Presidente da República bebeu ginjinha no Barreiro e brindou “à paz”

A tradição cumpriu-se no Barreiro com milhares de pessoas a reunirem-se em frente ao Mercado 1.º de Maio e avenida Alfredo da Silva para beberem uma ginjinha antes da consoada, na véspera de Natal, a 24 de dezembro.

A presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, foi recebido em festa pela população e bebeu a ginjinha na Tasca da Galega, mantendo a tradição desde 2016, desta vez acompanhado pelo bispo de Setúbal, o cardeal D. Américo Aguiar.

“Este ano vou brindar à paz, acho que é a coisa mais importante no mundo, vai ser a paz porque se não tivermos paz temos crise económica e financeira constante no mundo, na Europa e em Portugal”, antecipou Marcelo em declarações aos jornalistas.

À chegada à tasca, acompanhado do presidente da Câmara Municipal do Barreiro, Frederico Rosa, Marcelo Rebelo de Sousa lembrou que desde que é Presidente da República que vem a este local na véspera de Natal, tradição apenas interrompida em 2021, devido à pandemia da covid-19. Nesse ano, a ginjinha foi ao Palácio de Belém.

Questionado sobre se iria passar o Natal com o seu filho Nuno Rebelo de Sousa, recentemente envolvido na polémica das gémeas luso-brasileiras tratadas no hospital Santa Maria, o chefe de Estado não respondeu.

Já sobre como vai celebrar o Natal, Marcelo disse que a época festiva já começou “no início da semana” com um jantar com os netos portugueses “que entretanto estavam espalhados por vários sítios na Europa e no Dubai”.

“E depois tem sido às pinguinhas, ‘tiqui, tiqui, tiqui’, porque como tenho tido cumprimentos significa que vai ser praticamente até ao final do ano”, acrescentou.

O chefe de Estado adiantou que, após a ginjinha, ia jantar com o bispo de Setúbal, o cardeal Américo Aguiar, seguindo depois para a missa do galo naquele local.

Escassos momentos depois, entra pela porta da Tasca da Galega o próprio cardeal Américo Aguiar, que perguntou: “Ainda há ginjinha?”, com Marcelo a retorquir “Lá vou eu ter que brindar outra vez”.

Marcelo brindou então uma segunda vez, acompanhado do cardeal, “à saúde e à paz, paz, paz”.

O cardeal, que também foi abordado à saída por algumas pessoas que lhe pediram fotografias, gracejou no final do brinde: “Setúbal tem tudo, só não tem comparação”.

O Presidente da República ainda foi questionado sobre se este será um Natal mais triste pelo caso que envolve o seu filho e a polémica das gémeas luso-brasileiras, mas Marcelo respondeu que já teve natais “muito mais tristes”, lembrando a morte do seu pai.

“Natais tristes são natais ligados à morte ou a problemas de saúde muito graves. Depois há natais menos simpáticos, mais simpáticos, menos alegres, mais alegres”, disse.

Marcelo Rebelo de Sousa, desejou que António Costa possa ser presidente da Conselho Europeu.

“Eu, por exemplo, desejaria que o primeiro-ministro estivesse em condições de ter um lugar na Europa, como presidente do Conselho Europeu”, considerou Marcelo Rebelo de Sousa.

Para o chefe de Estado, esta seria uma forma de António Costa – que se demitiu no passado dia 07 de novembro – “realmente fazer o que faz bem, o que gosta de fazer e que lhe permitiu ter um prestígio grande em termos europeus ao longo destes oito anos em que já é talvez o primeiro-ministro mais antigo da Europa”.

Questionado sobre se sabe se o primeiro-ministro demissionário tem essa vontade, Marcelo respondeu: “Não sei se ele tem vontade, mas é natural que a tenha porque na Europa as várias famílias políticas acham natural que ele a tenha”, disse.

Interrogado sobre se é necessário, para que tal aconteça, que o processo judicial no qual António Costa é visado esteja concluído, Marcelo respondeu: “O que eu ouvi das notícias é que o processo está a ser acelerado com núcleos autónomos que permitem ir tratando as várias questões autonomamente e, portanto, é possível que isso signifique uma aceleração”.

Sobre o caso das gémeas, o presidente disse que lamenta só ter descoberto agora que o seu filho tivesse falado com o secretário de Estado da Saúde, há quatro anos. “É uma situação muito desagradável, ainda por cima nesta altura do Natal”, disse, não querendo revelar se estará com o seu filho nesta época natalícia.

Marcelo Rebelo de Sousa considera uma “consoloção” saber que a última sondagem lhe uma aprovação de 65%.