Conversa sobre arte política de rua no Politécnico de Setúbal

O investigador Ricardo Campos é o convidado, a 7 de dezembro, pelas 16h45 na Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Setúbal (ESE-IPS), da quarta e penúltima conversa do projeto “Histórias que as paredes contam”, subordinada ao mote “Murais e graffiti – estética e conteúdo na arte política de rua”.

Na mesa vão estar também as docentes Joana Matos e Lidia Marôpo, sendo a iniciativa, a realizar na Sala 3 da ESE-IPS, de entrada livre e gratuita, quer para a comunidade académica, quer para o público em geral.

Doutorado em Antropologia Visual, Ricardo Campos é investigador principal no Centro Interdisciplinar de Ciências Sociais da FCSH-UNL (CICS/NOVA), tendo trabalho desenvolvido em áreas como a arte urbana, a cultura visual, os media digitais e as culturas juvenis. Coordenou os projetos “Artcitizenship – Young people and the arts of citizenship: activism, participatory culture and creative practices” (2019/22) e “TransUrbArts – Emergent Urban Arts is Lisbon and São Paulo” (2016/20) e é autor de “Porque Pintamos a Cidade?” (2010), “Uma Cidade de Imagens” (2011) e “A Arte de Construir Cidadania” (2022), entre outras obras.

Joana Matos doutorou-se em Belas-Artes pela Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa com a tese “Vhils: Ruas com Rosto”, após ter concluído o mestrado em Ensino da Educação Visual e Tecnológica na ESE-IPS, onde antes se licenciara e onde atualmente é docente adjunta convidada. Com publicações nas vertentes da Educação Artística e das Artes Visuais, tem vindo a desenvolver projetos colaborativos na área da fotografia e da street art com diferentes comunidades.

Professora auxiliar no IPS e investigadora integrada no Centro Interdisciplinar de Ciências Sociais da Universidade Nova de Lisboa (CICS.NOVA), Lidia Marôpo tem concentrado a sua investigação na relação entre crianças, jovens e os media, publicando artigos científicos e livros como “Jornalismo e Direitos da Criança” e “A Construção da Agenda Mediática da Infância”. Participou também em projetos e redes internacionais, caso do COST Action Transforming Audiences Transforming Societies e do ySKILLS.

Esta conversa aberta ao público sucede-se a três outras: “O muralismo como meio de comunicação. Alternativo ou coincidente?” (25 de novembro, Casa da Cultura de Setúbal), “Que lugar para o mural num espaço público sobrelotado?” (28 de outubro, União Setubalense) e “Muralismo: efémero na malha urbana, perene na memória” (5 de setembro, Museu do Trabalho Michel Giacometti).

Casa da Cultura expõe murais pintados em Setúbal

Da esquerda para a direita, os autores das fotos expostas nesta mostra: Leonardo SilvaJosé Luis CostaLuís Humberto Teixeira, eu e António da Paixão Esteves. Ao centro, na fila de baixo, a foto com que Nuno Neves, que não pode comparecer à inauguração, está representado na exposição.

No âmbito do projeto está patente a exposição “Paredes limpas, Povo mudo”, que reúne 45 registos fotográficos de murais, pichagens e stencils, captados por António da Paixão Esteves, Helena de Sousa Freitas, José Luís Costa, Leonardo Silva, Luís Humberto Teixeira e Nuno Neves, na Casa da Cultura de Setúbal.

O encerramento de fábricas na região de Setúbal, que lançou centenas de pessoas no desemprego na década de 90, a co-incineração na Arrábida, que chamou os setubalenses à rua em viva objeção nos anos 2000, e a elitização de Tróia, motivo de contínuas manifestações de desagrado da população, contam-se entre os momentos da história local que chegaram às paredes pela mão de partidos políticos, estruturas sindicais, movimentos cívicos e grupos libertários. E que podem ser revisitados nesta mostra fotográfica.

“Apesar de destacar assuntos de cariz local, a exposição – que se encontra organizada por núcleos temáticos – também aborda matérias de âmbito nacional e internacional, algumas das quais voltaram recentemente à ordem do dia, como o direito à habitação ou os conflitos no Médio Oriente”, declara Helena Freitas, coordenadora do projeto.

Inaugurada na tarde do passado sábado, dia 2, no Espaço João Paulo Cotrim da Galeria da Casa da Cultura, onde recebeu largas dezenas de visitantes, a mostra pode ser vista ao longo do mês de dezembro.

Integrado no Programa das Comemorações Nacionais dos 50 anos do 25 de Abril, o projeto “Histórias que as paredes contam – 50 anos de muralismo em Setúbal” contempla a realização de cinco conversas, a execução de cinco murais por artistas de diferentes gerações, a organização de duas mostras fotográficas, a publicação de um álbum sobre o muralismo em Setúbal e a produção de um documentário sobre o processo criativo do conjunto de atividades.

Com chancela do Monte de Letras, o projeto tem por parceiros a Câmara Municipal de Setúbal, através da iniciativa “Venham Mais Vinte e Cincos”, o Instituto Politécnico de Setúbal, a Associação dos Municípios da Região de Setúbal, juntas de freguesia do concelho, a União Setubalense e a Associação Cultural Festroia.