Pais de menino que ficou preso em piscina em Azeitão exigem investigação

Os pais do Vic, Ansie van Aerschot e Michael Wanzeele, o menino de 6 anos que morreu vítima de um acidente ocorrido numa piscina de um alojamento local, na Aldeia da Portela, em Azeitão, exigem uma investigação.

Num comunicado, o casal belga relata o acidente e como a morte do filho poderia ter sido evitada se os responsáveis da unidade de turismo rural cumprissem requisitos básicos de segurança, como “uma simples tampa” no filtro.

Por isso, exigem que sejam apuradas responsabilidades.

Recorde-se que o menino que ficou com um braço direito preso no ralo de aspiração da piscina a 17 de Julho, foi resgatado às 14:06 por dois elementos dos bombeiros depois de se ter procedido ao arrombamento das instalações do sistema de bombagem.

O menino, que terá estado submerso mais de 20 minutos, foi alvo de várias manobras de suporte de vida e tinha sinais vitais quando chegou a equipa de emergência médica, que a encaminhou para o Hospital de Dona Estefânia, em Lisboa, onde se encontrava internado em estado crítico na Unidade de Cuidados Intensivos, até falecer no dia 23 de Julho, às 6h00.

De acordo com o CDOS, na altura foram mobilizados para o local os Bombeiros Voluntários e Sapadores de Setúbal, GNR e INEM, com um total de 15 operacionais apoiados por seis viaturas.

Comunicado:

“Terminaríamos as nossas férias em Portugal na terça-feira, dia 17 de julho. Passeámos pelo país durante quinze dias com uns amigos nossos e com os seus filhos. Deixaríamos a villa depois de almoço para irmos para o aeroporto e regressarmos à Bélgica.

O meu marido saiu de manhã cedo, de carro, para levar as nossas malas para casa. Vic e as outras crianças brincavam juntos na piscina. A nossa amiga estava sentada junto à piscina e eu estava a preparar a mesa, perto da piscina, com o marido dela.

Enquanto o Joris e o Vic davam uns mergulhos, Joris reparou logo que o Vic tinha ficado preso num buraco no fundo da piscina, na parte mais funda da mesma, com pelo menos 1,90 metros de profundidade. Saltámos todos imediatamente para a piscina para o ajudar, mas era impossível soltá-lo.

Tentámos repetidas vezes (nas primeiras tentativas, o Vic ainda estava vivo e a mexer-se, a tentar soltar-se)… Eu entrei em pânico porque era evidente que não o conseguíamos tirar, mas continuámos a tentar.

Ligámos para o 112, a nossa chamada foi transferida 5 vezes até conseguirmos falar com alguém que falasse inglês. Fomos à procura do quadro de eletricidade para desligarmos o filtro, mas não conseguimos encontrar nada de útil no quadro. Ninguém sabia onde se encontrava a instalação da piscina.

Eu liguei para a BE@home – empresa responsável pela propriedade Arrábida Country Retreat (Alojamento Local), selecionada pela nossa agência de viagens – e, ao telefone, gritei que o meu filho tinha ficado preso no filtro e estava a morrer na piscina. Eles disseram-me para permanecer calma e que alguém iria imediatamente (chegaram ao mesmo tempo que os bombeiros). Nada disseram relativamente à instalação que poderíamos desligar…

Nesse momento percebi que não conseguiríamos tirar o Vic sozinhos, enquanto ele continuava no fundo da piscina, já sem se mexer… Eu queria que os serviços de emergência chegassem o mais rápido possível, por isso comecei a correr descalça para a estrada para lhes indicar o caminho. Gritei o mais alto que consegui para que eles me ouvissem e encontrassem o caminho mais facilmente.

Os bombeiros chegaram primeiro e dois deles tentaram soltar o Vic, sem sucesso. Começaram à procura da instalação, que parecia estar numa pequena casa na estrada de acesso que se encontrava trancada. Os bombeiros arrobaram a porta, desligaram o sistema do filtro e finalmente conseguiram soltar o Vic. Penso que terá ficado debaixo de água durante 15-20 minutos.

Começaram as técnicas de reanimação e trouxeram-no de volta após 40-45 minutos. Depois dos bombeiros, chegou a polícia e depois disso a ambulância e um carro com o médico de emergência. O Vic foi levado para o Hospital Dona Estefânia onde foi imediatamente recebido pela equipa da unidade de cuidados intensivos pediátricos com carinho e com o melhor tratamento possível.

Deixaram claro que o Vic estava gravemente ferido. Prometeram tentar tudo para o trazerem de volta, mas não tinham a certeza se conseguiriam e, caso conseguissem, em que estado se encontraria…mas ele não sobreviveu. No sábado, dia 21 de julho, a ressonância magnética demonstrava que o cérebro do Vic estava gravemente afetado, incluindo o tronco cerebral, e tudo apontava para que estivesse em morte cerebral. Segunda-feira, dia 23, morreu nos nossos braços pela segunda vez.

O filtro devia estar tapado! A aspiração era tão forte que ele nunca teve qualquer hipótese…é inacreditável que isto pudesse acontecer quando uma simples tampa o podia ter evitado… Emitimos este comunicado para garantir que será levada a cabo uma investigação rigorosa deste caso e que serão tomadas medidas para impedir que esta tragédia aconteça com outra família.

Os pais do Vic, Ansie van Aerschot e Michael Wanzeele