a situação estivesse mais controlada.

S.M. – Qual a mensagem que quer deixar às pessoas perante todas as dificuldades do sector da cultura, um dos mais afectados pela pandemia?
P.P.
– Que não nos esqueçamos de lutar pelos nossos direitos e relembrar quem governa de que a cultura continua a ser um dos sectores mais esquecidos e menos financiados. Que a cultura nunca deixou de ser segura, segura por cumprir todas as regras necessárias, segura para a saúde mental, segura a nível cognitivo, segura a nível social.

S.M. – Apesar das dificuldades, o Teatro Estúdio Fontenova conseguiu estrear produções. Como foi essa experiência e a recepção do público?
P.P.
– A experiência das duas estreias, uma em Abril com “A Paz Perpétua”, e a outra em Maio com “O Triunfo das Porcas”, em co-produção com o teatromosca, foi bastante positiva. Em ambos os casos tivemos salas cheias, os feedbacks que recebemos foram muito encorajadores e com críticas muito satisfatórias ao trabalho realizado. Conseguimos também, até à data, circular com os espectáculos, “A Paz Perpétua” pelo litoral Alentejano no Festival Litoral em Cena, “O Triunfo das Porcas”, até à Maia no Festival Internacional de Teatro para a Infância e Juventude, e com “Caminhos de Pan” em Elvas, no ACTO – Festa do Teatro. Durante a segunda quarentena, estreámos também uma performance online em co-produção com a Casa da Cultura. Ficou adiada a nossa ida ao Brasil com “CERCO”, no entanto, participámos no Festival online brasileiro Mátria Amada. Especialmente no caso de “A Paz Perpétua”, que tinha sido já adiada duas vezes, foi muito gratificante receber várias ovações de pé e terminar em grande, no dia 25 de Abril.