Ricardo Crista, autor do memorial de homenagem a Zeca Afonso desmente acusações de plágio

Ricardo Crista, escultor responsável pelo memorial de homenagem a Zeca Afonso, inaugurado a 6 de janeiro, na zona ribeirinha de Setúbal, desmente as acusações de plágio, que circulam nas redes sociais.

“Gostaria de esclarecer que a minha inspiração para esta obra foi totalmente pessoal e não envolveu qualquer plágio, mas sim várias influências.”, afirma o escultor setubalense, na sua página do Facebook.

Em causa está a comparação com o memorial de homenagem a Nelson Mandela, inaugurado em 2012, da autoria do artista sul-africano Marco Cianfanelli, em Howick, uma cidade situada a 90 quilómetros a sul da cidade de Durban, no interior do país mais meridional de África, que assinalou o 50º aniversário da detenção de Nelson Mandela pela polícia do apartheid, em 1962. A obra representa os 27 anos que Nelson Mandela, esteve detido.

Memorial de homenagem a Nelson Mandela

Para Ricardo Crista “a discussão em torno da originalidade na arte é um tema complexo e fascinante. A influência de diversas fontes é uma parte natural do processo criativo, e reconhecer isso é essencial para compreender a evolução da arte ao longo do tempo”.

Memorial de homenagem a Zeca Afonso

“Encontrámos inúmeros exemplos de semelhanças, apropriações e obras muitos similares principalmente a partir da época modernista. Temos teóricos, artistas e pensadores contemporâneos que fundamentam muito bem isso, tais como Marcel Duchamp, Andy Wharol, Michael Foucault, Jean Baudrilhard, Ronald Barthes, Walter Benjamim, entre outros. Sem querer entrar em pormenores, só gostaria de salientar que tudo é discutível e que a maior certeza é a incerteza”, adianta o escultor.

“Eu dediquei-me para criar algo único e autêntico. E assim fiz”, assegura o artista, lamentando “determinadas mensagens pejorativas e sem conhecimento prévio, falta de contexto dedicam algum tempo no espaço cibernético com diálogos pouco construtivos”.

“Estou aberto a discutir ideias, levantar questões de forma respeitosa, pois acredito que a definição de arte ainda não existe nem possivelmente irá existir, pela sua mutação constante. Se observarem, com olhos de ver as diferenças, desde conceptuais, técnicas e plásticas, notarão certamente bastantes. É uma questão de conhecimento, abertura e nitidez”, conclui.