Entrevista a Vítor Proença, presidente da Câmara Municipal de Alcácer do Sal: “Alcácer está a tornar-se convidativa para o investimento turístico”

Alcácer do Sal é um concelho cada vez mais procurado para investimentos ligados à indústria agroalimentar e ao turismo. O Presidente da autarquia Vítor Proença, revelou que está previsto um novo hotel no antigo quartel dos bombeiros voluntários, vai avançar a empreitada de requalificação da Igreja de Santiago para receber o Museu Pedro Nunes, e as obras de requalificação do espaço público nas zonas envolventes à praça de touros e ao Parque de Feiras e Exposições e a construção de um interface de transportes, no valor global de 2,5 milhões de euros.

 

Florindo Cardoso

 

Setúbal Mais – Quais os principais investimento previstos para 2017?

Vítor Proença – Para além da obra de recuperação do Museu Pedro Nunes, um investimento global de cerca de um milhão de euros, temos já adjudicada, num valor superior a 200 mil euros, a iluminação cénica das muralhas do castelo, da Igreja de Santiago, da Igreja da Misericórdia do Torrão e do Fórum Romano de Alcácer do Sal, que dará mais visibilidade à cidade pelo facto de estar no meio de duas vias extraordinariamente importantes, a A2 e o IC1, e embeleza e tira maior partido da imponência deste património. Estão também a decorrer dois processos para investimentos em corredores cicláveis para criar maior mobilidade às pessoas. No último ano de mandato não desistimos de investir em infraestruturas de água e saneamento para proporcionar mais saúde às populações. Vamos lançar este ano dois concursos que totalizam 2,5 milhões de euros. O primeiro, que está em fase de conclusão, é o interface de transportes, um investimento de cerca de 1 milhão de euros para requalificar toda a envolvente à praça de toiros e do Parque de Feiras e Exposições, criando uma grande área urbana tratada. O segundo, que deverá estar concluído dentro de dois meses, é a zona ribeirinha nascente – actual Parque de Feiras e Exposições, que é seguramente um dos melhores do distrito de Setúbal, que vai passar a ter infraestruturas subterrâneas de iluminação, mobiliário urbano e zonas de estar, com boas condições para os expositores e aberto ao grande público. Temos várias obras um pouco por todo o concelho. Vamos iniciar e lançar o concurso do Plano de Mobilidade do Torrão, uma obra que poderá atingir os 500 mil euros. Estamos em fase de adjudicação, no valor de 400 mil euros, para a requalificação da Estrada de Casebres, com uma extensão muito grande.

S.M. – Conta com apoios comunitários nalgumas delas?

V.P. – Sim. Os dois concursos no valor de 2,5 milhões e o Plano de Mobilidade do Torrão terão um financiamento a 85% mas as obras na Estrada de Casebres serão pagas totalmente pela câmara. Temos muitas obras de embelezamento urbano. Retirámos há pouco tempo as chamadas “patas de cavalo”, 1.200 elementos dissuasores de trânsito, colocados pelo anterior executivo que provocaram quedas e fracturas em muitas pessoas. Há já um projecto com a escola secundária para que os alunos utilizem este material retirado para elaborar peças de arte urbana.

S.M.- Nos últimos anos, o concelho tem assistido ao desenvolvimento económico. Continua a existir procura por parte dos empresários?

V.P. – Está a ser mais procurado, sobretudo em duas vertentes. Na componente agroalimentar com projectos de ampliação na parte agrícola e hortícola, na zona da Comporta, e com propriedades que foram adquiridas por grupos económicos no agroalimentar que estão a desenvolver projectos para materializar em 2017 e 2018, como que é o caso do Monte Novo, propriedade de Xavier de Lima vendida a um grupo francês, para produzir cenouras e hortícolas, numa área de 600 hectares. Dois outros projectos, na ordem dos 200 hectares para produtos hortícolas. Há mais projectos no Torrão, graças ao sistema de rega do Alqueva. Por outro lado, na componente turística, com o desenvolvimento do projecto de construção do Hotel Palácio do Sal, de quatro estrelas, à entrada de Alcácer, junto ao rio, onde se situava o antigo quartel de bombeiros, tentará captar turistas estrangeiros, particularmente espanhóis e franceses. Um sócio é de Alcácer e outro de Lisboa, já com experiência hoteleira, sendo um hotel com todas as condições para vingar, já que Alcácer tem muita procura turística, enquanto que a oferta de alojamento existente encontra-se ocupada. A Pousada de Alcácer terminou o ano com 100% de ocupação e outros também com 90 a 100%. Existem ainda vários projectos de turismo de alojamento local. Alcácer está a tornar-se convidativa para o investimento turístico, beneficiando da localização de estar perto de Lisboa, sendo Alentejo.

S.M. – O presidente é defensor de um turismo sustentável?

V.P. – Um dos instrumentos mais valiosos deste mandato foi o tempo recorde com que o município está a elaborar a revisão do Plano Director Municipal (PDM). Quando nos apresentámos às eleições (2013), assumimos o compromisso de iniciar a revisão do PDM no sentido de que este seja indutor de desenvolvimento. Posso dizer que a versão final preliminar já se encontra na comissão consultiva da CCDR (Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional) Alentejo e acredito que até ao fim do mandato teremos o PDM aprovado, se as entidades externas forem rápidas conforme a câmara. Esse PDM aponta Alcácer como uma terra de dimensão agroalimentar, turística e que poderá receber indústrias e serviços. Coloca Alcácer como um território sustentável, bem defendido, com uma linha de rumo ecológica, ambiental, em defesa dos seus recursos. Um território equilibrado, de coesão e defensor dos produtos endógenos. Tem sido um trabalho fantástico, partilhado e participado. O município está trilhar o caminho nessas linhas condutoras do turismo mas preocupado com a saúde, solidariedade, a capacitação das pessoas e elevação do nível académico.

S.M. – Em relação ao IC1, tem alguma novidade?

V.P. – Não. Desde o Natal já morreram quatro pessoas. O ministro do Planeamento e Infraestruturas resolveu ir ao Montijo lançar o concurso de uma obra, incompreensivelmente, para esta estrada (IC1) que é muito mais perigosa, grave e um problema antigo, o governo continua sem soluções. Há uma incapacidade total para resolver esta situação. Esta estrada nacional, com muita procura por viaturas pesadas, o turismo, e dos residentes, tem falta de segurança. Estamos empenhados em lutar até ao fim e apoiaremos tudo o que for movimentações das pessoas nessa luta.