Entrevistas

Entrevista com Bruno Frazão: “Sou o ‘saco de boxe’ para o bem e para o mal”

Bruno Frazão foi o grande vencedor do concurso de marchas populares de Setúbal de 2018 com a sua marcha do Grupo Desportivo Independente (GDI) e a ainda a melhor letra, na marcha das Pontes. Assumiu a presidência do GDI em Fevereiro deste ano, é produtor de espectáculos de teatro, ensaiador e criador, entre outros projectos, com destaque para o teatro com séniores.

Florindo Cardoso

Setúbal Mais – Como recebeu a notícia da vitória da marcha do Grupo Desportivo Independente e sobretudo de todos os prémios excepto letra e musica no concurso das marchas populares de Setúbal?

Bruno Frazão – Confesso que fiquei surpreendido com tantos prémios mas o prémio de figurino já esperava. Os outros prémios poderiam acontecer, ou não, uma vez que este ano apareceram alguns trabalhos muito bonitos, bem conseguidos que poderiam igualmente receber prémios de especialidade.

S.M. – Estava à espera que a madrinha ganhasse também, tendo sido a primeira vez que representou o Independente?

B.F. – Sabia que Joana Lança seria uma forte candidata a ganhar o prémio. Sinceramente, estava à espera deste prémio.

S.M. – Como reage às críticas feitas de que já se esperava este resultado?

B.F. – A minha reacção é positiva pois quando já se esperava esta vitória é porque efectivamente gostaram do trabalho apresentado na avenida Luísa Todi. Atenção, não era eu que estava à espera, como disse anteriormente porque foram apresentados trabalhos muito bons e poderia ter sido outro o desfecho. Felizmente para o Grupo Desportivo Independente, venceu.

S.M. Também venceu a melhor letra do concurso?

B.F. – Sim. O prémio de melhor letra também fui eu que venci apesar de ter sido na marcha da União Recreativa e Desportiva das Pontes. “Alexandre Marcos” é um pseudónimo que uso essencialmente na escrita das letras nas colectividades.

S.M. – Considera que há uma “perseguição” ao Bruno Frazão enquanto agente cultural da cidade por determinadas pessoas?

B.F. – Não tenho dúvidas disso. Não só nas marchas mas também noutras áreas em que me envolvo. Há um particular interesse em manchar o que faço para tentar descredibilizar o meu trabalho e dos que me acompanham porque o trabalho não se faz sozinho. Sou o “saco de boxe” para o bom e para o mal.

S.M. – Esta vitória é um incentivo para regressar em força em 2019?

B.F. – Não necessariamente. Quero abraçar outros projectos e possivelmente haverá um interregno nas marchas populares enquanto responsável por todas as áreas. Este ano, foi particularmente desgastante.

S.M. – Quais as suas fontes de inspiração para fazer uma marcha?

B.F. – A coisa mais absurda pode ser motivo para criar um projecto. O deste ano foi criado por muitos anos de vivência nas marchas, e achar “estranho” a forma como no período de preparação e apresentação das marchas as pessoas se tratam, nomeadamente quando são de marchas “rivais”. Daí tentei retratar através da letra as rivalidades, as picardias, os “diz que disse”. No fundo, todos os marchantes e aqueles que se envolvem nas marchas querem efectivamente divertir-se.

S.M – Também foi convidado pela Câmara Municipal de Almada para a fazer a grande marcha em dupla com Artur Jordão. Como foi receber esse convite?

B.F. – Foi o reconhecimento de um trabalho de muitos anos e de destaque na área da letra no meu caso e na área da música para o Artur Jordão. Já são alguns anos a vencer este tipo de concursos inclusive em Almada em 2009, onde Ivone Vieira Dias deu a voz a “Almada linda princesinha”. Fazemos uma dupla muito interessante pois respeitamos o trabalho um do outro e sabemos muito bem a forma de tornar uma marcha apelativa ao público.

S.M. – Considera que é preciso mais apoio financeiro às marchas para manter o nível de qualidade?

B.F. – Sem dúvida. As colectividades querem, cada vez mais, fazer melhor. Refira-se que recentemente, tivemos um aumento de 2.500 euros no orçamento atribuído pela autarquia, o que nos ajudou bastante. Só que se houver mais dinheiro, é possível fazer um trabalho com maior qualidade sem retirar verbas próprias das colectividades. Todos os anos, é sempre necessário que as colectividades invistam mais 3.000 ou 4.000 euros nesta actividade. Percebe-se que a Câmara Municipal de Setúbal faz um enorme esforço para dar mais e melhores condições a este evento de excelência da cidade.

HM HM

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