Teatro Estúdio Fontenova estreia “Os barrigas e os magriços” na Casa da Cultura de Setúbal

O Teatro Estúdio Fontenova vai estrear no dia 15 de fevereiro “Os Barrigas e os Magriços”, uma adaptação livre do conto de Álvaro Cunhal na Casa da Cultura de Setúbal, e vai estar em cena até dia 18 de fevereiro.

Esta criação está incluída na programação das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril e destina-se a um público mais jovem.

O espetáculo decorrerá no dia 15 de fevereriro às 11h, 15h e 21h30; dia 16 de fevereiro às 11h, 15h e 21h30; 17 de fevereiro às 11h e 21h30; 18 de fevereiro às 11h e 16h

Recebemos esta história pelas mãos de um avô, e assim, lembrámo-nos das histórias dos nossos avós… Conta-nos Álvaro Cunhal nessa história sobre os Magriços, que como alguns avós trabalhavam muito, no campo e no mar, andavam descalços, não puderam ir à escola, mas queriam um país melhor. Mas também sobre os Barrigas, aqueles que tinham muitas coisas, eram donos das terras, das leis e achavam que eram donos das pessoas. A partir do conto “Os Barrigas e os Magriços”, contamos a história de um país que era muito amarelo, tão amarelo que os sorrisos eram mais pequeninos que a palma da mão… Mas continuámos a caminhar até hoje, ou a correr, e embora já não encontremos tantos pés descalços, ainda há sapatos que se acham melhores que outros, e que até podem pisar alguns pés! Nesta maratona, em que também se sobe e desce, vamos cozinhar uma açorda a várias mãos todos debaixo do mesmo céu e acima do mesmo chão.

Ficha Técnica:

Adaptação livre a partir do conto
Os Barrigas e os Magriços de Álvaro Cunhal
Criação, Dramaturgia e Interpretação
João M. Mota
Patrícia Paixão
Sara Túbio Costa
Coordenação de projecto, cenografia e figurinos
Sara Túbio Costa
Música original
João M. Mota
Desenho de luz
José Maria Dias
Ricardo Batista
Ilustração
Paula Moita
Design de comunicação
Ana Rodrigues
Fotografia
Ana Rodrigues
Helena Tomás
Vídeo integral, teaser e trailer
Inês Monteiro Pires
Execução de figurinos
Gertrudes Félix
Estagiárias
Nádia Martins
Shaista Mendes
Direcção de produção
Graziela Dias
ficha técnica
e artística
Consultorias
Ana Margarida Campos
Armindo Miranda,
Clara Cândido
Joana Mortágua
Joana Simões Piedade
Ricardo Guerreiro Campos
Sessões inclusivas em escolas
Academia de Música
e Belas-Artes Luísa Todi – Setúbal
Voz do Operário – Pólo Ajuda

Sobre o projeto:

“A história que trazemos aqui hoje aconteceu há muitos anos. […] Era uma vez um país muito amarelo. Tão amarelo que os sorrisos eram mais pequeninos que a palma da mão […] Neste país havia pessoas que comiam tanto, que havia até quem dissesse que os seus corpos, lá por dentro, deviam ser todos estômago, bem… uma barriga. Uma barriga que parecia uma cidade com moinhos, olivais, lagares e muita terra para cultivar. Estas pessoas eram conhecidas como os Barrigas. […] mas neste país também havia pessoas que passavam tanta fome que quase atravessavam o caminho entre os pingos da chuva de tão magros que eram. Deram-lhes o nome de Magriços.”

Escutámos, conversámos, explorámos e brincámos… tudo sob o mote de trazer um tema que é tão complexo para nós, quanto mais para os mais novos! Falar de desigualdade, de injustiça, qual a nossa História e como construir um mundo melhor.

Questionámo-nos várias vezes sobre como explicar a desigualdade do pré-25 de Abril e do depois, assim como contar histórias de um período cujas novas gerações não terão praticamente memórias. Juntámos assim memórias: as que lemos e estudámos, as dos nossos avós, as de quem nos ajudou a compor o que faltava… sobre o projecto.

Pelo conto de Álvaro Cunhal, surgiu-nos a força da palavra e a memória concreta do que se vivia no tempo daquele que no nosso espectáculo surge como o Sr. Bota de Elástico, assim como as inspirações para a cor (ou falta dela) e para as formas. Pela vontade de mudança, e de um mundo mais justo e equitativo, o mundo meio cinza e amarelo começa a ganhar cor. Mas esta vontade não termina numa data específica… continua até hoje! E para isso, precisamos de todas e todos. Vamos lá?

Apelámos à participação ativa dos mais novos como parte integrante da construção criativa do nosso objeto artístico. Fizemos sessões inclusivas em escolas de forma a implicar o universo etário com o qual nos comprometemos a criar dentro e fora de cena.

Um debate onde incluímos a visão dos mais novos sobre os temas referidos, a sua experiência, assim como, a memória dos seus avós. A par das sessões em escolas, iniciámos no mês de outubro e dezembro, consultorias com especialistas em diversas áreas e cuja abrangência enriqueceu a nossa
pesquisa e trabalho artístico.

Consequentemente, as consultorias concretizaram também o objetivo de nos documentarmos de forma mais englobante e extensiva aos domínios que o conto propõe. Nas nossas propostas elegemos especialistas que abordam a investigação ao nível da luta de classes e da desigualdade social, assim como literatura (abordando em particular a obra de Álvaro Cunhal); educação e pedagogia ao nível artístico (artes cénicas e artes plásticas) e dos direitos humanos e cidadania; animação social na terceira idade (fazendo a ligação de duas gerações distintas, e escutando histórias de quem vivenciou um tempo cuja memória tende já a apagar).

Teatro Estúdio Fontenova:

O Teatro Estúdio Fontenova foi fundado em 1986 com o objectivo estatutário
de trabalhar na acção e divulgação cultural. Profissionalizou-se em 2004 e
conta com mais de 70 criações teatrais e para lá de 20 edições do Festival
Internacional de Teatro de Setúbal – “Festa do Teatro”. Desde o início o teatro
tem sido a sua actividade principal, complementando-se, por vezes, com outras
Artes. Acrescentando ao trabalho de pesquisa, experimentação e produção, tem
desenvolvido projectos educativos com escolas e agrupamentos do concelho,
promovido debates, oficinas de teatro, acolhimentos e residências artísticas.
Com o intuito de estabelecer um conjunto de relações com a comunidade, outras
estruturas e criadores.
O TEF também traduz e edita textos e obras literárias das peças que encena. A
equipa nuclear do TEF tem sido a base de todas estas criações, caracterizada
pela sua diversidade, e qualificação profissional nas áreas em que actua mais
directamente.
A 15 de Setembro de 2004 recebeu a medalha de honra da cidade de Setúbal na
classe de Actividades Culturais. O Director Artístico do Teatro Estúdio
Fontenova e do Festival Internacional de Teatro de Setúbal, José Maria Dias,
recebeu em 2019 a medalha de honra da cidade de Setúbal na classe de
Actividades Culturais. O TEF é uma Estrutura Financiada pela República
Portuguesa, Direcção-Geral das Artes e Câmara Municipal de Setúbal.