Festa da Ilustração anima Setúbal

A 8.ª edição da Festa da Ilustração, com um total de 15 exposições, realiza-se em outubro em vários locais da cidade de Setúbal.

Na apresentação do evento, o presidente da Câmara Municipal de Setúbal, André Martins, considera que “trata-se de mais um contributo sério para afirmar Setúbal como cidade de referência na promoção cultural de nível nacional e internacional”.

Segundo o autarca, a festa “representa um convívio de trabalhos de homens e mulheres que, pela arte da ilustração, incentivam à criação e à fruição cultural em Setúbal”, o que não se deve só ao facto de o concelho ter um “diversificado património natural, histórico e cultural de elevado e reconhecido valor”, mas também “à orientação de política cultural” que foi “prosseguida e projetada” pelo município nos últimos vinte anos.

André Martins destacou ainda o facto de a edição deste ano ser dedicada a João Paulo Cotrim. “A sua memória continuará bem presente nesta Festa da Ilustração que ele ajudou a construir e pela qual lhe agradecemos, dedicando-lhe a nossa homenagem por este trabalho, mas também por todo o labor que desenvolveu no nosso país, e não só, em prol da ilustração e da banda desenhada”.

José Teófilo Duarte, curador da Festa da Ilustração, organizada pela Câmara Municipal de Setúbal em parceria com a DDLX – Design | Comunicação e a editora Abysmo, referiu que a aposta é ter “ilustração com atitude” e agradeceu à autarquia por tornar possível a realização de “uma festa única no mundo”, pois, como recordou, não há, como em Setúbal, outra cidade que tenha todos os seus espaços expositivos dedicados a esta arte.

“São ilustradores que têm atitude, têm opinião e têm uma dimensão internacional. E todos são tratados com a mesma importância. É um acontecimento único, que tanto a cidade como o país deviam adotar como seu”, defendeu.

O curador da Festa, que este ano tem André Letria e o francês Alain Corbel como convidados nacional e internacional, respetivamente, salientou a importância de se chamar “cada vez mais pessoas para a ilustração”, uma vez que esta “faz pensar e provoca reações”, não sendo diversão pura.

“Isso deve-se à grande participação que as pessoas quiseram ter por causa do João Paulo Cotrim”, disse, dando como exemplo dessa vontade o facto de na Festa ser lançado um novo grupo musical composto pelos ilustradores João Maia Pinto e Pedro Lourenço, que vai tocar em Setúbal no dia 1 de outubro.

José Teófilo Duarte adiantou que, como é hábito, o evento convida “artistas estrangeiros que tenham ligação a Portugal”, mas com “uma dimensão internacional assinalável”.

A exposição “Ilustração Portuguesa”, que tem a sua curadoria e vai estar patente no espaço A Gráfica e na Biblioteca de Azeitão, é uma homenagem direta a João Paulo Cotrim, a quem “os ilustradores portugueses que hoje existem devem muito”, mas a Festa vai também recordá-lo através do lançamento do livro “Foi Quase um Prazer”, com textos seus sobre ilustração

Como novidade há a extensão feita a Óbidos e ao festival Fólio, que José Teófilo Duarte classificou como sendo “talvez o mais importante acontecimento literário em Portugal”, que este ano também é dedicado a João Paulo Cotrim e decorre igualmente em outubro. Em Óbidos vai estar a exposição “Dar de Beber aos Olhos”, patente em fevereiro na Casa da Cultura, em Setúbal, pouco tempo depois de João Paulo Cotrim ter morrido.

André Letria vai expor na galeria da Casa da Cultura, com a sua própria curadoria, e vai ter a exposição “Dança”, na Casa Bocage, com curadoria partilhada com Inês Fonseca Santos, enquanto Alain Corbel expõe no Espaço João Paulo Cotrim, na Casa da Cultura, com curadoria de Ana Nogueira.

No espaço A Gráfica, além da exposição “Ilustração Portuguesa”, vai haver uma feira do livro e da ilustração, tendo à venda ilustrações e as mais recentes publicações nacionais e estrangeiras sobre o tema.

Enquanto a Casa do Largo vai divulgar artistas locais com a exposição “Ver ao Perto”, com curadoria da Divisão de Juventude da autarquia, a Galeria Municipal do 11 vai expor, com curadoria de Jorge Silva, toda a obra de José de Lemos, o autor da banda desenhada “Riso Amarelo” publicada no extinto Diário Popular.

“É uma tradição que nós temos de recuperar ilustradores que estão esquecidos”, afirmou José Teófilo Duarte, adiantando que na Biblioteca Pública Municipal vai haver uma exposição, com a sua curadoria, dedicada a Ana de Castro Osório, “uma mulher importantíssima” que viveu em Setúbal e foi “talvez uma das primeiras feministas portuguesas”.

“Cthulho sadino”, no Museu do Trabalho (curadoria de Pedro Moura), “Se não lhe fizer falta” (Ana Nogueira) e “Levar à letra” (Madalena Matoso), ambas na Casa da Avenida, Nuvens, de João Francisco Vilhena e João Paulo Cotrim, no Museu de Setúbal (José Teófilo Duarte), e outra do ilustrador Pedro Vieira, na livraria Culsete (Raul Reis e Rita Siborro), são as exposições que completam o programa.