Presidente da Junta de Freguesia de São Sebastião, Nuno Costa: “A construção do auditório será o grande objectivo deste mandato”

Nuno Costa, presidente da Junta de Freguesia de São Sebastião, concelho de Setúbal, cumpre o segundo mandato, eleito pela CDU. O autarca tem como grande objectivo construir um auditório para actividades culturais, com capacidade de 200 lugares, até Março de 2021, junto ao pólo operacional, já concluído em Junho de 2019, nos Quatro Caminhos. Um investimento de 200 mil euros. Nuno Costa admite uma terceira candidatura no próximo ano para terminar um ciclo político à frente da junta de freguesia.

Florindo Cardoso

Nuno Costa, presidente da Junta de Freguesia de São Sebastião

Setúbal Mais – Quais os principais investimento em curso e previstos para 2020?

Nuno Costa – Independentemente dos contratempos que acabamos por ter, devido à pandemia do Covid-19, este ano foi fortíssimo do ponto de vista da cooperação com o município que permitiu a realização de vários investimentos importantes na freguesia. A esmagadora maioria das obras que desenvolvemos, de maior dimensão, resulta da cooperação com o município e em 2020 não é excepção. Há um investimento enorme, a construção do auditório para actividades culturais com capacidade para 200 lugares, que é suportado totalmente pela junta de freguesia, no valor de 200 mil euros. É um orgulho para nós e a respectiva verba já está inscrita em orçamento. Estamos na fase do desenvolvimento dos procedimentos contabilísticos para lançar a obra. Não estava prevista para este mandato, apenas o polo operacional que foi concluído em Junho de 2019. Recordo que o projecto tinha três fases, uma neste mandato, o polo operacional, e duas no seguinte, o auditório e a nova sede da junta de freguesia, para os quais a Câmara Municipal de Setúbal deu um apoio global de 50 mil euros. Estamos em condições de lançar a empreitada de construção do auditório até ao final do ano e temos o objectivo de o inaugurar em Março de 2021.

Temos em curso um conjunto de grandes intervenções nos estabelecimentos de ensino da freguesia, que estavam previstas ser concretizadas durante a interrupção lectiva do Verão mas em que aproveitámos o tempo de paragem devida à pandemia para avançar , como nas escolas dos Pinheirinhos, Areias, Conceição e das Manteigadas. Outras se seguirão. Trata-se de um conjunto significativo de intervenções no nosso parque escolar que, embora inteiramente requalificado, tem necessidades permanentes e representa uma fatia importante do nosso orçamento.

Estamos também a proceder à regeneração dos espaços públicos, ou seja requalificar e dar vida aos mesmos como no Jardim de Monte Belo, onde já iniciámos a intervenção com a colocação de equipamentos de lazer como pérgolas, bancos, mesas, máquinas para ginástica, bebedouros, parques para bicicletas, etc. No Jardim do Bairro do Afonso Costa, a obra está mais avançada, estando praticamente terminada. Paralelamente está a decorrer o rebaixamento dos passeios no seguimento das passadeiras na rua José Leite Vasconcelos e o município está a realizar, com massas asfálticas fornecidas pela junta de freguesia, asfaltamentos em outros arruamentos deste bairro.

Vamos ainda avançar com três grandes intervenções. Dentro de um mês, junto à Cooperativa das Manteigadas, vamos realizar uma obra, há muito tempo reclamada pelas pessoas, que deveria ter sido feita pelo promotor na altura da construção da urbanização, que consiste na colocação de um passeio pedonal junto às habitações no Parque Santiago, onde decorre a Feira de Sant’Iago. Outra obra muito importante para os moradores é a zona da rua Flávio Resende, onde o município efectuará o arruamento. Lembro que esta rua, desde o início da construção do bairro, ficou interrompida, e agora o problema vai ser resolvido com esta intervenção, com a passagem do terreno para a posse do município. O município fará os arruamentos e a junta de freguesia os passeios. É uma intervenção muito importante, não só pela dimensão mas também pela resolução de cinco becos sem saída, que com duas intervenções, vão permitir maior mobilidade rodoviária neste bairro. Estamos a trabalhar profundamente com o município para iniciar, ainda este ano, a intervenção na rua Adriano Correia de Oliveira, a nível dos passeios, acompanhada de um novo asfaltamento na rua Fernando Lopes Graça, uma artéria perpendicular.

Neste momento está em curso uma grande intervenção na rua Júlio Dinis, no Bairro Humberto Delgado, requalificando uma parte desta zona que estava a necessitar, a nível de estacionamento, passeios e contenção do talude.

Estamos também a trabalhar em conjunto com o município em intervenções de criação de estacionamentos. Começámos na rua Valverde, que está praticamente concluída, tendo registado um atraso devido à necessidade de substituir a rede de abastecimento de água que se encontrava obsoleta. Junto à rua Adriano Correia de Oliveira, na praceta Virgínia Rau, será outra zona onde iremos construir zonas de estacionamento.

Requalificação da rua Camilo Castelo:

“Gostaria que fosse concluída até ao final deste mandato”

Nuno Costa confessa que gostaria que o executivo camarário concluísse a requalificação da rua Camilo Castelo Branco. A obra já está adjudicada no troço entre o hospital e a avenida Jaime Cortesão, incluindo a Groot Pombo.

S.M. – O que gostaria de concluir até ao final do mandato?

