Mais de 100 pessoas participaram no jantar comemorativo do 5.º aniversário da Casa da Poesia, realizado a 15 de Março, num restaurante da cidade, juntando poetas e personalidades da região, num grande momento cultural, tendo como ponto alto a entrega do donativo de 2.037 euros à APPDA Setúbal – Associação Portuguesa para as Perturbações do Desenvolvimento e Autismo, em resultado das receitas do evento “Vinhos solidários”.
Florindo Cardoso
A presidente da Casa da Poesia de Setúbal, Alexandrina Pereira, salienta que “queremos levar a poesia onde for necessário”, lembrando a acção de “Pequeno se faz o poeta”, “uma experiência fantástica que permite ver os meninos escrever poesia nas escolas”.
“Neste momento estamos a desenvolver um trabalho com alunos de uma Escola Básica de Monte Belo, onde sensibilizamos, através de fotografias, para poluição dos oceanos e a preservação da natureza, e depois as crianças escrevem sobre isso”, disse a poetisa, no jantar comemorativo do 5.º aniversário da Casa da Poesia de Setúbal
Este jantar contou com a presença da presidente da Câmara Municipal de Setúbal, Maria das Dores Meira, do vereador da Cultura do município sadino, Pedro Pina, dos presidentes das juntas de freguesia de Gâmbia, Pontes e Alto da Guerra, José Belchior, de S. Sebastião, Nuno Costa, e da União de Freguesias de Setúbal, Rui Canas, a proprietária da Casa Ermelinda Freitas, Leonor Freitas, e do presidente da Cáritas Diocesana de Setúbal, Domingos Sousa, entre outros convidados.
Para Alexandrina Pereira, “a poesia também é solidariedade e tem sido o nosso ex-líbris porque nos satisfaz em todos os aspectos”, agradecendo o apoio da Casa da Ermelinda Freitas, no evento “Vinhos solidários”, que se realiza anualmente na Casa da Baía, lembrando que estas receitas “ajudam as instituições no desenvolvimento das suas actividades” como já foi o caso da Cáritas Diocesana de Setúbal, a Clínica Dentária Social, a delegação de Setúbal da Liga Portuguesa contra o Cancro e este ano a APPDA Setúbal. “Vamos continuar a ajudar e já temos pedidos para o evento deste ano”, adiantou a poetisa.
Leonor Freitas disse que “sou apenas uma pequenina peça neste puzzle, aquilo que disponibilizo é vinho que tenho, mas o resto do trabalho é feito pelos membros da Casa da Poesia de Setúbal”, elogiando o seu “esforço e dedicação” e a “solidariedade da nossa gente de Setúbal”. A empresária recebeu um ramo de flores e uma pintura de Lurdes Pólvora.
Rui Canas destacou a importância do trabalho desenvolvido pela Casa da Poesia. “Ficamos surpreendidos com as actividades da associação desenvolvidas por um grupo de poetas voluntários”, lembrando que a junta de freguesia cedeu um espaço na av. Luísa Todi que já “é pequeno para as potencialidades que este projecto tem”. O autarca lançou o desafio de lançar o projecto de levar a poesia aos bairros, “onde as pessoas nunca ouviram poesia ao vivo”.
Maria das Dores Meira deu os parabéns à Casa da Poesia “pelo trabalho realizado neste cinco anos, estes setubalenses de nascimento ou de coração estão em todo o lado e a trabalhar muito”. “Setúbal é uma terra de poetas, sendo o maior Bocage, mas existem centenas de pessoas a fazer poesia, e outros que também são voluntários dos afectos”, disse a edil, elogiando a Casa da Poesia por ter “a habilidade e inteligência de semear bem cedo nas escolas este voluntariado dos afectos porque é pelo sonho que vamos, como diz Sebastião da Gama, construindo uma sociedade diferente e muito melhor”.
De referir que o 2.º Encontro de Poetas de Setúbal vai realizar-se a 9 de Junho na freguesia de Gâmbia, Pontes e Alto da Guerra e em 2020 será em S. Sebastião. A escritora convidada deste ano é Alice Vieira.
Jorge Bernardo, presidente da APPDA Setúbal: “É uma ajuda muito grande”
O presidente da APPDA Setúbal, Jorge Bernardo, emocionado, agradeceu o apoio da Casa da Poesia. “É uma ajuda muito grande”, disse o responsável, lembrando que a associação existe há 14 anos, sediada em Setúbal mas com carácter distrital para “apoiar as famílias dos jovens com a problemática do espectro do autismo e ao longo deste tempo teme evoluído e crescido nas suas acções”.
“Neste momento, estamos a meio de uma caminho que temos de percorrer para atingir a dimensão de outras instituições do país, dando uma resposta alargada às necessidades das famílias e jovens com esta problemática”, afirmou Jorge Bernardo, alertando “para o problema existente na nossa sociedade, que muitas vezes passa ao lado da maior parte das pessoas, é quando os jovens acabam a escolaridade obrigatória, aos 18 anos, as famílias ficam numa situação grave, sem resposta do Estado para colocar em instituições para os tratar com dignidade e desenvolver as suas competências, havendo casos de pais que deixam de trabalhar para tomar conta dos filhos”. “Todos os dias somos abordados por famílias que enfrentam este problema”, denunciou.
O responsável sublinhou que “queremos dar resposta às famílias e em 2018, um sócio adquiriu uma residência, cedendo-a à associação através de contrato de comodato, e vamos fazer obras de adaptação, para receber os jovens com espectro de autismo”, acrescentando que pretende-se desenvolver o projecto “Respiro”, com a construção de um centro com actividades ocupacionais e lar residencial, num terreno cedido pelo município sadino.
