Sebastião Fortuna, o sonhador

Sebastião Fortuna, 86 anos de idade, continua a ser um sonhador e como todos os sonhadores tem os seus problemas perante o impacto com a realidade da sociedade onde todos vivemos.


É uma referência cultural da nossa região, que já fez muito em prol do próximo, mas nos últimos anos mais complicados da sua vida, restam um punhado de amigos como a poetisa Alexandrina Pereira, que decidiu lançar um livro solidário “Sebastião Fortuna – o pintor de sonhos”, cujas receitas reverteram, na sua totalidade, para esta personalidade do concelho de Palmela.


Sebastião Fortuna sonhou muito alto. Sonhou com a criação de um Centro de Cultura de Arte e Tradição com o núcleo de uma Oficina Escola, no conhecido Espaço Fortuna, na Quinta do Anjo. Sonhava com um protocolo com a Escola Superior de Belas Artes, com o objetivo de proporcionar o estudo e estágios, no seu “atelier” a estudantes daquela universidade.


Chegou a receber no seu espaço de criação cerca de 20 mil visitantes por ano que assistiam no local como eram elaborados os famosos azulejos e outras peças de cerâmica, muitas peças que estão hoje presentes em muitas casas da região e mesmo do país.


Nos anos 80 sonhou que seria um projeto financeiramente sustentável. Todos os sonhadores têm um problema com a realidade. Os criadores e finanças não são os melhores amigos e foi o que aconteceu com Sebastião Fortuna.


Quis que o universo que os problemas fossem maiores que os sonhos desta personalidade cultural e tudo acabou por ruir.


Hoje, Sebastião Fortuna, é um homem cansado de lutar contra todas as adversidades. Apesar de reinventar-se constantemente, vai caindo nos trambolhões da vida. Perdeu o Espaço Fortuna, foi para outro lugar, perdeu novamente e assim continua a sua vida.


Os amigos ao comprar o seu livro estão a ajudar, de forma muito bonita, através da cultura, um homem bom.


Sebastião Fortuna é também um excelente pintor, com telas maravilhosas que podem ser apreciadas no livro de Alexandrina Pereira. Ali, estão 25 quadros, mas são muito mais, com bonitas paisagens da natureza.


Este homem dos sete ofícios merece terminar a sua vida com dignidade.

Florindo Cardoso