A Sonangol, petrolífera estatal Angolana, colocou à venda o Convento de Brancanes, junto à Estrada Nacional 10, e dos mais de 46.000 m2 de terreno que o rodeiam à entrada da cidade de Setúbal .
A petrolífera quer vender o mais rapidamente possível, recebendo propostas em carta fechada, até 15 de Setembro. O contrato de promessa de compra e venda deve ser assinado nos dias seguintes e a escritura até 31 de Dezembro de 2019, de acordo com o anúncio publicado nos órgãos de comunicação social.
O imóvel, propriedade da Sonangol através da subsidiária Diraniprojects III – projectos Imobiliários, que é detida na totalidade pela petrolífera.
O antigo convento poderá dar origem a uma área de construção de 20 mil metros quadrados.
A construção original data do final do século XVII e o imóvel, localizado entre Azeitão e Setúbal, chegou a servir de prisão entre 1998 e 2005 e antes quartel.
Cedido pelo Ministério da Defesa ao Ministério da Justiça em 1998, mediante o pagamento de quatro milhões de euros, o antigo convento passou a servir de prisão. O estabelecimento prisional foi extinto em 2007, e o imóvel foi entregue à Estamo, imobiliária do Estado, que de imediato o pôs à venda.
O valor de 3,4 milhões de euros pelo qual esta empresa tutelada pelo Ministério das Finanças o vendeu à Diraniproject III ficou 600 mil euros abaixo daquele que o Ministério da Justiça tinha pago por ele nove anos antes.
História do imóvel:
O Convento de Nossa Senhora dos Anjos de Brancanes, dito mais simplesmente Convento de Brancanes, em Setúbal, foi fundado em 1682 por Frei António das Chagas, para nele se formarem missionários na sequência do prestígio apostólico dos frades franciscanos conhecidos pelos ‘missionários do Varatojo’.
O nome do convento vem de D.Branca Anes, antiga senhora das terras onde o convento foi erguido.
Foi o primeiro de outros que se seguiram: em 1753 o Seminário Apostólico de S. Francisco em Vinhais; em 1790 o Convento de S. Francisco de Mesão Frio; de 1826 a 1833 o Seminário Apostólico de Santa Maria Madalena do Monte da Falperra.
Em 11 de Junho de 1761 ingressou como noviço no Convento de Nossa Senhora dos Anjos de Brancanes Alexandre José da Silva, onde tomou os votos e professou a 13 de Junho de 1762, adoptando então o nome religioso por que é conhecido: frei Alexandre da Sagrada Família.
Após o terramoto de 1755, a Câmara de Setúbal instalou-se e passou a funcionar no Convento de Brancanes. Também aquando das invasões Francesas (princípio do século XIX), estes ocuparam o Convento para nele instalarem um hospital militar.
O Convento possuía uma importante biblioteca com livros raros que, na noite de 4 para 5 de Outubro de 1910, foram queimados na sequência de fogo posto pela população em fúria, danificando o edifício, tal como vieram também a fazer ao edifício dos Paços do Concelho.
Ao longo do Século XX, o edifício de rara beleza foi quartel militar e estabelecimento prisional depois de 1998 até 2007. Totalmente desactivado, veio então a ser vendido a uma entidade privada.