Sesimbra recupera património: Restauro da Casa da Água no Cabo Espichel

Os trabalhos de valorização da Casa da Água no Cabo Espichel, uma intervenção orçada em perto de 140 mil euros, totalmente financiada pela Câmara Municipal de Sesimbra, deverão estar concluídos em finais de Agosto, a tempo de ser visitada por altura da próxima Feira do Mel e dos festejos em Honra de Nossa Senhora do Cabo Espichel, no final de Setembro.

Esta obra, que arrancou no início deste mês, surge na sequência dos melhoramentos efectuados pela autarquia na envolvente deste edifício, em 2015, com o apoio do Programa de Desenvolvimento Rural. Os trabalhos em curso consistem na consolidação estrutural, reparação de revestimentos exteriores e interiores com argamassas de cal e areia apropriadas, arranjo do revestimento da abóbada, com a colocação de azulejos de fabrico artesanal, semelhantes aos existentes, e limpeza e recuperação dos azulejos ainda remanescentes.

O projecto prevê ainda a recuperação e reconstituição do Zimbório, ou seja, o remate da cúpula exterior do edifício, com recurso a troços de cantaria recuperados no local, que se julga pertencerem ao Zimbório original.

Refira-se que o Santuário de Nossa Senhora do Cabo Espichel recebeu desde 2008 um vasto conjunto de melhoramentos dinamizados pela Câmara Municipal de Sesimbra, entre os quais a instalação de electricidade, regularização do piso do terreiro, e a pintura das alas da Ermida da Memória. Em 2015 foi efectuada a requalificação do cercado da horta e do jardim, criou-se um percurso museológico e melhorou-se o estacionamento. Esta é a primeira intervenção “de fundo” num dos mais importantes e interessantes elementos do conjunto arquitetónico, e como tal assume enorme simbolismo.

A Casa da Água no Cabo Espichel é um edifício construído pelo Rei D. José, por volta de 1770, por ocasião da estadia da corte no santuário. O imóvel recebia a água a partir da Azoia, através do aqueduto ainda existente, que abastecia todo o conjunto. A Casa da Água apresenta um traçado hexagonal, e no interior existe uma fonte em pedra lioz que recebia a água do aqueduto, construída em forma de nicho, de onde sobressai uma figura de um leão. As paredes interiores eram revestidas por painéis de azulejos azuis e brancos, que representavam cenas cortesãs e de caça, cujos vestígios são ainda hoje visíveis.