N.C. – A construção do auditório será o grande objectivo deste mandato. Embora não dependa da junta de freguesia gostaria que fosse concluída até ao final deste mandato a requalificação da rua Camilo Castelo Branco. Já sabemos que o município adjudicou a obra que envolve outras artérias como a rua José Groot Pombo. Creio que estão criadas as condições para avançar embora seja um processo complexo que exige o visto do Tribunal de Contas. No início do mandato apresentámos ao município um conjunto de obras fundamentais em zonas como Moinho do Frade, rua Padre José Maria Nunes da Silva, a estrada de Santas, alguns arruamentos no bairro Santos, e foi possível concretizar esses projectos. Seria uma satisfação muito grande ver esta obra concluída.

Nuno Costa acompanha a situação da pandemia na freguesia:

“Nunca deixámos de fazer o nosso trabalho”

O presidente da maior junta de freguesia do concelho de Setúbal tem acompanhado o combate à pandemia do Covid-19, estando no terreno para resolver problemas. A junta de freguesia além das acções sanitárias e de higiene urbana deu apoio às pessoas idosas, doentes ou sem rendimentos com cabazes de bens alimentares, entrega de medicamentos no domicílio e até a recolha do lixo dos confinados no período mais crítico.

S.M. – Como tem acompanhado a situação da pandemia na freguesia?

N.C. – Quero destacar que em Setúbal, ao contrário de muitos outros municípios, verificou-se um trabalho de coordenação municipal exemplar e permanente entre as várias entidades, liderada pela Protecção Civil e a Câmara Municipal. Um trabalho em perfeita coordenação com o que se sabia, em cada momento, e em consonância com as directivas da Direcção Geral da Saúde.

Alterámos profundamente o nosso trabalho, mas sem nunca deixar de fazer os serviços essenciais da competência da junta de freguesia, quer no sector operacional, como a limpeza e higiene urbana que estiveram a trabalhar em pleno durante a fase mais crítica da pandemia, quer os nossos serviços administrativos, que com as limitações impostas pelas circunstâncias, efectuaram atendimentos presenciais, através de marcações, com os devidos cuidados e com recurso às plataformas digitais que já tínhamos desenvolvido antes. As pessoas perceberam as vantagens de estar ligado online à junta de freguesia. Nunca deixámos de fazer o nosso trabalho.

Realizámos acções fundamentais para o controlo da pandemia. Inicialmente, desinfectámos as ruas e locais mais frequentados e, em conjunto com o município, oferecemos máscaras de protecção, apoiámos as instituições particulares de solidariedade social que estão no terreno com equipas de apoio às famílias, permitindo a intensificação desse trabalho, oferecendo equipamentos de protecção e ou verbas para os adquirir. Preparamos as escolas e os logradouros para a reabertura dos estabelecimentos do pré-escolar. A EB de Monte Belo é hoje um centro de testagem de Covid, tenda a Junta ajudado o município a instalar este serviço. Estamos numa fase muito importante de avaliar junto do movimento associativo e das escolas quais as suas necessidades para proceder à entrega de um apoio suplementar nos próximos tempos. Na época mais crítica, em parceria com outras entidades, promovemos uma plataforma digital para divulgar os serviços do comércio local como a restauração, em takeaway, e outros estabelecimentos. Entregámos, juntamente com a Protecção Civil, várias centenas de cabazes a idosos, doentes crónicos e outros com Covid-19, pessoas que perderam o empregou ou que se encontravam em lay off e feirantes que estavam impedidos de realizar a sua actividade. Entregámos ainda medicação necessária ou recolhemos o lixo de doentes nos domicílios. A junta de freguesia funcionou como elo de ligação com os centros de saúde, recolhendo o receitário dos doentes crónicos, aviar na farmácia e entregar às pessoas nas suas casas.

S.M. – Na sua opinião, foi esta boa coordenação municipal que permitiu não haver surtos graves nos bairros sociais como acontece na região norte da Área Metropolitana de Lisboa?

N.C. – Esta coordenação ditou o sucesso do controlo da pandemia em todos os bairros de Setúbal. Foi fundamental a todos os níveis. Decorrem um conjunto de acções presenciais, com as devidas protecções sanitárias, de sensibilização de vários grupos para comportamentos individuais correctos. As pessoas colaboram sempre.

Nuno Costa pondera a candidatura ao terceiro e último mandato como presidente da Junta de Freguesia de São Sebastião

Nuno Costa deve candidatar-se a terceiro mandato:

“Salvo melhor opinião, acho que este ciclo aqui não está terminado”

O presidente da Junta de Freguesia de São Sebastião admite uma possível terceira candidatura em 2021 encerrando um ciclo político neste órgão autárquico. A decisão final será tomada e anunciada no início do próximo ano.

S.M. – Quando pensa ponderar uma eventual recandidatura à presidência da junta de freguesia?

N.C. – Faz sentido terminar um ciclo e isso não é para já. Isso implica uma reflexão nunca antes de Fevereiro ou Março de 2021.

S.M. – Se o partido considerar que era a pessoa certa para uma candidatura à presidência do município, aceitaria?

N.C. – Não é altura para ponderar essa questão. Mantenho o que disse. Faz sentido terminar este ciclo aqui e este ainda não terminou. Faz sentido, porque os projectos autárquicos devem amadurecer e a interrupção dos ciclos faz perder aquilo que é a fase mais importante, uma concretização mais acelerada. Faz ainda sentido terminar este ciclo porque depois vêm outras pessoas com novas ideias, energia e perspectivas. Por isso, esta ideia de ciclo tem de ser bem clara. A pessoa tem de ter a noção quando deve ficar e sair. Salvo melhor opinião, acho que este ciclo aqui não está terminado. Estamos com um nível grande de concretização e acho importante não perder esse trabalho a meio.