Fuzileiros invadem Pinheiro da Cruz: Maior exercício da história da Nato em Grândola

O maior exercício militar da história da Nato (Organização do Tratado do Atlântico Norte) desde 2002 está a decorrer em vários locais de Itália, Espanha e Portugal, que se constituem como nações hospedeiras, até 6 de Novembro. Este exercício que, tem por objectivo demonstrar a capacidade da organização em planear, gerar, preparar, projectar e sustentar forças e meios atribuídos, envolve toda a estrutura de Comando da Aliança e conta com a participação de cerca de 36 mil militares das componentes terrestre, marítima e aérea, de mais de 30 países da Aliança e parceiros.

Quatro mil fuzileiros desembarcaram na praia de Pinheiro da cruz, no concelho de Grândola, no âmbito do maior exercício militar da Nato desde 2002 e que decorre também em Itália e Espanha. O maior assalto anfíbio que alguma vez chegou às praias de Portugal, encontrou alguns problemas com os equipamentos de combate dos “marines” a ficarem atascados no areal alentejano devido às difíceis condições.

O tenente-coronel Eric Hamstra, dos United States Marine Corps, afirmou no local aos jornalistas que “isto é algo que preparámos nos últimos dois anos”, sendo “uma oportunidade para os fuzileiros e os marines aprenderem uns com os outros”. “Vão partilhar tácticas, técnicas e procedimentos” disse o responsável militar.

O areal de Grândola revelou-se uma grande dificuldade. Dois hovercrafts que tinham saído do navio dos marines norte-americanos invadiram em alta velocidade a praia mas a travagem na rebentação foi tão forte que impediu a chegada. Foi preciso voltar atrás e a ganhar balanço para chegar enfim à praia. Seguiu-se o desembarque aos “Humvees”, jipes robustos que devem estar habituados a areias mais espessas mas revelaram-se incapazes de avançar nas areias da praia.

Era altura de entrarem os avançados que estavam no banco. O embaixador americano Robert A. Sherman e o vice-almirante Pereira da Cunha, que comandou o exercício, saíram de um dos hovercrafts e tentaram por ordem na praia. Os fuzileiros seguiram as ordens e com as armas em punho controlaram rapidamente a área, uns de cócoras, outros deitados. Mas os jipes nada. Os condutores bem aceleravam, mas quanto mais a fundo, mais fundo iam os jipes. Os jornalistas iam acompanhando tudo do cimo de uma rampa, pela qual os veículos deveriam sair, voltando os hovercraft ao navio para trazer mais uns quantos.

Nem as embarcações voltaram ao USS Arlington (LPD-24) para recarregar, nem os Humvee dali sairam sem um empurrãozinho – e sem essa táctica confidenciada pelos portugueses que consiste em esvaziar os pneus. O conselheiro de imprensa da embaixada dos Estados Unidos, junto com um tenente dos marines, lá arranjaram uma conferência de imprensa para aliviar o ambiente. Enquanto falavam aos jornalistas e elogiavam a iniciativa, em fundo viam-se as tentativas para retirar os veículos das areias.

O tenente-coronel Eric Hamstra, dos United States Marine Corps, confidenciou que “tudo correu bem”. Como assim, “bem”? “Os fuzileiros e os marines trabalharam bem. O exercício foi uma boa oportunidade para, quando os veículos ficam atolados, os fuzileiros e os marines saberem como tirá-los de lá para fora”.

O exercício integra a componente naval da “Trident Juncture 15” da Nato, que prolonga-se até 6 de Novembro nas áreas de Beja, Santa Margarida, Tróia e Setúbal, com militares portugueses, norte-americanos, espanhóis, franceses, holandeses e alemães.