Ana Zorrinho lança livro “Histórias de um tempo só”

Capa livro Ana Zorrinho Histórias de Um tempo só

A “Casa dos Arcos”, em Santiago do Cacém, foi o palco, no dia 4 de Maio, da cerimónia de apresentação do livro “Histórias de um tempo só”, de Ana Zorrinho. Estiveram presentes no lançamento, cerca de 70 pessoas.

Emocionou-me profundamente a leitura de “Histórias de um Tempo Só”, sobretudo pelo ritmo da sua escrita e, principalmente pela temática que, ganhou – em literatura – o belo, na forma e simplicidade (uma das dificuldades em se conseguir no escrever) e, sobretudo, na generosidade da autora em colocar em foco, o espaço de vidas esquecidas, que se cumprem no negro da solidão. Foi o que se me deparou num primeiro olhar e, no “ouvir” as palavras escritas por Ana Zorrinho.

Aliette Martins

Ana Zorrinho explica que “Histórias de um tempo só” são “histórias de gente, porque a solidão, ainda que sentida de forma diferente em cada um de nós, é comum e inerente à condição de ser humano”.

“Aqueles que aceitaram partilhá-las, lendo-as, têm manifestado opiniões muito positivas, até mesmo surpreendente e agradavelmente pelos, (diria), ‘não leitores’, o que tem dado mais sentido a esta ousadia minha de as publicar”, refere a autora, adiantando que “os leitores afirmam encontrarem-se nas histórias, reavivar memórias e entender a escrita como realista, permitindo-lhes facilmente visualizar os personagens, as suas acções, e apreciarem a poesia na forma de escrever”.

“Esta aventura só foi possível pela mão da professora Isabel Lousada, da Universidade Nova de Lisboa, autora do prefácio, que as leu e entendeu que não poderiam deixar de ser levadas a público”, confessa Ana Zorrinho, frisando que “a professora Isabel  partilhou-as com Jorge Ferreira, editor da Caleidoscópio, que prontamente as acolheu e me propôs sua edição”.

O livro conta com prefácio de Isabel Lousada. “Histórias de um tempo só” tem, segundo a docente “no tempo, a marca de cada um de nós – a humanidade perdida que só a pulsão da escrita liberta e regenera. Importa conhecer as grades, para as poder contar? Importa contar as grades para as poder saltar? Importa ignorar mais grades, para as poder ultrapassar? Importa forçar as grades, para as poder vencer? Perguntas em sequência, são as que me faço por vezes, sem ter ainda hoje certezas? De que falam? De que mundos? De que latitudes?”

 “Maria – Mulher – Tecendo Vida – Homem – Velha Ermelinda – Em nome do Pai – Histórias ao Regaço – O Louco – Marido e Mulher – Cidade – 10 quadros com cenários reais ou imaginários desenrolam-se por entre as páginas ilustradas e entrelaçam signos e pinceladas na página nua sendo maculada”, lê-se no prefácio.

O lançamento deste livro contou ainda com o apoio da livraria “Manel dos Jornais”, de Santiago do Cacém, cujo gerente, Henrique Santos, a par da autora do prefácio e do editor, apresentou a obra, sendo aquela livraria responsável pela sua disponibilização em Santiago do Cacém. O livro chegará às restantes livrarias do país no final do mês.

A escolha da “Casa dos Arcos”, amavelmente cedida para o efeito pelos seus proprietários, prendeu-se não só com a sua localização, mas também porque ali funcionou um asilo feminino, porque o edifício foi abandonado, tendo chegado a uma situação de grande degradação, encontrando-se a ser recuperado pelos atuais proprietários.  Pretendia-se que o local da apresentação tivesse um elo com as histórias, que o público fosse contextualizado com as mesmas, desde logo através do espaço.

A apresentação contou com as intervenções musicais de Pedro Ramos e António Ferreira, piano, Catarina Sousa, violino e Simão Pereira guitarra clássica. Foram lidos dois poemas de José Gomes Ferreira, designadamente ” Choro ” e “Não Choro”, sendo o primeiro interpretado por membro de antigo grupo de teatro da autora, Cláudia Gabriel, e o segundo pela própria autora. Foi ainda lida a história “Marido e Mulher”, do livro em apresentação.

Na sessão de lançamento, o público teve ainda oportunidade de visitar exposição feita a partir das histórias e dos desenhos criados por Raquel Ventura que acompanham “Histórias de Um Tempo Só”. A exposição foi da responsabilidade de Raquel Ventura em colaboração com Vasco Tavares da Silva.

Já foram feitas duas apresentações na Escola Secundária Manuel da Fonseca, em Santiago do Cacém, tendo sido a obra muito bem recebida pelos alunos”.  Outras apresentações encontram-se em agendamento. 

O livro estará patente na Feira do Livro de Lisboa, contando com a presença da autora no dia 8 de Junho.

Ana Zorrinho nasceu em Santiago do Cacém em 1978. Cresceu em Cerromaior e entre as suas gentes tomou o impulso da escrita. O teatro também marcou o seu percurso, no grupo de teatro da Sociedade Harmonia, e no grupo de teatro GATO SA. Actualmente promove a leitura em sessões dirigidas a jovens do ensino secundário e integra um projecto de poesia em curtas-metragens, intitulado: “Silêncios”. É licenciada em Direito pela Universidade de Lisboa.