Celestina Neves, ex-presidente da Junta de Freguesia de Azeitão: “Seguramente a nova centralidade de Brejos será objeto da devida provisão orçamental”

Celestina Neves foi das autarcas mais carismáticas do concelho de Setúbal e conhecida por ser uma acérrima lutadora pelos valores e interesses de Azeitão. Dedicou três décadas à causa pública. Foi eleita autarca em Azeitão em 1993, quando entrou na assembleia de freguesia. Em 1997, integrou o executivo da junta de freguesia como secretária. Desde 2001 e até 2021 foi presidente de junta de freguesia, primeiro em S. Simão, depois em S. Lourenço e em 2013 na nova freguesia de Azeitão. No final do segundo mandato como presidente da Junta de Freguesia de Azeitão, eleita pelo movimento de cidadãos independente “Azeitão No Coração”, decidiu não recandidatar-se ao terceiro e último mandato. Ao Setúbal Mais, Celestina Neves, agora como cidadã atenta, faz um balanço positivo do primeiro ano do mandato autárquico, defende o projeto de centralidade em Brejos, e elogia os políticos do concelho por manterem a união das freguesias em Azeitão.


Florindo Cardoso


Setúbal Mais – Qual a sua posição sobre o adiamento das obras de construção do novo mercado de Azeitão por parte da Câmara Municipal de Setúbal?
Celestina Neves
– O adiamento das obras do mercado de Brejos de Azeitão deve-se a problemas sistemáticos que a urbanização acarretou e ainda à demora de respostas da parte da Infraestruturas de Portugal, relativas à execução da rotunda, cruzamento da Estrada Nacional 10 com a Rua de S. Gonçalo.

Setúbal Mais – Na sua intervenção recente na Assembleia Municipal de Setúbal disse que deveria ser a primeira obra deste mandato. O presidente alegou que o projeto pode não ser viável a nível financeiro. Concorda com esta resposta do presidente?
Celestina Neves
– Interpretei a resposta do presidente da Câmara Municipal de Setúbal no sentido em que o projeto se encontra em avaliação, o que me parece acertado. Passaram anos e as circunstâncias alteraram-se. Muitos dos interessados em se instalar no mercado deixaram de existir. Por razões várias, não esquecendo a pandemia do Covid-19. Uns deixaram a atividade por razões de idade, outros enveredaram por outras profissões. Há que saber em concreto a quem se destina o mercado, quem são os interessados. Não se pode fazer um equipamento desta importância, gastar muitíssimo dinheiro na sua execução e ter por resultado um mercado vazio. Temos o exemplo do mercado de Vila Nogueira que foi todo remodelado e, tendo todas as condições de funcionamento, tem, hoje, bancas vazias.

Setúbal Mais – Na sua opinião, qual seria as grandes vantagens deste projeto para Brejos de Azeitão?
Celestina Neves
– Este projeto – Centralidade de Brejos – não se esgota no Mercado. Tem outras valias. E estas não estão ameaçadas. Há, pois, que concluir rapidamente o levantamento dos interessados no mercado e avançar com todo o projeto.

Setúbal Mais – Considera que o projeto do mercado de Brejos de Azeitão deveria estar no próximo orçamento da câmara?
Celestina Neves
– Seguramente a nova centralidade de Brejos de Azeitão será objeto da devida provisão orçamental.


Setúbal Mais – Elogiou os partidos de defenderem a união de freguesias de Azeitão mantendo a atual situação administrativa. Considera importante esta união partidária?
Celestina Neves
– Não poderia deixar de elogiar a postura atual dos diversos titulares dos órgãos autárquicos no que concerne à possibilidade que tiveram de desagregar a freguesia de Azeitão, não o tendo feito.
Como é sabido, defendi a agregação das freguesias de Azeitão, operada pela Lei n.º 11-A/2013. Só me moveu então a firme convicção de que a agregação seria mais vantajosa para Azeitão. Na altura, fui alvo de crítica muitas vezes, com puro despeito e sem qualquer nexo orientado para o serviço público e para o melhor das populações de Azeitão.
A agregação veio, como eu defendia, confirmar-se como uma solução ajustada, que dotou indubitavelmente Azeitão de melhores condições de governança e de gestão, a partir de uma única freguesia dedicada a toda a área de Azeitão.
Prova disso está no facto de nenhuma força política instalada no concelho e em Azeitão, e muito menos a população, ter manifestado a mínima pretensão de reverter a agregação, tendo tido essa possibilidade através da Lei n.º 39/2021.
Deixo o elogio a quem soube, ainda que passados estes anos, reconhecer os benefícios, que a agregação das freguesias trouxe para Azeitão. Mais vale tarde do que nunca.

Setúbal Mais – Como tem acompanhado como cidadã este primeiro ano de mandato da junta e da câmara e as suas preocupações?
Celestina Neves
– Os primeiros anos de mandato são sempre difíceis, sobretudo quando há mudanças de protagonistas. No entanto, tenho de referir que, apesar dessas dificuldades iniciais, tem sido desenvolvido trabalho. Aqui em Azeitão, a Câmara Municipal de Setúbal tem dado continuidade aos trabalhos sobre infraestruturas de saneamento básico. Trabalhos essenciais, muito caros, embora pouco percetíveis pela população, pois são “enterrados”. Contudo, sem estas infraestruturas não pode haver asfaltos. Câmara de Setúbal e Junta de Freguesia de Azeitão têm dado continuidade ao trabalho de pareceria na construção de passeios e ruas.
Cabe-me ainda referir o regresso à gestão municipal do abastecimento de água, cumprindo importante promessa feita à população do concelho, pondo-se assim termo a 25 anos de concessão à empresa “Águas do Sado”. Tratou-se de um processo muito complexo de transição, mas com ganhos visíveis na qualidade do serviço e nas tarifas sobre as quais a câmara municipal aprovou preços mais baixos em todos escalões do consumo doméstico.
Há e haverá sempre que fazer, mas estou certa que os ritmos, passado o ano inicial, irão acelerar.