A segunda edição do Encontro Poético de Setúbal, espaço de reflexão sobre temas ligados à criação poética e de partilha de poemas de diversos autores portugueses, vai realizar-se no dia 8 de Junho, em vários locais na freguesia de Gâmbia, Pontes e Alto da Guerra e na cidade sadina, contando com a presença de seis dezenas de participantes do país e de Espanha.
Florindo Cardoso
Alexandrina Pereira, presidente da Casa da Poesia de Setúbal, entidade promotora do evento, explicou que “este segundo encontro tem algumas alterações para melhor” em relação à primeira edição, contando com o apoio da Junta de Freguesia de Gâmbia, Pontes e Alto da Guerra. “É um reconhecimento do nosso trabalho”, disse a responsável.
“Uma das intenções do Encontro Poético, era tornar este evento nacional e internacional e este ano temos uma convidada de Espanha, a poetisa Antónia Serrato Ramon, acompanhada de uma comitiva de uma dezena de pessoas ligadas à poesia”, salienta Alexandrina Pereira, lembrando que se trata de uma personalidade “premiada literariamente no seu país”.
“Ela ficou muito feliz pelo convite e nós por a ter cá, porque é uma forma de divulgarmos as belezas da nossa cidade e fazer o intercâmbio entre poetas, que é muito importante haver esta coesão, dar amplitude à poesia, trazendo novas pessoas, aprendendo a ouvir outras formas de escrever, desde a décima à quadra e ao poema branco, fazendo crescer quem está na poesia”, sublinhou a dirigente, acrescentando que “estamos a preparar um conjunto de perguntas para que ela possa abordar os métodos de divulgação de poesia”.
O encontro começa às 9h30, com uma recepção na Casa da Baía, à semelhança do ano passado, com a oferta de um café, um bolo regional e um momento de troca de livros entre os participantes, funcionando como “um intercâmbio de livros entre poetas”.
Uma hora depois os participantes dirigem-se para as instalações da junta de Freguesia de Gâmbia, Pontes e Alto da Guerra, onde será efectuada uma visita ao museu com peças ligadas ao trabalho rural e um momento de poesia, no auditório. Segue-se uma visita aos viveiros de peixe e de ostras e um almoço no Clube Desportivo, Cultural e Recreativo de Gâmbia.
À tarde, haverá outro momento de poesia do Moinho de Maré da Mourisca, terminando o encontro, pelas 17h00, com uma sessão na Biblioteca Municipal de Setúbal, onde será apresentada a convidada espanhola. Um moscatel de honra da Casa Ermelinda Freitas dá o ponto final neste evento.
Alexandrina Pereira faz um balanço muito positivo do primeiro encontro. “O primeiro evento foi uma surpresa na adesão registada e foi muito bonito e este ano, tendo outra forma, vai melhorar porque dá a oportunidade de dar a conhecer Setúbal”, afirma a poetisa, adiantando que em 2020 será a vez da freguesia de S. Sebastião a receber o encontro. O objectivo é que seja uma freguesia por ano, percorrendo as cinco do concelho de Setúbal.
A Casa da Poesia que tem cinco anos de existência mantém uma intensa actividade cultural na cidade. “Este ano já fizemos 10 sessões de ‘De pequeno se faz o poeta” na escola de Monte Belo e faremos mais duas na escola de Montalvão, estas duas últimas sobre Calafate”, afirma. Este ano, os “Vinhos Solidários” foram antecipados para Setembro para fazer parte das comemorações do bicentenário do nascimento de Calafate.
Já o presidente da Junta de Freguesia de Gâmbia, Pontes e Alto da Guerra, José Belchior, explicou que “decidimos apoiar o encontro”, por considerar ser “um evento importante na valorização das próprias juntas de freguesias e na divulgação do concelho”, realçando a componente internacional alcançada este ano, esperando que venham, no futuro, de outros locais do mundo.
“Foi com muito gosto que propormos a realização do encontro na nossa freguesia para mostrar as nossas potencialidades, desde a beleza do estuário do Sado, os viveiros de piscicultura e ostricultura, indústrias em expansão de com importância na economia do concelho”, afirma o autarca.
“Impressiona-me aquela forma como o poeta vive o momento em que declama a sua poesia”, disse o autarca, lembrando a importância da palavra e da poesia na revolução do 25 de Abril como é o caso da Zeca Afonso, figura com quem chegou a conviver.
“Este intercâmbio cultural é extremamente valioso, neste caso a poesia, e tudo o que podemos fazer em prol da cultura, são mais valias para o concelho”, concluiu.
